sábado, 28 de janeiro de 2012

O BRASIL DISPENSA CREDIBILIDADE? AINDA BEM, PORQUE NÓS NÃO TENHOS NENHUMA

País dispensa "carimbo de credibilidade"
Clóvis Rossi - FSP
O chanceler Antonio Patriota esnobou ontem o público de Davos -a elite empresarial do planeta- ao dizer que "o Brasil não precisa de um carimbo de credibilidade". Segundo ele, países em dificuldades, o que não é o caso do Brasil, é que procuram tal carimbo nos encontros do Fórum Econômico Mundial.
Patriota usou esse argumento para explicar a ausência da presidente Dilma Rousseff, cuja presença em Davos fora confirmada à Folha pelo seu porta-voz, Rodrigo Baena Soares, quando visitava Bruxelas.
O tom usado pelo chanceler foi autossuficiente: "Talvez não haja tanta necessidade como no passado de convencer os grandes atores globais quanto ao êxito do modelo brasileiro". Os argumentos de Patriota não combinam com os fatos: a Alemanha não está em dificuldades e, portanto, não precisaria de um "carimbo de credibilidade", mas sua chefe de governo, Angela Merkel, não só veio a Davos como fez o discurso de abertura do encontro.
Além disso, o próprio governo brasileiro espalhou meia dúzia de outdoors em Davos, para promover investimentos no país.
Antes de seu discurso de exaltação, Patriota havia dito, sempre para explicar a desnecessidade da presença de Dilma, que "vozes muitos semelhantes" [a um eventual discurso da presidente] foram ouvidas em Davos. Citou a australiana Sharan Burrow, secretária-geral da Confederação Internacional de Sindicatos, que, segundo o ministro, defendeu "a inclusão social como receita fundamental".
Patriota considerou uma "simplificação" supor que o fato de a presidente ter ido ao Fórum Social Mundial e evitado Davos significava concordar com o crescente coro de críticas ao modelo capitalista em vigor e uma aproximação à pregação de Porto Alegre, a de que "outro mundo é possível".
Para o chanceler, "há vários modelos de capitalismo", tema de livro prestes a sair e do qual ele já leu o original.
Haveria o capitalismo norte-americano, o escandinavo e, entre outros, o de "Índia e Brasil, que combina liberdade empresarial com o papel do Estado na promoção da justiça social".

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