sábado, 4 de outubro de 2008

Aurora Borealis

Na tarde côncava deste mês quente Sentado estava no sofá da sala ausente Quando apareceste, de repente Armada com um vestido vermelho, Disposta a arrancar os últimos vestígios Dos a mores pretéritos que ainda Assombravam meu coração. Arrebatou-me com teu beijo sensual Não mais de menina Mas de formosa pantera obstinada Capaz de gestos lânguidos, Instinto animal, A tomar como teu o meu coração. Tua pequena mão delicada Se apossou da minha, e Levou-a direto ao teu peito e, Sem nada dizer, Apenas sorriu aquiescente, Depositou-a sobre teu seio esquerdo, túrgido Teso, palpitante de desejo Debaixo daquele fino tecido De um vestido vermelho Como a mais bela camponesa de pele trigueira Das pradarias da terra de girassóis E alfazemas, dissipou Os fantasmas de outrora e Contruiu com esse gesto Brilhante aurora De um novo porvir. As testemunhas ficaram ofuscadas Ante a luminescência emanada Dos nossos corpos ali, suados, Nus, puros e belos, extenuados Pela tentativa apaixonada de fazer Os dois amantes fundirem-se num só. E que clamavam pelo prazer que Não tardaria a chegar, Na côncava tarde deste mês quente Naquela sala abafada e escura Onde tudo começou.

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