quinta-feira, 10 de novembro de 2011

FAVELADO DIZ QUE TRAFICANTE NÃO ERA "MÁ PESSOA" - NÃO EXISTE RESSOCIALIZAÇÃO DE TRAFICANTES, ESTUPRADORES E LADRÕES. O LUGAR DELES É UM SÓ: NA VALA!

Líder comunitário fala em superação de Nem: não era má pessoa

Nem foi preso quando tentava fugir da Rocinha escondido em um porta-malas
TERRA
Reduzir Normal Aumentar Imprimir Ex-funcionário modelo de uma empresa de telecomunicações, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, 35 anos, foi preso pela primeira vez na madrugada desta quinta-feira, após dirigir durante 10 anos o tráfico de drogas na Rocinha, a favela mais populosa do Brasil. Pelo passado do traficante, há quem acredita na ressocialização de Nem. É o caso de William de Oliveira, presidente do Movimento Popular de Favelas e morador da Rocinha por toda a vida. "Não era uma má pessoa. Espero que possa pagar por seus crimes e retornar como cidadão à favela para ficar com sua família", disse, à agência AFP.
Nem vivia como um rei na Rocinha, comandava 200 pessoas em uma poderosa rede de narcotráfico e chegou a simular sua morte para escapar da polícia. Em sua casa com salão de festas, academia e terraço com vista para o mar, Nem ganhava cerca de R$ 3 milhões por mês pela venda de maconha, cocaína e crack - o qual refinava em laboratórios clandestinos na favela - e ecstasy, a única droga que consumia, segundo afirmaram policiais não identificados à imprensa local.
Ele, porém, entrou no crime organizado casualmente, depois de ter pedido dinheiro emprestado a um ex-chefe do narcotráfico da Rocinha para pagar os gastos hospitalares de um de seus filhos. Para quitar suas dívidas, começou a traficar e logo se tornou chefe da facção Amigo dos Amigos (ADA), que controla a Rocinha, informou Oliveira, ex-vizinho do líder criminoso.
Nem tinha nove mandados de prisão por narcotráfico, homicídio e lavagem de dinheiro. "Ele tem a palavra final em tudo o que acontece dentro das comunidades, oferecendo uma imagem de benfeitor e escondendo os rastros de sangue e terror", afirmou a polícia em sua ordem de busca.
Em janeiro de 2010, ele tentou forjar sua própria morte para escapar da Justiça, encarregando seu enterro e pagando um médico para que fizesse uma certidão de óbito falsa. Em agosto do mesmo ano, fugiu de um baile na favela e, perseguido pela polícia, invadiu com seus cúmplices o Hotel Intercontinental de São Conrado, onde fez 35 reféns. Na ocasião, ele conseguiu escapar do cerco policial.
Nem é suspeito também do assassinato de duas mulheres de 20 e 25 anos que entraram na Rocinha em maio de 2010 e desapareceram. Segundo o delegado da divisão de homicídios do Rio, Felipe Ettore, as duas foram condenadas à morte pelo "tribunal do tráfico" dirigido por Nem, pelo desvio de uma carga de haxixe com valor estimado de R$ 30 mil.
No domingo passado, frente à iminente ocupação policial da favela, Nem ofereceu uma grande festa de despedida, durante a qual chorou por seu futuro e misturou uísque com ecstasy, o que provocou uma convulsão. Ele teve de ser atendido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Rocinha. Temeroso de ser preso no local, fugiu com o frasco de soro ainda no braço, segundo a polícia.
"(Nem) tem sete filhos, dois deles adotados, de três mulheres diferentes, e disse que quando sair da prisão voltará a ter uma vida normal", afirmou nesta quinta-feira o delegado da Polícia Federal do Rio, Victor Poubel.

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