Quer que me comportes, domando a minha libido.
Então, recebo uma carta, envelope pardo, sem remetente. Abro, e para minha perplexidade, é uma foto tua, naquele vestido vermelho que eu te dei. Deus! Meu corpo, em chamas, vai ao encontro do teu. A minha alma já entregou os pontos, já se deu por vencida! Cansou de evitar o inevitável! Busco-te pelos aposentos da casa triste. De súbito, abro a tua porta sem bater. Estás ali, cálida, à espera. Tomo-te em meus braços, seguro-te com força, crava as tuas unhas, poderosas armas, em meu peito e diz-me sem forças ou convicção, que me odeia profundamente, esboça algo que não teve continuidade. Calei-te com o meu beijo, e a tua língua áspera logo escrava do desejo, procurou a minha. Assim, de forma simples, sem suspiros, promessas e ruídos, com roupas jazendo, quedas no chão, estávamos ali. A minha língua desceu sedenta, rodeou o teu pecoço cor de marfim e chegou a tua nuca, desesperada por estímulos, a tua pele arrepiou, rocei os meus dentes em teus mamilos entumescidos, após longo caminho, cheguei ao teu ventre liso e matei minha sede em teus povoados pequenos. Nos amamos, num furor que nos devorou, mas depois, mesmo exaustos, teu corpo suado, branco e magro arfava, teus seios rosados, da medida da palma de minha mão, ainda estavam tesos, apontavam para o ceu azul deste inverno sem nuvens. Ainda com as mãos entrelaçadas, tranqüilos, olhamos os nossos olhos brilhando de desejo, com pena dos amantes ainda não iniciados.
Paulo Mello
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