Privatização da Eletrobras faz Ibovespa chegar aos 70 mil pontos
Patamar é o maior desde janeiro de 2011; ações ordinárias da estatal têm alta de 40%
Ana Paula Ribeiro - O Globo
O anúncio de que o governo vai privatizar a Eletrobras
ajuda impulsionar o Ibovespa (principal índice de ações da B3) nesta
terça-feira, que atingiu o seu maior patamar desde janeiro de 2011. As
ações ordinárias da empresa sobem mais de 40% e outras estatais também
sobem forte na esteira desse movimento. O índice tem alta de 2,17%, aos
70.130 pontos — na máxima já chegou a 70.2775 pontos. Já o dólar
comercial recua 0,53% ante o real, cotado a R$ 3,152.
INFOGRÁFICO ESPECIAL: Entenda como será a privatização da Eletrobras
—
A privatização da Eletrobras é uma notícia positiva tanto do ponto de
vista micro como macroeconômico. Além disso, há uma perspectiva de
votação da medida provisória que cria a TLP (taxa de longo prazo). Esses
dois pontos dão fôlego à Bolsa. No entanto, temos também um cenário
internacional favorável, com recuperação dos índices lá fora e menor
aversão ao risco. Tudo isso contribui para esse quadro mais favorável —
explicou Ignácio Crespo, economista da Guide Investimentos.
Na noite de segunda-feira, o Ministério de Minas e Energia anunciou
que irá propor ao Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) a redução
da participação da União na Eletrobras. As ações preferenciais (PNs,
sem direito a voto) da estatal sobem 26,02%, cotadas a R$ 22,47, e as
ordinárias (ONs, com direito a voto) disparam 40,35%, a R$ 19,93. Os
recibos de ações (ADRs, na sigla em inglês) da Eletrobras negociados na
Bolsa de Nova York estão em alta de 26,15%.
A alta expressiva está relacionada ao fato de que a venda de ações da
Eletrobras estava fora do radar dos investidores, segundo explicaram
analistas da corretora Coinvalores. “A notícia de privatização da
Eletrobras traz a percepção de que o governo está bastante engajado no
ajuste fiscal, o que tende a trazer certo ânimo para o mercado bursátil
no curto prazo”, avaliaram, em relatório a clientes.
A
notícia também impulsionou outras estatais. As ações do Banco do Brasil
sobem 3,94%. O mesmo ocorre com a Petrobras, na qual as preferenciais
têm alta de 2,99%, cotadas a R$ 13,74, e as ordinárias avançam 3,18%, a
R$ 14,24, em um ritmo bem superior à valorização do petróleo no mercado
exterior — o do tipo Brent sobe 1,01%, a US$ 52,18 o barril.
Também registra alta expressiva as ações da Cemig, com valorização de
6,43%, que teve seu leilão de suas usinas suspenso ontem por uma
liminar da Justiça.
Já no mercado de câmbio, a moeda opera na contramão do mercado
externo. O “dollar index“ registra valorização de 0,38%. Esse índice
mede o comportamento da divisa frente a uma cesta de dez moedas. Os
investidores aguardam o encontro do Jackson Hole, onde estão previstos
discursos dos presidentes do Federal Reserve (Fed, o bc americano),
Janet Yelen, e do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi.
Apesar da moeda no Brasil estar em queda, Jefferson Luiz Rugik,
analista da Correparti Corretora de Câmbio, lembra que uma nova denúncia
da Procuradoria Geral da República contra o presidente Michel Temer
pode gerar um movimento de proteção e maior demanda por dólar, o que
pressionaria a moeda. Internamente, do dólar positivo, pesa o anúncio da
privatização da Eletrobras e a chance de aprovação da medida provisória
(MP) que cria a TLP (taxa de longo prazo).
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