"As dores do mundo
Nenhum indivíduo é talhado para a duração eterna: ele sucumbe na morte. Entretanto, nada perdemos com ela. Pois a existência individual subjaz algo inteiramente outro, do qual ela é uma exteriorização. Esse algo não conhece nenhum tempo, portanto nenhuma duração ou perecimento (...)
Aquela existência que permanece intocada na morte do indivíduo não possui por formas nem o tempo nem o espaço: por outro lado, tudo o que é real para nós apareceu nessas formas, por isso, a morte nos aparece como uma aniquilação. Cada pessoa sente que é algo mais do que um ser criado por outros a partir do nada. Daí lhe nascer a convicção de que a morte até pode colocar fim à sua vida, mas não à sua existência.
Por conta da forma cognitiva do tempo, o homem se apresenta como uma raça de seres nascendo e morrendo continuamente.
O homem é algo mais do que um nada vivificado (...)
Como pode um homem, diante da visão da morte, supor que por ela uma coisa-em-si se torne um nada (...) É um conhecimento imediato e intuitivo de cada homem que, aquilo que encontrar o seu fim, é antes apenas um fenômeno no tempo, sem que a coisa-em-si seja atingida pela morte (...)
(...) Podemos, por conseguinte, considerar cada homem a partir de dois pontos de vista opostos: de um, ele é o fugidio e efêmero indivíduo, que principia e finda temporalmente, fatalmente atado a erros e dores; - de outro, ele é a essência originária indestrutível, a objetivar-se em toda existência (...)"
Um comentário:
Ô, meu filósofo favorito apareceu por aqui.
"Quem concebe sua existência apenas como simples efeito do acaso, sem dúvida deve temer perdê-la pela morte."
"Quanto menos inteligente um homem é, menos misteriosa lhe parece a existência."
Schopenhauer
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