sexta-feira, 23 de maio de 2008
"Lá onde está não precisamos do muro:
Do seu lado é tudo pinheiro. Do meu, pomar de maçã.
Minhas macieiras nunca passarão o muro
Para comer as pinhas dos pinheiros, digo-lhe eu.
Ele apenas responde, "Boas cercas fazem bons vizinhos."
A primavera torna-me implicante, e lhe pergunto
Se poderia brincar com ele um pouco:
"Porquê fazem bons vizinhos, Não é só
Onde há vacas. Mas aqui não há vacas.
Antes de construir um muro queria saber
Contra quem ou contra o que eu o construo,
E a quem com isso eu iria ofender.
Há alguma coisa que não gosta de muro,
Quer vê-lo por terra. "Podia dizer-lher "Duendes",
Mas não são mesmo os duendes. Gostaria
Que ele mesmo o dissesse. Eu o vejo lá
Trazendo firmemente segura uma pedra
Em cada mão, armado como um selvagem das cavernas.
Ele vai, parece-me, andando nas trevas
Que não são todas de bosques, nem de sombras
E não seguirá o que seu pai dizia
E muito contente por ter pensado nisso
Repete "Boas cercas fazem bons vizinhos."
Robert Frost
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