sexta-feira, 13 de julho de 2012

ALEMÃES SÃO DEFICIENTES EM VITAMINA D

Deficiência de vitamina D em alemães gera polêmica sobre exposição ao sol
Veronika Hackenbroch - Der Spiegel
Um novo relatório que revela que a maioria dos alemães tem deficiência de Vitamina D tem provocado um debate na Alemanha entre dermatologistas e nutricionistas, que recomendam um remédio natural e simples para que se obtenha uma maior quantidade dessa vitamina essencial: a luz solar
Jakob Linseisen, do Centro Helmholtz, em Munique, gosta de sentar-se ao sol após o almoço e saborear a sua xícara de café. Ele jamais sentiu necessidade de proteger-se com filtro solar. E, quando caminha pelas instalações do centro de pesquisas sobre saúde ambiental para encontrar-se com os colegas, ele arregaça as mangas da camisa para permitir que um pouco de luz solar atinja os seus braços.
É claro que Linseisen sabe que um excesso de radiação ultravioleta pode provocar câncer de pele. Mas este nutricionista também teme que as pessoas estejam recebendo uma quantidade insuficiente de luz solar. Os raios ultravioletas ajudam a pele a produzir o hormônio vitamina D, que, entre outras coisas, permite que o indivíduo tenha ossos fortes.
Linseisen e outros especialistas contribuíram para um relatório divulgado pela Sociedade Alemã de Nutrição, concluindo que a maioria dos alemães padece de deficiências de vitamina D. O relatório recomenda que as pessoas mais velhas, especialmente, obtenham uma dose extra diária de 20 microgramas de vitamina D por meio de pílulas ou da luz solar.
Ao fazerem esta recomendação, Linseisen e os seus colegas geraram uma polêmica acalorada com os dermatologistas no sentido de determinar se é justificável recomendar que as pessoas passem mais tempo sob à luz solar direta. Até o momento, os apelos feitos pelos dermatologistas têm feito com que as pessoas mantenham distância dos raios ultravioleta, que são causadores de câncer.
“O debate sobre as deficiências de vitamina D é extremamente oportuno”, confirma Jörg Reichrath, membro do departamento de dermatologia do Centro Médico da Universidade de Saarland, que também participou do estudo feito pela Sociedade Alemã de Nutrição. “Há muita coisa acontecendo nessa área”.
Um grupo de especialistas alemães em prevenção de problemas dermatológicos também está envolvido nessa discussão e, juntamente com outras associações, publicará em breve novas recomendações.
Fraturas e raquitismo
Os estudos revelam que, nas pessoas mais velhas, a deficiência de vitamina D faz com que aumente o risco de fraturas ósseas. Crianças que não recebem uma quantidade suficiente de vitamina D correm o risco de sofrer de raquitismo, um enfraquecimento doloroso dos ossos que pode provocar deformações. Existem também estudos que demonstram que as pessoas que possuem níveis mais elevados de vitamina D na corrente sanguínea vivem mais tempo.
Via de regra, somente 10% do nível de vitamina D no organismo de um indivíduo provém da sua dieta. Esta vitamina é encontrada em quantidade especialmente elevada na carne de peixes gordurosos. O restante precisa ser absorvido do sol através da pele. O raquitismo e o enfraquecimento dos ossos tornaram-se um problema de âmbito mundial no início da Revolução Industrial, quando a névoa seca, os apartamentos no subsolo e as jornadas de trabalho de 80 horas semanais nas fábricas contribuíram para a exposição dos indivíduos a um ambiente de penumbra excessiva.
“No entanto, atualmente as pessoas também estão carecendo de luz solar”, afirma Linseisen. Muitos trabalhadores seguem das suas casas para o trabalho em seus carros, as crianças passam horas a fio diante das telas de computador e os indivíduos idosos vão para asilos e raramente saem ao ar livre. Além disso, há os indivíduos que têm uma verdadeira fobia em relação ao câncer, e que passam constantemente filtro solar com um fator de proteção 50 sobre à pele assim que as nuvens desaparecem do céu.
Uma solução natural
A ingestão regular de vitaminas seria a única solução para esse dilema? Pelo menos no caso de bebês, que não devem ser expostos à luz solar sem proteção, esta tem sido a recomendação médica. Mas, e quanto aos adultos? Nos Estados Unidos, as vendas de comprimidos de vitamina D decuplicaram desde 2001.
Os especialistas que participaram do relatório da Sociedade Alemã de Nutrição preferem uma solução natural. Linseisen só recomenda a ingestão de comprimidos de vitamina D quando não há outra opção, conforme é o caso de muitos idosos. Caso contrário, os pesquisadores aconselham as pessoas a “saírem ao sol!”.
Mas, segundo eles, isso deve ser feito de forma moderada. “Nós desaconselhamos que o indivíduo procure corrigir uma deficiência de vitamina D com uma exposição excessiva ao sol ou com visitas a salões de bronzeamento”, adverte o pesquisador de câncer de pele Rüdiger Greinert, do Hospital Elbe, em Buxtehde, perto de Hamburgo. “Mas nós, dermatologistas, não temos nada contra uma pequena caminhada à luz do sol durante o intervalo de almoço”.
Segundo o relatório da Sociedade Alemã de Nutrição, para obter uma quantidade suficiente de vitamina D, as pessoas devem expor ao sol as mãos, os braços e a face pelo menos três vezes por semana, de cinco a 25 minutos, dependendo da tonalidade da pele.
Linseisen afirma: “No que se refere aos raios ultravioletas, é preciso que se encontre o equilíbrio certo entre os benefícios e os malefícios à saúde”.
Tradução: UOL

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