Geddel é denunciado por obstrução de Justiça e acionado por improbidade
Ex-ministro é suspeito de tentar impedir a delação do doleiro Lúcio Funaro
O Globo
Procuradoria da República no Distrito Federal denunciou o
ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) pelo crime de obstrução de
Justiça, no caso em que supostamente tentou impedir a delação do doleiro
Lúcio Funaro. Geddel, um dos políticos do PMDB mais próximos ao
presidente Michel Temer e ex-titular da Secretaria de Governo da
Presidência da República, chegou a ser preso preventivamente em razão
das supostas ações para calar Funaro. O ex-ministro também foi acionado
na Justiça por improbidade administrativa, neste caso em razão da
suposta pressão para a liberação de um empreendimento imobiliário em
Salvador. A ação pede que o acusado pague R$ 2,6 milhões. A Lei de
Improbidade prevê que a multa a ser paga seja de até cem vezes o valor
do salário recebido na administração pública.
A atuação de Geddel como vice-presidente de Pessoa Jurídica
da Caixa Econômica Federal, entre 2011 e 2013, é alvo de investigação. A
suspeita é de recebimento de propina para liberação de financiamentos
do FI-FGTS a empresas. Geddel está em prisão domiciliar em Salvador.
A denúncia sustenta que Funaro, preso no Presídio da Papuda,
atuou como operador financeiro do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), preso em Curitiba. O doleiro manifestou intenção em
colaborar com a Justiça e já prestou depoimentos à Polícia Federal (PF)
neste sentido. Geddel passou a fazer constantes chamadas telefônicas à
mulher de Funaro, Raquel Pita. "Com ligações alegadamente amigáveis,
intimidava indiretamente o custodiado, na tentativa de impedir ou, ao
menos, retardar a colaboração de Lúcio Funaro com os órgãos
investigativos MPF e PF", diz a denúncia.
O ex-ministro fez 17 ligações à mulher de Funaro entre 13 de
maio e 1º de julho deste ano, conforme perícia da PF no telefone de
Raquel. Os atos do aliado do presidente se configuram obstrução à
Justiça e podem ser punidos com pena de prisão de três a oito anos, mais
multa, segundo a denúncia do MPF.
Geddel também foi acionado na Justiça Federal em Brasília
por ato de improbidade administrativa, no episódio em que tentou
pressionar seu então colega de ministério, Marcelo Calero, ex-ministro
da Cultura. O ex-ministro do PMDB pressionou Calero para obter um
parecer técnico favorável do Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan) a um empreendimento imobiliário em Salvador. O
caso foi detalhado pelo próprio Calero.
Em depoimento, o ex-ministro da Cultura relatou que Geddel
chegou a dizer que comprou um apartamento em andar alto do prédio e
ameaçou "pedir a cabeça do presidente nacional do Iphan". Calero chegou a
apresentar registros de conversas com integrantes do governo, como o
ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o próprio presidente Temer.
Ficou comprovada a insistência de Geddel por um parecer favorável,
segundo a ação de improbidade.
A Procuradoria da República no DF pede que o ex-ministro da
Secretaria do Governo seja condenado à perda dos direitos políticos por
até cinco anos, além de pagamento de multa e proibição de assinar
contratos com o poder público.
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