terça-feira, 3 de julho de 2012

MEMBROS DA QUADRILHA NÃO SE ENTENDEM MAIS

PT e PSB esvaziam união e rompem aliança em BH
Apoio de socialistas a petistas nas capitais cai à metade nas eleições deste ano
Atrito na cidade mineira vem na sequência da divergência que levou a rompimento de aliança de 12 anos em Recife
CATIA SEABRA/PAULO PEIXOTO - FSP
Tradicionais aliados na política nacional, o PT e o PSB passam por um processo de distanciamento e troca de críticas. O desgaste ficou evidenciado ontem com o anúncio do rompimento em Belo Horizonte, palco há anos de uma das mais sólidas parcerias entre as duas siglas.
O governador Eduardo Campos (PE), presidente nacional do PSB, comanda nos bastidores uma tentativa de descolar a legenda da órbita petista.
Como efeito prático, o PSB reduziu à metade o número de capitais em que apoiará candidatos petistas a prefeito neste ano em comparação com quatro anos atrás.
Há quatro anos, o PSB engrossava campanhas petistas em dez capitais. Neste ano, caiu para cinco.
Outro sinal de autonomia está no lançamento de candidaturas próprias em 11 capitais, quatro a mais do que em 2008.
Tratado ao lado de PC do B e outros como uma espécie de satélite petista, o PSB assumiu musculatura a partir de 2010 com a reeleição de Campos em Pernambuco e a conquista de outros cinco Estados, além da ampliação de sua representação no Congresso -conquistou 34 vagas na Câmara dos Deputados e três no Senado.
A relação com o PT passou a azedar após divergências que levaram o partido a liderar uma ampla frente com o PT em Recife, rompendo uma aliança de 12 anos na cidade.
Em Fortaleza, atritos entre a prefeita Luizianne Lins (PT) e o governador Cid Gomes (PSB) levaram as siglas a lançar candidatos concorrentes.
Foi então que o presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse que o PSB estava querendo crescer no Nordeste "em cima" do PT. Neste ano, os socialistas têm candidaturas próprias em 5 das 9 capitais nordestinas.
LONGO PRAZO
Nos bastidores, os petistas acusam Campos e Cid de alimentar ambições nas eleições presidenciais de 2014. O PSB nega. O vice-presidente da sigla, Roberto Amaral, afirma que os distanciamentos têm motivação local. "Aliança entre iguais compreende independência, que não rima com alinhamento automático".
O PSB lembra ainda o apoio que dá em São Paulo a Fernando Haddad, contrariando a seção estadual, que está alinhada aos tucanos.
Na capital mineira, a Executiva estadual do PT oficializou ontem o fim da aliança com o prefeito Marcio Lacerda (PSB), candidato à reeleição, e diz estar disposta a lançar possivelmente o ex-ministro Patrus Ananias.
O motivo foi a recusa do PSB local de dividir com o PT a coligação para as candidaturas a vereador.
Lacerda, que já fala em um vice do PP, foi informado sobre a decisão do PT mineiro de entregar os cerca de 900 cargos na gestão municipal.
Eduardo Campos está convocando uma reunião da Executiva Nacional para amanhã. Para acalmar os ânimos com o PT nacional, dizem aliados, pode haver uma intervenção para forçar um acordo com o PT em BH.
Colaboraram RODRIGO VIZEU E DIÓGENES CAMPANHA, de São Paulo

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