domingo, 2 de fevereiro de 2014

Regime de chuvas e erros elevam o preço da energia
O Estado de S.Paulo
O Preço de Liquidação de Diferenças (PLD) da energia elétrica negociada no mercado de curto prazo atingiu, em janeiro, o recorde histórico de R$ 822,83 o MWh, muito acima do recorde anterior, de R$ 569,59 o MWh, em 2008, segundo a Câmara de Compensação de Energia Elétrica (CCEE). O valor era o máximo previsto pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e se explica pela combinação do regime pluviométrico desfavorável com a desastrada política oficial para a eletricidade. Ao custo de vultosas somas do Tesouro para subsidiar os consumidores, a política deixou em plano menor a oferta de energia.
Em janeiro, quando os reservatórios costumam alcançar seu nível anual mais elevado, o volume de chuvas correspondeu a apenas 54% da média histórica. Para este mês, o Operador Nacional do Serviço Elétrico (ONS) já admite que a expectativa é de que as chuvas correspondam a 55% da média histórica. Reservatórios abaixo do ideal não combinam com consumo recorde de energia, de 83.962 MW no ponto mais elevado da quarta-feira passada.
O PLD, um valor determinado semanalmente, baseado num modelo matemático de equilíbrio que leva em conta o uso presente da água e as vantagens do armazenamento da água nas represas, foi fixado para fevereiro em R$ 822,83 pela agência reguladora, em todas as regiões do País.
O preço recorde da energia no mercado livre desequilibra o caixa das distribuidoras, que terão de desembolsar até R$ 1,7 bilhão, em fevereiro, se as operações efetivas forem fechadas no teto de R$ 822,83 o MWh, segundo o jornal Valor. O problema será maior se a demanda continuar superando a oferta - hoje, as distribuidoras têm de adquirir até 3,5 mil MWh no mercado livre, que correspondem à energia não contratada, e se trata de energia térmica, mais cara do que a energia hídrica. Usinas térmicas acionadas nos últimos dias chegaram a gerar 11,4 mil MW, patamar considerado muito elevado pelos especialistas.
Medidas de economia de energia já são cogitadas, embora não se preveja que o País caminhe para um racionamento de energia como o de 2001, no segundo governo FHC. O racionamento foi explorado pelo PT e contribuiu para a eleição de Lula em 2002. Numa situação extrema - e se não houver sobra de energia nos países vizinhos -, a presidente Dilma Rousseff poderá ver-se diante de uma crise parecida com a que derrubou o PSDB, 12 anos atrás.

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