Regime de chuvas e erros elevam o preço da energia
O Estado de S.Paulo
O Preço de Liquidação de Diferenças (PLD) da energia
elétrica negociada no mercado de curto prazo atingiu, em janeiro, o
recorde histórico de R$ 822,83 o MWh, muito acima do recorde anterior,
de R$ 569,59 o MWh, em 2008, segundo a Câmara de Compensação de Energia
Elétrica (CCEE). O valor era o máximo previsto pela Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel) e se explica pela combinação do regime
pluviométrico desfavorável com a desastrada política oficial para a
eletricidade. Ao custo de vultosas somas do Tesouro para subsidiar os
consumidores, a política deixou em plano menor a oferta de energia.
Em janeiro, quando os reservatórios costumam alcançar seu nível anual
mais elevado, o volume de chuvas correspondeu a apenas 54% da média
histórica. Para este mês, o Operador Nacional do Serviço Elétrico (ONS)
já admite que a expectativa é de que as chuvas correspondam a 55% da
média histórica. Reservatórios abaixo do ideal não combinam com consumo
recorde de energia, de 83.962 MW no ponto mais elevado da quarta-feira
passada.
O PLD, um valor determinado semanalmente, baseado num modelo
matemático de equilíbrio que leva em conta o uso presente da água e as
vantagens do armazenamento da água nas represas, foi fixado para
fevereiro em R$ 822,83 pela agência reguladora, em todas as regiões do
País.
O preço recorde da energia no mercado livre desequilibra o caixa das
distribuidoras, que terão de desembolsar até R$ 1,7 bilhão, em
fevereiro, se as operações efetivas forem fechadas no teto de R$ 822,83 o
MWh, segundo o jornal Valor. O problema será maior se a demanda
continuar superando a oferta - hoje, as distribuidoras têm de adquirir
até 3,5 mil MWh no mercado livre, que correspondem à energia não
contratada, e se trata de energia térmica, mais cara do que a energia
hídrica. Usinas térmicas acionadas nos últimos dias chegaram a gerar
11,4 mil MW, patamar considerado muito elevado pelos especialistas.
Medidas de economia de energia já são cogitadas, embora não se
preveja que o País caminhe para um racionamento de energia como o de
2001, no segundo governo FHC. O racionamento foi explorado pelo PT e
contribuiu para a eleição de Lula em 2002. Numa situação extrema - e se
não houver sobra de energia nos países vizinhos -, a presidente Dilma
Rousseff poderá ver-se diante de uma crise parecida com a que derrubou o
PSDB, 12 anos atrás.
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