domingo, 21 de fevereiro de 2010
RENÉE
A lista de compras estava amarfanhada dento do bolso da minha jaqueta.
Minha barba esta por fazer há vários dias. Jeans, camiseta, tênis e liberdade recém conquistada.
Peguei o carro e fui até o Pão de Açúcar da Avenida Brasília.
Intretido nos vinhos e já pensando num Cutty Sark on the rocks dou uma trombada num carrinho que atravancava o corredor. Imaginei que deveria pertencer a alguma daquelas bruxas horrorosas que assombram com suas inutilidades o nosso dia a dia; ou uma daquelas gordas histriônicas que tudo querem comprar.
Devo ter dito alguma coisa sobre essas criaturas, quando a dona do carrinho apareceu.
Era uma menina muito jovem, magra, seios pequenos emoldurados numa blusa leve, sem underwear, vestia um jeans tubinho e tênis de lona. seus cabelos eram muito curtos, negros e sua pele muito branca. Chamava-se Renée e era fotógrafa e pianista. Olhei dentro do seu carrinho: algumas frutas, leite desnatado e biscoitos. Ela olhou no meu carrinho: sardinhas marinadas em mostarda rosé, vinhos, uísque, azeitonas com aliche, azeitonas com alho, cervejas, pistaches...
Ela me perguntou em qual República morava. Disse-lhe que em nenhuma; fui professosr e que agora, solteiro, escrevia. e aquelas compras eram para o carnaval. Disse-me que nunca tinha namorado um escritor. Tinha 21 anos e morava em São Paulo e a amiga que a trouxe para o carnaval deixou-a numa república e e foi ficar com o namorado. Olhei bem para ela; olhos negros plenos de vida e disse se não queria ficar o dia de carnaval comigo. Ela perguntou o meu nome e eu lhe disse.
Ela deixou o carrinho do mercado onde estava e foi comigo. Reabasteci o carro no posto, comprei alguns pacotes de cigarrilhas e fomos para a minha casa. No CD player do carro tocava Eric Satie: 3me Gymnopédie, o que me deu a certeza dos deuses que tuda daria certo.
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