Doleiro delatou autoridades do Rio com foro privilegiado
Álvaro Novis diz que pagamentos a Cabral começaram ainda na Alerj
Juliana Castro, Chico Otavio, Daniel Biasetto e Miguel Caballero - O Globo
O doleiro Alvaro José Novis teve a delação premiada homologada pelo
Superior Tribunal de Justiça (STJ) porque citou, em seus depoimentos,
autoridades do Estado do Rio com foro privilegiado. Como a operação
desta segunda-feira, baseada na delação de Novis e do ex-presidente do
Tribunal de Contas do Estado (TCE) Jonas Lopes de Carvalho, foi
determinada pela primeira instância da Justiça Federal, os nomes desses
políticos não foram divulgados. De acordo com a força-tarefa da
Lava-Jato, o esquema envolveu o pagamento de R$ 260 milhões em propina a
políticos, entre eles o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).
"O
doleiro e operador financeiro da Orcrim (organização criminosa) de
Sérgio Cabral detalhou a dinâmica de arrecadação e pagamento de propina
por empresários do setor de transporte no Estado do Rio de Janeiro a
agentes públicos, incluindo o ex-governador, um ex-presidente do Detro e
políticos não incluídos nesta medida cautelar por gozarem de foro por
prerrogativa de função nos tribunais, mas que tinham direta ou
indiretamente influência sobre a política de transporte no Estado",
afirma o MPF.
De acordo com a força-tarefa da Lava-Jato, os pagamentos a Cabral
eram feitos via Carlos Miranda, apontado como operador do ex-governador,
e começaram quando o peemedebista ainda estava na Assembleia
Legislativa do Rio (Alerj), Casa que presidiu.
"Que os pagamentos para Sérgio Cabral via Carlos Miranda se iniciaram
no período em que Sérgio Cabral encontrava-se da Alerj", afirma Novis
na delação.
Em depoimento, o doleiro citou ainda que pagamentos a políticos eram
feitos desde 1990 e que as ordens vinham de José Carlos Lavoura,
integrante do conselho da Fetranspor.
"Que as ordens para pagamento a políticos eram dadas única e
exclusivamente por José Carlos Lavoura; Que desde 1990/1991 até 2016 as
ordens sempre foram emitidas por Lavoura", afirmou o doleiro.
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