No fim, o crime compensa
Alvaro Costa e Silva - FSP
Gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista, Aécio Neves ficou
pouco tempo afastado de suas funções parlamentares. Todo garboso, vai voltar ao Senado,
por decisão do Supremo Tribunal Federal. Ex-deputado federal e
ex-assessor de Michel Temer, Rodrigo Rocha Loures, o homem da corridinha
ridícula com a mala estufada por R$ 500 mil, que estava preso, agora está solto, também por determinação do STF.
Melhor parar de ler e de pensar nessas coisas. Fazem mal à saúde. Um
livro policial, além de divertido, é menos traumático (mesmo que no fim o
criminoso não seja punido, delatores e delatados terminem soltinhos da
silva e na sociedade continue tudo como antes). É uma delícia quando se
tem uma pilha deles ao alcance da mão e, nela, um autor sensacional que,
por sorte, você ainda não conhecia.
Inglês que viveu na Itália, Michael Dibdin (1947-2007) é o criador de
Aurelio Zen, cana dura avesso a tiros e violência, que, na melhor
tradição da literatura "noir", tem um passado misterioso: encrencou-se
com o poder durante as investigações da Operação Mãos Limpas (tantas
vezes comparada com a nossa Lava Jato) e foi posto a escanteio.
Em "Ratking" ("Nó de Ratos" na tradução brasileira, só encontrável em
sebos), Zen recebe a lição de como funciona o esquema de crimes. É
semelhante à rataria: "Um grande número de ratos vivendo num espaço
muito pequeno, sofrendo pressão excessiva. Começam a embaralhar os
rabos, e quanto mais se esforçam para se libertarem, mais o nó que os
une aperta, até que todos se transformam numa sólida massa de tecido
emaranhado (...). Ninguém espera que uma aberração desse tipo sobreviva,
certo?".
Pois a rataria é autorreguladora. Reage automaticamente às ameaças. Cada
rato defende os interesses dos outros. Qualquer semelhança com o Brasil
é mera coincidência.
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