Carne Fraca: Planalto minimiza grampo que gravou ministro
PF
interceptou uma conversa entre Osmar Serraglio e o fiscal agropecuário
Daniel Gonçalves Filho, apontado como chefe do esquema dos frigoríficos
VEJA
Ministro da Justiça, Osmar Serraglio (Ana Araújo/VEJA)
O Palácio do Planalto tentou minimizar o grampo da Operação Carne Fraca que interceptou uma conversa do atual ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB-PR),
com o fiscal agropecuário Daniel Gonçalves Filho, superintendente do
Ministério da Agricultura no Paraná entre 2007 e 2016 e apontado como
chefe da organização criminosa que burlava a fiscalização em troca de
propina.
Nesta sexta-feira, o ministro confirmou que ligou para o
superintendente, a quem chamou de “chefe” no áudio, preocupado com o
fechamento de um frigorífico no Paraná, onde fica sua base eleitoral. De
acordo com o inquérito da Polícia Federal, Serraglio, então deputado
federal, ligou para Gonçalves Filho para perguntar sobre o possível
fechamento do frigorífico Larissa, em Iporã (PR).
“Recebi um comunicado dizendo que iam fechar o frigorífico,
aí liguei. A expressão que a imprensa está explorando é porque eu o
chamei de chefe. Ele era o chefe. Era o Superintendente do Paraná da
Agricultura. Liguei para saber o que estava acontecendo”, explicou o
ministro durante agenda em Porto Alegre. Segundo Serraglio, Gonçalves
Filho retornou a ligação e disse que a empresa iria permanecer aberta.
O ministro afirmou que não conhecia Gonçalves Filho até ele
ser indicado para o cargo a superintendente, em 2007, pelo então
deputado Moacir Micheletto (PMDB-PR), morto em 2012. “A bancada precisa
apoiar. Eu era o primeiro secretário [da Câmara dos Deputados]. Eu tinha
expressão. O ministro era do Paraná, o Reinhold Stephanes. O deputado
Micheletto pediu para eu assinar”, disse. De acordo com as investigações
da PF, não há indícios de que Serraglio tenha ligação com as fraudes.
“O diálogo não o compromete”, disse um interlocutor do presidente Michel Temer,
acrescentando que ele já deu explicações ao governo e à opinião
pública. Serraglio, que estava no Rio Grande do Sul, e Temer, que passou
o dia em São Paulo, conversaram ontem por telefone.
Outro interlocutor do presidente, no entanto, reconheceu que
a citação do nome do ministro Serraglio no episódio, naturalmente
“arranha” a imagem dele. O problema, na avaliação deste assessor, é a
repercussão. Para ele, se continuarem a sair notícias como estas “o
ministro sim, se enfraquece”. Outra preocupação é que, prosseguimento as
repercussões do caso, ter um ministro da Justiça investigado é, no
mínimo, desconfortável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário