domingo, 7 de dezembro de 2014

O governo nas cordas
JOÃO BOSCO RABELLO - OESP
O governo logrou a aprovação da anistia da meta fiscal, a duras penas, mas a oposição conseguiu alcançar seu objetivo de impor imenso desgaste político à presidente Dilma Rousseff.
O assunto ganhou visibilidade nacional, assim como a leitura de calote que a oposição conseguiu associar ao projeto.
O protagonismo do senador Aécio Neves, em contraste com o sumiço da presidente Dilma Rousseff, mantém o governo na agenda negativa e desfaz a fronteira entre os dois mandatos consecutivos de Dilma.
O desespero para evitar o crime de responsabilidade fez o governo institucionalizar o toma lá dá cá, condicionando na mensagem presidencial o pagamento de emendas parlamentares à aprovação do projeto que o anistia pelo descumprimento da meta fiscal.
O líder do PSDB registrou a melhor síntese do episódio ao denunciar da tribuna que o governo precificou cada voto ao atrelar as emendas à aprovação: ele corresponde ao valor individual das emendas, de R$ 748 mil.
Os telejornais cuidaram de explicar didaticamente o tema, de alguma complexidade econômica e pontuado por terminologias distantes do cotidiano da maioria das pessoas, traduzindo-o em uma conta de assimilação ginasiana.
Não há mais dúvida para ninguém de que o País está com a economia estagnada, contas públicas destroçadas, investimentos parados, crescimento quase zero e que esse conjunto desanimador não pode ser atribuído a uma crise externa.
O cidadão já estabelece a linha lógica de raciocínio entre corrupção de Estado e ineficiência de gestão, equação que explica a deterioração dos serviços públicos em contrapartida a uma carga tributária altíssima e corrosiva.
Mesmo assim, o PT ainda sonha em voltar a viver perigosamente, estimulando a ideia de que o novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é perfil transitório no governo.
A guinada ortodoxa de Dilma teria prazo de validade, estimado em dois anos, ou pouco mais, tempo que se calcula para repor a economia nos trilhos.
Cumprida essa etapa, voltaria m o discurso e a prática anteriores para viabilizar a candidatura do ex-presidente Lula em 2018, que se vitoriosa completaria o ciclo de 20 anos de poder petista.
A presidente Dilma ainda não deu os sinais necessários para tirar a nomeação de Joaquim Levy do plano da dúvida quanto à sua continuidade como modelo permanente para a economia.
A dúvida do mercado é alimentada pela forma terceirizada - e quase sempre por notas oficiais -, escolhida para os anúncios, sem que a presidente, de viva voz, desminta a transitoriedade das mudanças que seu partido dissemina.

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