Vencedor do prêmio Nobel da Literatura, o peruano falava sobre Hugo Chávez quando o canal de televisão Globovisión suprimiu o bloco de respostas
VEJA
Mario Vargas Llosa é entrevistado no programa Roda Viva
(Divulgação/TV Cultura)
Inicialmente, a rede de televisão justificou à jornalista responsável pelo programa que problemas técnicos haviam impedido que o compilado de respostas fosse ao ar. Com o passar dos dias, contudo, Shirley comprovou que a entrevista havia sido cortada deliberadamente e pediu demissão. "A entrevista que fiz com Mario Vargas Llosa não foi transmitida na íntegra e eu não ficarei em silêncio sobre isso", postou a repórter, após a transmissão incompleta da conversa com o peruano.
Além da descarada censura, a Globovisión também tentou se sabotar para que o público deixasse de acompanhar a entrevista. O programa, que teria duração de meia hora, foi incessantemente interrompido por dois longos anúncios em prol do governo venezuelano. Um tratava do aumento de 30% do salário mínimo no país que sofre com um índice galopante de inflação de 60% ao ano, enquanto o outro abordava a morte de Eliézer Otaiza, o ex-chefe de inteligência de Chávez assassinado durante esta semana. O El País destaca que as notícias não eram urgentes e não havia a menor necessidade de interromper a programação para transmiti-las.
Nos bastidores, fontes próximas à diretoria da rede de televisão afirmam que houve receio com relação ao impacto negativo que as declarações de Llosa poderiam trazer para o canal. “Este é um momento muito difícil para o jornalismo venezuelano. Os donos estão submetidos a muitas pressões”, disse um dos entrevistados, em condição de anonimato. A Globovisión, que se notabilizou como um canal de oposição ao governo, passou a endossar o discurso do chavismo depois de ser vendida em maio de 2013. Uma série de demissões dentro da emissora foi desencadeada após a brusca mudança de postura determinada pelos novos proprietários.
Nenhum comentário:
Postar um comentário