sexta-feira, 3 de abril de 2009
RÉQUIEM PARA UM SONHO QUE SE DESFEZ
És agora, o meu sonho decaído,
o sonho soçobrado em esperança
que jaz inerte no fundo
da minha alma vazia.
Voltei de ti como um náufrago
que chega aà praia de si mesmo.
Encharcado de desilusão e morte,
à deriva de todos os delírios.
Eras a miragem das idéias encarnadas,
o relicário mágico do desejo
em que, fiel devoto,
depositei meu mais secreto e místico beijo.
Mas um mar de silêncio salgou minha alma em profusão,
medrou os meus anseios,
saturou de amargura o doce caldo da sensação.
Mil vezes sannto foi teu nome em minha boca,
musa difusa e bela Menina,
imagem pura da perfeição singela,
em que depositei minha mais utópica quimera.
Mil vezes ceguei meus olhos na beleza dos teus olhos.
Mil vezes cego segui os teus passos na escuridão,
caminhos cruzados nos meus refolhos,
onde mil vezes cruzei-me com o teu não.
Outras mil vezes ignorei o verde que não via,
refúgio plácido e sem mistério,
onde, hoje,
minha alma em agonia,
busca asilo e refrigério
além das fronteiras do teu império.
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