quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
LORD BYRON, SEMPRE.
ESTÂNCIAS PARA A MÚSICA
Alegria não há que o mundo dê, como a que tira.
quando, do pensamento de antes, a paixão expira
Na triste decadência do sentir;
Não é na jovem face apenas o rubor
Que esmaia rápido, porém do pensamento a flor
Vai-se ante do que a própria juventude possa ir.
alguns cuja bóia no naufrágio da ventura
Aos escolhos da culpa ou mar do excesso são levados;
O imã da rota foi-se, ou só e em vão aponta a obscura
Praia que nunca atingirão os panos lacerados.
Então, o frio mortal da alma, como a noite desce;
Não sente a dor de outrem, nem a sua ousa sonhar;
Toda a fonte do pranto, o frio a veio enregelar;
Brilham ainda os olhos: é o gelo que aparece.
Dos lábios flutua o espírito, e a alegria o peito invada,
Na meia-noite já sem esperança de repouso:
É como a hera em torno de uma torre já arruinada,
Verde por fora, e fresca, mas por baixo cinza anoso.
Pudesse eu me sentir ou ser como em horas passadas,
Ou como outrora sobre cenas idas chorar tanto;
Parecem doces no deserto as fontes, se salgadas:
No ermo da vida assim seria para mim o pranto.
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