domingo, 29 de janeiro de 2012

BRASIL FINANCIA OBRA PARA AJUDAR DITADURA CUBANA

Brasil financia 'porto chinês' em Cuba
Obra, com dinheiro do BNDES, inclui zona especial para atrair capital externo, a exemplo do que fez gigante asiático
Empreendimento será o principal item da agenda de Dilma na ilha; visita evitará tema dos direitos humanos
CLAUDIA ANTUNES - FSP
Financiado em mais de 70% pelo Brasil, o porto de Mariel será o equivalente em Cuba às zonas econômicas especiais criadas pela China para atrair capital estrangeiro no início das reformas econômicas, há 30 anos.
Embora evite fazer a comparação -que também não agrada aos dirigentes cubanos-, o Brasil vê o empreendimento como oportunidade de negócios para companhias nacionais, que poderão ter ali uma plataforma de exportação e vendas ao mercado interno cubano.
Além das instalações portuárias, o complexo a 40 km de Havana inclui uma "zona especial de desenvolvimento", que receberá empresas industriais e de logística.
Uma fábrica de vidros brasileira, a Fanavid, anunciou que construirá uma unidade no local -de onde, em 1980, emigraram para a Flórida 125 mil cubanos, os "marielitos". O êxodo teve então a anuência de Fidel Castro, depois de uma onda de pedidos de refúgio em embaixadas.
Às vésperas da primeira viagem da presidente Dilma Rousseff à ilha, na terça-feira, a Camex (Câmara de Comércio Exterior) aprovou na última semana um crédito de US$ 523 milhões (R$ 904,8 milhões) para Cuba.
Do total, US$ 230 milhões correspondem à última parcela do empréstimo de US$ 682,15 milhões do BNDES para o porto construído pela Odebrecht e que deve começar a operar em janeiro de 2013. O restante financiará a compra de máquinas e alimentos brasileiros.
O porta-voz do Itamaraty, Tovar Nunes, afirma que o principal objetivo de Dilma na visita é "sistematizar o relacionamento econômico" entre os dois países. Segundo ele, há interesses mútuos que não são movidos apenas por solidariedade política.
"Eles estão absolutamente interessados em aprofundar a parceria econômica conosco, e essa parceria é benéfica para os dois lados. É um mercado que se abre", disse.
Ele afirmou que não houve nenhuma concertação com as autoridades cubanas na decisão do Brasil de dar visto de turista à blogueira oposicionista Yoani Sánchez (a viagem ainda depende da autorização de Havana).
Quando foi a Cuba preparar a visita, o chanceler Antonio Patriota conversou com as autoridades locais sobre direitos humanos, mas sem fazer gestões específicas.

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