sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

MANUEL BANDEIRA

TU QUE ME DESTE O O TEU CUIDADO... Tu que me deste o teu carinho e que me deste o teu cuidado, Acolhe ao peito, como o ninho Acolhe o pássaro cansado, O meu desejo incontentado. Há longos anos ele arqueja Em aflitiva escuridão. Sê compreensiva e benfazeja. Dá-lhe o melhor que ele deseja: - Teu grave e meigo coração. Sê compassiva. Se algum dia Te vier do pobre agravo e mágoa, Atende à sua dor sombria: Perdoa o mau que desvairia E traz os olhos rasos de água. Não te retires ofendida. Pensa que nesse grito vem O mal de toda a minha vida: Ternura inquieta e malferida Que, antes, não dei nunca a ninguém. E foi melhor nunca ter dado: Em te pungindo algum espinho, Cinge-a ao teu seio angustiado. E sentirás o meu carinho. E sentirás o meu cuidado.

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