Relatório da PF aponta que Pezão recebeu R$ 470 mil em propina de operador de Cabral
Dinheiro teria sido recolhido em empresas e repassado em quatro oportunidades entre 2013 e 2014
Marco Grillo - O Globo
Um relatório da Polícia Federal (PF), com base em documentos
apreendidos na casa do operador Luiz Carlos Bezerra, aponta que o
governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) teria recebido R$ 470 mil de
propina entre fevereiro de 2013 e março de 2014. O dinheiro seria
oriundo do esquema de corrupção supostamente comandado pela
ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).
As
anotações de Bezerra trazem quatro pagamentos direcionados a “Pezão”,
“Pezone” e “Big Foot”. A PF interpretou as informações como uma
“provável referência” ao governador. Ontem, durante depoimento ao juiz
Marcelo Bretas, Bezerra foi questionado sobre uma série de codinomes
usados pelo grupo, mas não houve pergunta sobre Pezão.
O governador tem foro no Superior Tribunal de Justiça e não
pode ser investigado pela primeira instância. O dinheiro teria sido
repassado nos dias 29 de novembro de 2013, 2 de dezembro de 2013, 19 de
dezembro de 2013 e 7 de março de 2014.
Em nota, Pezão afirmou que "suas contas já foram analisadas
em processos anteriores da Polícia Federal, e estes foram arquivados". O
governador reforçou que "continua à disposição da Justiça para prestar
todos os esclarecimentos a respeito das investigações".
GOVERNADOR REBATE EX-SECRETÁRIO
Nesta quarta-feira, Pezão rebateu o depoimento do ex-secretário estadual de Obras Hudson Braga, que confessou a existência de caixa dois na campanhado
governador. Só o ex-secretário teria embolsado R$ 3 milhões do que ele
chama de sobras de campanha. Braga foi o coordenador da campanha de
Pezão.
— Ele (Braga) responde pela parte que ele falou, que eu não
sei. Vou esperar sair oficialmente — disse o governador depois de uma
reunião no Ministério da Justiça.
O governador não explicou o que espera "sair oficialmente". O
depoimento do ex-auxiliar foi amplamente divulgado pela própria Justiça
Federal. Aparentemente contrariado em tratar do assunto, Pezão disse
que a Polícia Federal já o investigou em inquérito aberto no Superior
Tribunal de Justiça (STJ) e nada encontrou que o incriminasse.
O inquérito foi aberto a partir da delação do ex-diretor de
Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, mas sem dados
complementares de outros delatores, a polícia teria tido dificuldades de
encontrar provas materiais dos supostos pagamentos de empreiteiras ao
governador.
— Já fui investigado e estou a disposição para ser investigado de novo. Minha campanha foi aprovada — disse.
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