quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A Agonia de Prometeu

Durante o meu viver,
nas colisões cotidianas,
descobri a terrível marca sombria do destino.
Jovem quis,
como um barco, navegar
por águas límpidas e cristalinas
quem sabe, sairia com a mais bela pérola
do oceano das minha paixões,
mas terminei por muito tempo ancorado
em meu nada absoluto!
A dor, o medo e a solidão
tornaram-me um homem triste e mudo.
Justamente nesse tardio crepúsculo estival, que
a própria vida me surpreende
num momento em que a asa do destino ignora
e tu me apareces.
Jovem e bela guerreira
de olhos repletos de secretas volúpias.
Trazia contigo o teu romance
esperando apenas o meu assentimento
que não tardou a acontecer, e a
solidariedade da tua face inundada
de alegria me revelou
o último exemplar de uma espécie
já extinta.
Eu era poeta, tu com olhar casto,
espanzia fragrâncias ao redor
e teu sorriso, com a minha aquiescência
foi para mim a grande recompensa.
Apaixonei-me por ti e
sonhei contigo, mas
agora me é impossível tornar-me
o teu dono.
Sofro com os desastres que repousam
nas minhas mãos. Contudo,
não posso mais voltar à mudez
e à tristeza.
Recuso-me.
A minha sêde por ti é clara.
Aguardo ansioso o teu chamado.

Um comentário:

Beatriz Domingues disse...

A agonia sádica e impetuosa; contudo, vital.