segunda-feira, 28 de abril de 2008
Bônus track de Segunda-feira
Este é dedicado à Vitória, futura engenheira civil, que transformará a selva de pedra em um lugar habitável.
O poema que segue é do Bruno Tolentino, grande poeta, questionador nato e polêmico por necessidade.
ÚLTIMA REPARAÇÃO
(...)
Linda, é verdade,
esta vida é sempre,
ou quase que sempre
cega, brutal,
e a tal da "obra"
é um ritual
como o da cobra
no matagal;
uma é só charme
e a outra é a carne
da feiticeira
cheirando a enxofre;
a que cedo ou tarde
nos maravilha,
não porque sofre
numa fogueira,
mas porque brilha
enquanto arde -
como a romã
nossa parceira
de imitação
até ao final!
Mas por que não
se a arte, etc...,
essa promessa
meio malsã
que desespera
a alma pagã,
tanto persuade
quanto sufoca
e beija na boca
e nos envenena
na última cena
que anula a peça?
Tudo é ilusão.
Mas como não
se a vida, a vida
- nossa romã
bela e fingida -
é temporã
é traiçoeira
e a arte, a poesia,
é a cada dia
menos verdade
e mais fantasia
pela metade,
menos confessa,
menos da gente,
mais francamente
coisa da mente,
conquanto seja
o melhor do ser.
Até que o vejam
abrir as veias
para morrer,
a vida é pouca
e a arte uma louca
indiferente,
senão alheia
ao Bem e ao Belo,
porque assim é
todo o castelo
feito de areia
na maré cheia
(...)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Eu ainda não conhecia Bruno Tolentino, mas apreciei este poema...
Bela estrutura e escolha de palavras, além de conteúdo.
Grande Paulo?
eae como vai contigo td certinho??
teclando mto ultimamnte porfi?
seu blog está maneiríçimo mewwww....continue assim q vc vai longe rapahh..
e vou deixar uma frase pra vc refleti aki moço..."a vida eh uma caixinha de surpresas.."
pense nisso tchutchuco
bye bye
Postar um comentário