Gilmar liberta, e Bretas determina nova ordem de prisão contra empresário de ônibus
Presidente da Fetranspor também foi solto e, depois, preso novamente
Carolina Brígido e Lauro Jardim - O Globo
Momentos depois de o ministro Gilmar Mendes, do Supremo
Tribunal Federal, conceder habeas corpus para libertar o empresário
Jacob Barata Filho e o ex-presidente da Fetranspor Lélis Teixeira, o
juiz Marcelo Bretas expediu, na noite desta quinta-feira, novo mandado
de prisão para os dois. A informação foi antecipada pelo colunista Lauro
Jardim. Responsável pela Operação Ponto Final, que prendeu Barata e
Teixeira no início de julho, Bretas já havia determinado, outra vez, que
os dois investigados fossem presos preventivamente, mas só expediu os
mandados na noite de hoje.
Jacob
Barata foi preso em flagrante por evasão de divisas no dia 2 de julho,
quando tentava embarcar no Aeroporto internacional do Galeão, no Rio,
com destino a Portugal. Na ocasião, ele carregava € 10.050, US$ 2.750, e
cem francos suíços. No interrogatório após a prisão, Barata disse que
não sabia que devia declarar à Receita Federal que portava valores
superiores a US$ 10 mil. A prisão em flagrante havia sido convertida em
prisão preventiva. Ontem, ela foi derrubada por Gilmar Mendes.
Foi então que Bretas expediu o novo mandado de prisão
preventiva contra Barata. O segundo mandado foi pedido pelo Ministério
Público Federal na origem da Operação Ponto Final, deflagrada em 3 de
julho, o dia seguinte à detenção do empresário. Já a nova prisão
preventiva de Lélis Teixeira está relacionada à segunda fase da Ponto
Final, deflagrada na terça-feira, cujo alvo principal foi Rodrigo
Bethlem, ex-secretário de Governo do município do Rio.
Sucessor de Jacob Barata, o “Rei dos Ônibus”, Jacob Barata
Filho é suspeito de ser um dos administradores de um esquema que teria
pago cerca de R$ 500 milhões em propina em troca de vantagens a empresas
do setor de transportes. Segundo o MPF, o esquema seria uma ramificação
da suposta organização criminosa liderada pelo ex-governador Sérgio
Cabral, destinatário de R$ 144 milhões.
Ao todo, 24 pessoas viraram réu a partir das investigações da Ponto Final,
entre elas Cabral, Barata e Teixeira. Os denunciados respondem por crimes como
corrupção, lavagem de dinheiro, crimes contra o sistema financeiro e
participação em organização criminosa. O GLOBO não conseguiu contato com as
defesas de Jacob Barata Filho e Lélis Teixeira.Gilmar Mendes chegou a definir uma série de medidas
cautelares a serem impostas a Jacob Barata. Ele ficaria em prisão
domiciliar à noite, nos fins de semana e nos feriados; teria suspenso o
exercício de cargos na administração de sociedades e associações ligadas
ao transporte coletivo de passageiros, além de ficar proibido de entrar
em qualquer desses estabelecimentos. Barata também precisaria
comparecer periodicamente em juízo; ficaria proibido de manter contato
com os demais investigados, por qualquer meio; e não poderiadeixar o
país, devendo entregar seus passaportes à Justiça.
De acordo com o "Valor", Mendes foi padrinho de casamento de Beatriz, filha de Jacob Barata, que se casou em 2013 numa festa no Copacabana Palace.
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