quinta-feira, 6 de abril de 2017

Ameaçado, Renan se volta a Alagoas e fala até de cemitério

Pedro Ladeira/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 26-08-2016, 09h00: Segundo dia da Sessão para votação do julgamento final do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, no plenário do senado. O presidente do STF Ministro Ricardo Lewandowski, ao lado do presidente do senado senador Renan Calheiros (PMDB-AL), preside a sessão. A reunião de hoje destina-se a oitiva das testemunhas da defesa. A primeira testemunha é Luiz Gonzaga Belluzo. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
Renan Calheiros, senador pelo PMDB
Além de fazer críticas e afastar-se do presidente Michel Temer, o senador Renan Calheiros (PMDB) teve uma agenda movimentada nas últimas semanas.
Entrou no Instagram, voltou ao Twitter, debateu o problema das vagas em cemitérios de Maceió e assinou a filiação ao PMDB de um prefeito que há pouco mais de dois anos o chamou de "ladrão de petróleo".
Acuado pelas investigações da Operação Lava Jato, Renan resolveu reagir de olho nas eleições de 2018.
Sua meta é reeleger o seu filho, Renan Filho (PMDB), para o governo de Alagoas e conquistar mais uma reeleição para o Senado.
Para isso, luta contra a própria impopularidade. Réu num processo que o investiga por peculato e alvo de outros 11 inquéritos por suspeita de corrupção, não terá um caminho fácil para voltar a Brasília em 2019.
A disputa pelo Senado em Alagoas deve ser acirrada: há sete possíveis candidatos competitivos para duas vagas, quase todos no campo de oposição a Renan.
NAMORO COM LULA
Os principais adversários devem ser os ex-governadores Ronaldo Lessa (PDT) e Teotônio Vilela (PSDB).
Também surgem como possíveis candidatos o senador Benedito de Lira (PP), o ministro dos Transportes, Maurício Quintela Lessa (PR), e a ex-senadora Heloísa Helena (Rede).
Entre os aliados de Renan, o ministro do Turismo, Marx Beltrão (PMDB), postula publicamente uma das vagas. Mas para acomodá-lo, o partido teria que disputar a eleição com uma chapa puro-sangue, toda ocupada pelo PMDB.
Adversários veem o afastamento de Renan de Temer como uma tentativa de desvencilhar-se da impopularidade do presidente. E também como uma forma de abrir um canal de diálogo com o ex-presidente Lula, que tem boa popularidade no Nordeste.
Desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o PT de Alagoas rompeu com o governador Renan Filho e entregou os cargos que ocupava.
Presidente local do PT, o deputado federal Paulão diz que o partido segue na oposição, mas não descarta reaproximação: "Para o ano que vem, o processo é dinâmico".
Além das implicações da Operação Lava Jato, Renan Calheiros viu seus adversários locais crescerem nas eleições municipais de 2016.
Mesmo tendo vencido em 38 das 73 cidades de Alagoas, o PMDB foi varrido das maiores cidades do Estado. Perdeu em Maceió e nas três maiores cidades do interior: Arapiraca, Rio Largo e Palmeira dos Índios.
"A eleição sinalizou um fortalecimento do nosso grupo político. Somente o PSDB governa metade da população alagoana nas cidades", diz o deputado tucano Pedro Vilela. O prefeito reeleito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), é apontado como possível adversário de Renan Filho em 2018.
Para fazer frente ao crescimento dos adversários, Renan tenta atrair prefeitos para o seu campo político, com promessas de emendas e verbas do governo do Estado.
Uma das principais conquistas foi a do prefeito de Teotônio Vilela, Joãozinho Pereira, que trocou o PSDB pelo PMDB.
Ele foi um dos mais ferrenhos adversários dos Calheiros: chegou a chamar Renan de "ladrão de petróleo".
O senador também tem buscado retomar o contato com antigos aliados. Alijado da chapa de Renan Filho em 2014, tradicionais clãs de Alagoas começam a ser contemplados com cargos: a família Albuquerque, que tem um deputado estadual e um federal, ganhou a secretaria do Trabalho.

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