quarta-feira, 25 de março de 2009
Beijarei a tua lembrança até tu voltares.
Beijarei como a uma saudade sofrida,
um tédio dolorido desta vida
no desterro de minha alma dolente.
Beijarei tua imagem como um demente
que preludiou, na tua vinda,
a servidão que nunca finda,
que perfura a alma
e em vez de morte,
mais vida lhe dá ainda.
Quando tu voltares
deporei nos teus lábios de caminheira,
o beijo que te não dei a vida inteira.
Serás a primavera dos sonhos meus,
como o retorno babilônicos dos judeus,
o vício satisfeito que em minha alma mora,
do beijo doença, que, matando, revigora.
Quando tu voltares,
verás o anjo que aliena,
o último suspiro,
na convulsiva estrofe ao fim do meu poema.
E aos teus pés deporei o meu desejo,
como um beijo,
num penar tão doce,
como se, penar não fosse.
Quando tu voltares beijarei então a tua face,
e te mostrarei a Lua cheia dos meus temores,
e as noites mal dormidas que me destes,
com os suspiros todos que,
quando o sono arrefece,
como chama que inflama,
ao peito desce.
Beijarei, também, a beleza cristalina
que mora nos teus olhos de menina,
e, quando tu voltares,
bem ou mal,
saberás quanto te quero
num beijo em agonia,
que, a tanto, espero,
e que, pouco a pouco,
tornará real o anjo louco
que, dia e noite,
noite e dia,
faz do teu beijo mouco,
a minha fantasia.
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