Reinaldo Azevedo - VEJA
A companheirada deve estar chateada. A pesquisa CNI/Ibope que veio a público não é nada boa para a presidente Dilma Rousseff. Outro levantamento do Ibope, divulgado no dia 21, já tinha dado o sinal de alerta, embora muita gente tenha feito questão de ignorar os dados. Vamos ver.
Segundo os
números divulgados nesta quinta, a avaliação positiva da presidente
Dilma caiu de 43% em dezembro para 36% agora. Em três meses, é uma
mudança considerável. Os que consideram sua gestão ruim ou péssima
subiram de 20% para 27%. O levantamento foi realizado entre os dias 14 e
17, quando o caso Petrobras ainda não havia, como direi?, “pegado’.
Agora pegou.
Os que
aprovam o modo Dilma de governar caíram de 56% para 51%; os que o
reprovam subiram de 36% para 43%. Tão importante como os números é o
fato de que Dilma não sustentou a recuperação de popularidade depois dos
protestos de junho, quando sua aprovação despencou para 31% — dali
saltou para 37% (em dezembro) e, depois, para 43%. Agora, volta a cair —
e sem protesto.
Os dados
de agora corroboram uma realidade que estava embutida na pesquisa da
semana passada. Nada menos de 40,32% dos pesquisados deixaram claro que
gostariam que o próximo governo mudasse de rumo e de presidente. Por
quê?
Naquele
levantamento, como destaquei aqui, 64% afirmaram esperar que o próximo
governo mude tudo ou muita coisa em relação ao que aí está. Entre esses,
nada menos de 63% expressam o desejo de mudar também o presidente — ou
seja, 40,32% do total, número bem próximo dos 43% que hoje reprovam o
governo Dilma. Considerando os que desejam que tudo fique como está e os
que aceitam alterações, mas com a presidente no comando, chegava-se a
49,2%, número também compatível com os 51% que ainda aprovam o governo.
Na
pesquisa Ibope de há uma semana, Dilma ainda vencia a eleição no
primeiro turno, um número, observei então, enganoso. Até porque nem Lula
nem ela própria, em circunstancias muito melhores, lograram tal feito
em 2002, 2006 e 2010. O número verdadeiramente importante daquela
pesquisa estava um tanto escondido: os 40,32% que não querem que ela
continue.
Outra
evidência importante daquele levantamento: juntos, o tucano Aécio Neves,
com 15% das intenções de voto, e o pessebista Eduardo Campos, com 7%,
somavam apenas 22%. Enormes 18% separavam a insatisfação ativa com Dilma
dos votos que eles teriam hoje, num sinal evidente de que o eleitor
ainda não os identificou com a mudança. Ocorre que também ficava claro
que expressivos 28% não conheciam Aécio, índice que chega a 35% com
Campos. Como é sabido e evidente, Dilma dá plantão todo dia na TV, e a
máquina oficial é poderosíssima.
A síntese é a seguinte: 1) a eventual reeleição de Dilma será tudo, menos tranquila; 2) a chance de o PT ser apeado do poder não é pequena.
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