sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
PIERRE DE RONSARD (1524/1585)
Sonetos para Helena - XLIII
Quando fores bem velha, à noite, à luz da vela,
Sentada ao pédo fogo, a fiar,
Admirada dirás, meus versos a cantar:
"Ronsard me celebrava ao tempo em que era bela."
E entre as servas não hás de ter, então, aquela,
Cansada do trabalho e meio a dormitar,
Que o meu nome ao ouvir não desperte, a abençoar
Teu nome que em meu verso imortal se revela.
Sob a terra estarei, fantasma silencioso,
E entre as sombras do mirto encontrarei repouso;
À lareira será uma velha encolhida,
Meu amor lastimando, e a tua altivez vã.
Vive, se crês em mim, não penses no amanhã.
E colhe, desde agora, as rosas desta vida.
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