O politicamente correto declara encerrados certos debates e dá por consensuais, por irrecorríveis, conceitos boa parte das vezes insustentáveis numa interlocução esclarecida e bem intencionada. Estamos vendo isso acontecer todos os dias e o fato que trago à reflexão dos leitores dá testemunho. Encontrei-o por acaso, na internet.
Em maio passado, um delegado de polícia, que é também jornalista, comentou em grupo do whatsapp um estupro de menor (menina de 11 anos que vivia com a mãe). Referindo-se ao caso, observou que "crianças estão pagando muito caro por esse rodízio de padrastos em casa”. O delegado ocupava função de direção na área de comunicação social de sua instituição. A frase foi qualificada como machista e ele, de imediato, exonerado. Fora, politicamente incorreto! Constatara uma obviedade: as sucessivas trocas de parceiros por parte de mulheres independentes expunha as crianças a contatos de risco.
Indagado pelo Jornal Metrópole sobre se estava arrependido o delegado respondeu que não.
“Precisamos
discutir responsabilidades e freios morais. As crianças não podem pagar
pelas atitudes desmedidas dos adultos, sejam eles homens ou mulheres.
Quem leva uma prostituta para casa está arriscando a segurança de seus
filhos. Da mesma forma como alguém que levar um psicopata, um ladrão, um
homicida para dentro de casa estará colocando a vida dos filhos em
risco”. E mais adiante: "Precisamos ter responsabilidade para enfrentar esse tema".
Criado o monstro é preciso alimentá-lo. E ele é nutrido por casos como
esse em que o referido delegado ousou expor ideias que não devem ser
expressas. Uma coisa é a dignidade da pessoa humana e o respeito a ela
devido. Outra é assumir que, em vista dessa dignidade, resultem abolidos
os valores que lhe são inerentes. Ou que esses valores sequer possam
ser explicitados em público. E ai de quem faça alguma afirmação na qual
se possa intuir fundamento religioso ou da moral correspondente! A afirmação do policial foi irretocável, mas envolvia uma advertência sobre o exercício irresponsável dos direitos sexuais. E há, sim, uma correspondência entre direitos e deveres que, na situação genérica descrita, são os da mãe, do pai, ou do cuidador responsável por menores no âmbito do lar. Ora bolas!
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