Têm medo de Rodrigo Janot e da Rede Globo. Notem que as esquerdas votam com ordem unida; já os que apoiam o governo temem se opor a uma denúncia fraca, que não prova nada
Reinaldo Azevedo - redetv
Coragem, o Cão Covarde: ele não tem medo de tremer nas bases
Consta que o presidente vai atuar
pessoalmente junto a deputados da base que integram a CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça), que faz a primeira avaliação da denúncia
apresentada por Rodrigo Janot. Hoje, o Planalto contabilizaria 34 dos 66
votos da comissão. Deveria contar com 42, uma vez que apenas 24
pertencem a partidos que estão na oposição.
Assim, 18 ainda estariam indecisos. Não sei se a palavra é bem essa.
A Folha tentou ouvir os deputados.
Apenas 45 afirmaram que rejeitarão a denúncia. Dizem que vão aceitá-la
130. Informaram não saber 112 dos ouvidos. Cinquenta e sete preferiram
não revelar sua posição. E nada menos de 168 não responderam a enquete.
Sabem quantos são os deputados
formalmente de oposição? Apenas 136. Vale dizer: a base de apoio conta,
em tese, com 377 votos. Não obstante, apenas 45 têm a coragem de
declarar voto a favor do governo.
Descartadas a covardia inata e a
deslealdade adquirida, que não são irrelevantes, dois medos contam
bastante: Rodrigo Janot e Organizações Globo. O primeiro, como sabemos, é
um tanto sanguinolento. Quanto à segunda… Quem não quer aparecer de
herói no Jornal Nacional, a exemplo dos destemidos Randolfe Rodrigues, a
soprano do golpe, e Alessandro Molon, a consciência crítica da orla
endinheirada da Zona Sul?
Olhem aqui, fosse a denúncia de Janot o
Moisés do direito, uma verdadeira obra de Michelangelo da evidência de
culpa, esse resultado seria compreensível. Mas não é. Muito pelo
contrário. A peça é reconhecidamente frágil. O próprio procurador-geral
admitiu, ainda que de forma oblíqua, não ter as provas na entrevista que
concedeu na Abraji (Associação Brasileira dos Jornalistas
investigativos).
Eis aí uma diferença considerável entre
os que querem depor Temer e os que não querem. Os primeiros, todos de
partidos de esquerda, agem como força unida. Por ali, ninguém quer saber
de nuances: agem como força unida.
Já os que compõem a base não têm essa força centralizadora.
Ora, pensemos no PT: dos 136 votos
oficiais da oposição, o partido tem nada menos de 58. Quem é hoje a
comandante da turma? A senadora Gleisi Hoffmann (PR), aquela que, mesmo
depois de morta politicamente (a senadora é ré), tornou-se rainha: foi
guindada à Presidência do PT.
Assim, enquanto sete de oito tucanos da
CCJ tendem a votar contra Temer, embora o partido tenha quatro
ministérios, os vermelhos reúnem seus investigados em ordem unida, sob o
comando de uma… investigada, e gritam “Fora, Temer!”
A tucanada que assim procede imagina
que, ao se livrar do peso de ser governo, transitará com mais leveza na
disputa eleitoral. Nenhum deles se perguntou por que o PT ainda tem o
candidato favorito em 2018… Ninguém menos do que o chefão inconteste do
partido que fez o petrolão.
A população certamente não gosta de
ladrões se indagada a respeito, mas notem que pode até flertar com
reputações duvidosas. Tenho para mim, no entanto que, insuportável
mesmo, ainda que a reação seja intuitiva, é a covardia.
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