SONETO
"Vieste tarde, meu amor. Começa
em mim caindo a neve devagar...
Morre o sol; o outono vem depressa
e o inverno finalmente há de chegar.
E se hoje andamos juntos, na promessa
de caminharmos toda vida a par,
daqui a pouco o teu amor tem pressa
e o meu, daqui a pouco, há de cansar.
Dentro em breve, por trás das velhas portas,
dando um ao outro só palavras mortas
que rolam mudas sobre as nossas vidas,
ouviremos, nas noites desoladas,
tu, a canção das vozes desejadas,
eu, o chorar das vozes esquecidas."
N. C.
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