terça-feira, 22 de agosto de 2017

Privatização da Eletrobras faz Ibovespa chegar aos 70 mil pontos
Patamar é o maior desde janeiro de 2011; ações ordinárias da estatal têm alta de 40%

O anúncio de que o governo vai privatizar a Eletrobras ajuda impulsionar o Ibovespa (principal índice de ações da B3) nesta terça-feira, que atingiu o seu maior patamar desde janeiro de 2011. As ações ordinárias da empresa sobem mais de 40% e outras estatais também sobem forte na esteira desse movimento. O índice tem alta de 2,17%, aos 70.130 pontos — na máxima já chegou a 70.2775 pontos. Já o dólar comercial recua 0,53% ante o real, cotado a R$ 3,152. 

INFOGRÁFICO ESPECIAL: Entenda como será a privatização da Eletrobras
— A privatização da Eletrobras é uma notícia positiva tanto do ponto de vista micro como macroeconômico. Além disso, há uma perspectiva de votação da medida provisória que cria a TLP (taxa de longo prazo). Esses dois pontos dão fôlego à Bolsa. No entanto, temos também um cenário internacional favorável, com recuperação dos índices lá fora e menor aversão ao risco. Tudo isso contribui para esse quadro mais favorável — explicou Ignácio Crespo, economista da Guide Investimentos.
Na noite de segunda-feira, o Ministério de Minas e Energia anunciou que irá propor ao Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) a redução da participação da União na Eletrobras. As ações preferenciais (PNs, sem direito a voto) da estatal sobem 26,02%, cotadas a R$ 22,47, e as ordinárias (ONs, com direito a voto) disparam 40,35%, a R$ 19,93. Os recibos de ações (ADRs, na sigla em inglês) da Eletrobras negociados na Bolsa de Nova York estão em alta de 26,15%.
A alta expressiva está relacionada ao fato de que a venda de ações da Eletrobras estava fora do radar dos investidores, segundo explicaram analistas da corretora Coinvalores. “A notícia de privatização da Eletrobras traz a percepção de que o governo está bastante engajado no ajuste fiscal, o que tende a trazer certo ânimo para o mercado bursátil no curto prazo”, avaliaram, em relatório a clientes.  
A notícia também impulsionou outras estatais. As ações do Banco do Brasil sobem 3,94%. O mesmo ocorre com a Petrobras, na qual as preferenciais têm alta de 2,99%, cotadas a R$ 13,74, e as ordinárias avançam 3,18%, a R$ 14,24, em um ritmo bem superior à valorização do petróleo no mercado exterior — o do tipo Brent sobe 1,01%, a US$ 52,18 o barril.
Também registra alta expressiva as ações da Cemig, com valorização de 6,43%, que teve seu leilão de suas usinas suspenso ontem por uma liminar da Justiça.
Já no mercado de câmbio, a moeda opera na contramão do mercado externo. O “dollar index“ registra valorização de 0,38%. Esse índice mede o comportamento da divisa frente a uma cesta de dez moedas. Os investidores aguardam o encontro do Jackson Hole, onde estão previstos discursos dos presidentes do Federal Reserve (Fed, o bc americano), Janet Yelen, e do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi.
Apesar da moeda no Brasil estar em queda, Jefferson Luiz Rugik, analista da Correparti Corretora de Câmbio, lembra que uma nova denúncia da Procuradoria Geral da República contra o presidente Michel Temer pode gerar um movimento de proteção e maior demanda por dólar, o que pressionaria a moeda. Internamente, do dólar positivo, pesa o anúncio da privatização da Eletrobras e a chance de aprovação da medida provisória (MP) que cria a TLP (taxa de longo prazo).

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