Vereador quer mudar cor preta do luto por considerá-la racista
Thiago Kistenmacher - IL
De acordo com o site Cidade Divinópolis, o
vereador Edson Sousa (PMDB) apresentou um projeto que prevê a mudança
da cor preta do luto, pois no seu entendimento, isso seria racismo. É
por esse motivo que neste momento velamos o bom-senso. Ele está sendo
velado na capela mortuária do politicamente correto entre quatro círios
de estupidez.
Edson Souza, na sessão da Câmara de Divinópolis – MG do dia
27/06/2017, disse, entre outras coisas, que a cor preta é geralmente
associada às “situações pejorativas”, o que para ele seriam “consequências do racismo cultural impregnado na sociedade brasileira.” Qual a solução defendida pelo vereador? Resposta: trocar a cor do luto para a cinza. (Risadas?)
Sim, a ideia é de fato idiota. Mesmo assim penso que os excessos do
politicamente correto devam ser sempre apresentados e discutidos, como
já apontei aqui.
É bizarro associar a cor preta do luto com a escravidão, como fez o
vereador. Pior ainda: ele quer que seu delírio se torne lei! É verdade
que “os anos de escravidão […] assolaram o país” e que “o racismo é um problema real…” Mas o que uma coisa tem a ver com a outra? O vereador enterrou a lógica no cemitério da militância tacanha.
Gostaria de ver a cara de um bolchevique no inferno vendo os
revolucionários contemporâneos. Para quem estava acostumado com gulags e
pelotões de fuzilamento, a revolução pela ciclovia, pelo alface, pelo direito de ser um gato
e agora pela mudança da cor do luto deve soar como uma ofensa pessoal.
Humilhado, Lenin deve estar negociando uma reencarnação com o Diabo para
voltar à ativa e varrer os radicais Nutella do mapa. Nesse ritual
fúnebre o carro funerário transporta o bom senso, que, assassinado pela
fantasia politicamente correta, é seguido em cortejo pela “galerinha do
bem”.
Primeiramente, “preto” é metáfora. Negros possuem um tom de pele
marrom. Segundo, será que se percebesse isso o vereador buscaria também
mudar a cor da ferrugem por ela representar um processo químico de
deterioração? Talvez alguém que se livre de algo enferrujado esteja
sendo racista, não? A inutilidade do projeto de lei é exorbitante. O
vereador deveria ter vergonha de propor uma asneira dessas com o
dinheiro do contribuinte. Aliás, contribuinte, não. Melhor: pagadores
forçados de impostos tirânicos.
Como escreveu Roger Scruton, “A tradição da Esquerda é julgar o
sucesso humano pelo fracasso de alguns. Isso sempre lhe oferece uma
vítima a ser resgatada. No século XIX eram os proletários. Nos anos 60, a
juventude. Depois as mulheres e os animais. Agora o planeta.”
Acrescento: e agora também qualquer coisa inútil que possa ser
enquadrado como “causa”, como a substituição da cor preta do luto para a
cinza. Ademais, como apontou Russell Kirk no livro The Conservative Mind –
discutindo Edmund Burke e John Adams – essa militância é voraz. São
bocas insaciáveis que, quanto mais se alimentam, mais querem. Mais de um
século desde a abolição da Escravatura se criou o sistema de cotas, e
agora é preciso mudar a cor do luto porque isso também representaria
racismo.
A julgar o mundo pela ótica do vereador Edson Sousa, talvez possamos
tentar aprovar um projeto contra quem alega que andar sozinho durante a
noite escura é mais perigoso. Um sujeito que pensa dessa forma não seria
um racista? Não estaria dizendo que os negros são perigosos? Por que
preferir caminhar durante o dia? Por ventura o claro significa
segurança? Então isso quer dizer que os brancos são mais civilizados e
não praticam violência? Que preguiça…
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