terça-feira, 3 de julho de 2012

A FRANÇA E A PROSTITUIÇÃO

Prostituição pela internet se torna um fenômeno em expansão na França
Richard Schittly - Le Monde
Cerca de 80 prostitutas por dia usam a internet para exercer a profissão em Lyon, na França
Em meados de junho, a Divisão de Segurança do departamento do Ródano tirou uma chinesa, 32, de um apartamento alugado no bairro de Vaise, no 9º distrito de Lyon, na França. Quando os policiais chegaram, ela não tinha nem mesmo as chaves. A análise de seu telefone mostrou que somente a área do prédio estava ativada, prova de que ela não deixava o local havia três semanas. Três semanas de prostituição em um ritmo infernal, de manhã até a noite, por um ganho estimado em 15 mil euros. Um casal, cuja mulher era de origem chinesa, foi detido para averiguações, indiciado e detido por proxenetismo grave, suspeito de ter fornecido a logística.
Além do aparecimento inédito, em Lyon, de um início de rede chinesa, o caso ilustra uma forma de prostituição em plena expansão: pela internet. Na seção "massagens" de um site de anúncios, oferecia-se uma "bela garota asiática". Quando o cliente ligava, ele recebia uma mensagem de texto com o endereço e a lista completa dos serviços sexuais, com preços incluídos. Com este frio detalhe: "primeiro a chegar, primeiro a ser servido". A jovem prostituta usava uma lista com números para atender aos pedidos dos clientes. Ouvidos como testemunhas, alguns deles contaram que eles ouviam a campainha de porta tocar durante o programa.
Esses casos sórdidos não são raros. Entretanto, será que representam os 80% das prostitutas submetidas à violência, anunciados pela ministra dos Direitos da Mulher, Najat Vallaud-Belkacem? Segundo os pesquisadores, cerca de 80 prostitutas por dia usam a internet para exercer a profissão em Lyon. "É um mínimo, os sites estão cheios de anúncios, o fenômeno é incalculável", diz um policial experiente. A prostituição pela internet esconde uma infinidade de situações. De redes organizadas de acompanhantes que viajam pela Europa até a estudante universitária solitária com problemas de dinheiro, passando por prostitutas profissionais, ocasionais, sozinhas ou em prostíbulos, em hotéis ou em apartamentos.
Redes internacionais
Nos últimos trinta anos, a prostituição em Lyon mudou radicalmente de perfil. Foram os tratos dos "condés", programas em quartos protegidos pela polícia em busca de informações, que davam margem aos conflitos de interesses que produziram os famosos escândalos dos anos 1970. Além das moças paradas à beira das estradas, vigiadas por notórios cafetões locais. As redes de prostituição estruturadas muitas vezes são internacionais, agindo por incursões intermitentes. A prostituição teve sua globalização, suas transferências de bairros para bairros, sua precarização. E sua cota de tensões, de agressões, de estupros (seis declarados em 2011).
Nos anos 2000, as garotas passaram a vir do Leste Europeu, da Albânia, da Romênia, da Bulgária, muitas vezes através de redes violentas que prometiam empregos de garçonetes antes de confiscar seus documentos para prendê-las. Depois vieram as africanas, forçadas a pagar a dívida de seus coiotes, às vezes com um medo irracional de marabus. Esse mundo ilícito conta com cerca de 600 prostitutas em vias públicas. As associações chegaram a contar 800 delas, em algumas noites.
Tradutor: Lana Lim

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