quinta-feira, 8 de junho de 2017

Quanto Temer vai custar?

Eric Piermont/AFP
Brazil's Finance Minister Henrique Meirelles talks during a press briefing on June 7, 2017 at the OECD headquarters in Paris during the annual OECD forum and OECD ministerial meeting / AFP PHOTO / ERIC PIERMONT ORG XMIT: EP7500
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, na OCDE, em Paris
Vinicius Torres Freire - FSP
O MINISTRO DA FAZENDA estreou no Twitter com um tuíte otimista, nesta quarta-feira (7).
"Boa tarde, meu nome é Henrique Meirelles e este é o meu perfil no Twitter. Pretendo usar este espaço para debater os rumos do Brasil", escreveu o ministro, de Paris.
É melhor ser infeliz em Paris, como dizia Millôr Fernandes, mas o ministro animou-se a ponto de dizer que o país tem rumo, embora os dias sejam de rumor e desnorteio.
Afora ironias, Meirelles é mesmo animado. Assim que se aposentou, na presidência de um banco multinacional, elegeu-se em 2002 deputado federal pelo PSDB, o mais votado de Goiás. Em seguida, aceitou o cargo de presidente do Banco Central do primeiro governo petista.
Hoje parece fichinha; Lula já havia escrito a "Carta ao Povo Brasileiro", programa de rendição razoável ao establishment. No entanto, o país estava em tormenta financeira, com dólar a R$ 8 (a preços de hoje), sob risco de descontrole da inflação e, enfim, ninguém tinha a menor ideia do que seria um governo petista. Deu certo.
Meirelles tem ambições presidenciais. Ri meio orgulhoso, meio irônico, e se cala quando se menciona seu desejo de ser presidente da República. Agora, "se for pelo bem de todos e para a felicidade geral da nação" dos donos do dinheiro, deve ficar como o gerente da crise, com ou sem Michel Temer.
Para começar, terá de administrar o custo Temer, uma das avarias que podem manter o crescimento brasileiro abaixo de zero. Além do mais, está sujeito ao risco JBS, pois presidiu a holding J&F.
Antes mesmo do grampo de Joesley, o governo fazia malabarismos e barganhas a fim de votar "reformas". Agora, a conta encareceu.
A fim de catar uns trocados e fechar parte do buraco das contas federais, o governo tolerara um refinanciamento de dívidas tributárias mais amigo, um Refis mais gordo. Estava para dar uns dinheiros graúdos para os agropecuaristas, que não querem pagar a íntegra da contribuição previdenciária patronal do setor, para o Funrural.
Ainda no ano passado, aceitara dar reajuste para os servidores federais, dinheiro que não havia, a fim de pacificar politicamente as corporações.
A crise inflaciona a barganha política. O governo tem de pagar os custos da eventual sobrevida de Temer, "dando que se recebe". Tem de pagar o custo ampliado de aprovar alguma reforma da Previdência.
Caso não valha nem a pena ou dê em nada a tentativa de aprovar alguma reforma, haverá os custos de manutenção de um governo sarneyzado, pelo menos com perspectivas rebaixadas de crescimento econômico e de arrecadação de impostos.
Mesmo com a estimativas anteriores de crescimento, estava difícil de cumprir a meta de redução de deficit. A receita de impostos não reage como previsto. Com o crescimento menor, reagirá menos ainda. Gastos sociais, que subiam com a crise, não cairão o bastante, se caírem.
Isto posto, o governo terá de comprimir a despesa de investimento público a fim de acomodar o aumento do gasto previdenciário e preservar o teto. Mas como cumprirá a meta de deficit? Vai pedir aumento de impostos a esse Congresso desordenado e dominado pelo espírito do Pato da Fiesp? Vai revisar a meta de deficit? Como os donos do dinheiro vão reagir?

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