terça-feira, 22 de agosto de 2017

Ex-presidente da Petrobras e do BB, Bendine é denunciado na Lava-Jato
Ele é acusado de receber R$ 3 milhões em propina para proteger interesses da Odebrecht 
O Globo
Ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, Aldemir Bendine foi denunciado nesta terça-feira pela força-tarefa da Lava-Jato pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e embaraço à investigação, pelo suposto recebimento de uma propina de R$ 3 milhões da Odebrecht. O objetivo seria proteger a empreiteira após assumir a presidência da Petrobras.
Além de Bendine, outras seis pessoas foram denunciadas, incluindo o marqueteiro André Gustavo Vieira da Silva, preso assim como ele na 42ª da Lava-Jato, e Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira que leva seu nome. O Ministério Público Federal (MPF) pediu 25 anos de prisão para Bendine.
A investigação foi deflagrada após o acordo de colaboração premiada da Odebrecht. Marcelo e outros executivos da empresa entregaram aos procuradores os detalhes da negociação de propina com Bendine.
"Os elementos de prova são fortes em demonstrar que Bendine, enquanto presidente da Petrobras, recebeu propina para favorecer a vida da Odebrecht na Petrobras", afirmou o procurador Athayde Ribeiro da Costa.
Os investigadores encontraram e-mails enviados por Aldemir Bendine para o departamento jurídico da Petrobras sobre a possibilidade de suspender medidas tomadas contra a empreiteira durante a deflagração das primeiras fases da Lava-Jato. As mensagens foram enviadas poucos dias após uma reunião entre Bendine, André Gustavo, Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, outro executivo da empreiteira, em que o pagamento da propina de R$ 3 milhões teria sido acertado.
Na consulta ao departamento jurídico, Bendine solicitou informações sobre o desbloqueio de novas contratações da Odebrecht Óleo e Gás e a contratação direta do Estaleiro Paraguaçu, que interessava a Marcelo Odebrecht. A sinalização do setor, no entanto, não foi positiva.
"Essa sinalização do jurídico demonstrou ser muito arriscado (o favorecimento à Odebrecht) e por isso Bendine recuou desses atos de ofício", explicou Costa.
Os pagamentos da Odebrecht foram intermediados pela empresa de publicidade de André Gustavo Vieira da Silva. Segundo o procurador, Bendine e André também combinaram e efetuaram o recolhimento de impostos simulando um contrato de consultoria entre André Gustavo e a Odebrecht Ambiental para servir como compravação de que André teria prestado um serviço à Odebrecht.
A empreiteira fez três pagamentos entre junho e julho de 2015, já com a Lava-Jato em andamento, para Aldemir Bendine, em endereço indicado pelo irmão do marqueteiro André Gustavo Vieira da Silva, Antônio Carlos.
Em nota, a defesa de Aldemir Bendine reiterou que a atuação do ex-presidente da Petrobras e do BB pautou-se pela legalidade e não houve benefício à Odebrecht ou a qualquer outra empresa no período em que presidiu as entidades.
CRÍTICAS A GILMAR
Os procuradores da Lava-Jato aproveitaram a entrevista coletiva, também, para tratar das duas decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que libertaram o empresário Jacob Barata Filho, acusado de corrupção pelo suposto pagamento de propinas a políticos em troca de vantagens no setor de transportes do Rio de Janeiro.
"Nós do MPF, até como cidadãos, entendemos que a posição do Procurador-Geral da República em pedir o reconhecimento da suspeição de Gilmar Mendes é a mais acertada pelas evidentes ligações que GIlmar e seus familiares, objetiva e subjetivamente, com o empresário que foi preso", afirmou Carlos Fernando dos Santos Lima.
O procurador também criticou o projeto de reforma política que deverá ser colocado em votação no Congresso nesta semana e que deve instituir o "semidistritão". Para o procurador, a reforma representaria uma renovação menor que a do atual sistema proporcional.
"Os atuais membros do Congresso estão promovendo uma reforma política mpara manterem o sistema e para se manterem lá, não só como deputados ou senadores, mas com foro privilegiado", afirmou Carlos Fernando.

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