Deputado do PR já condenado no mensalão é elo entre os dois escândalos
SÃO PAULO - Os documentos da Operação Porto Seguro da Polícia Federal, obtidos pelo GLOBO, revelam que o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), que acaba de ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no escândalo do mensalão, tinha estreitas ligações com Paulo Rodrigues Vieira, apontado pela PF como o chefe da quadrilha presa na sexta-feira sob acusação de montar um esquema de corrupção em agências reguladoras e órgãos federais.
A Polícia Federal identificou 1.179 ligações telefônicas feitas a partir do restaurante japonês de Paulo Vieira para o deputado Valdemar e integrantes de seu partido, o PR. No mensalão, Valdemar foi condenado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha no processo do mensalão.
Em um dos telefonemas, de 28 de maio deste ano, Paulo Vieira, que era diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) e foi afastado no sábado pela presidente Dilma Rousseff, pede ao deputado a indicação de um vereador de Santos, cidade do litoral paulista, para a assinatura de uma representação junto ao Tribunal de Contas da União (TCU).
Paulo Vieira: negócios em Santos
A PF gravou telefonemas de Flávia, secretária do deputado Valdemar, com Daniele, secretária de Carlos Cesar Floriano, dono da Terminal para Contêineres da Margem Direita S/A (Tecondi), que foi preso na Operação Porto Seguro. O objetivo é a marcação de reunião entre Floriano e o deputado. No mesmo dia 28 de maio, às 18h12m, a PF gravou ligação telefônica de Paulo Vieira com o próprio deputado Valdemar Costa Neto. No dia 4 de junho deste ano, às 16h53m, a PF flagrou nova conversa de Paulo Vieira com o deputado do PR, segundo está informado num relatório de 28 de junho deste ano, assinado pela procuradora da República Suzana Fairbanks Schnitzlein.
O grupo liderado por Paulo Vieira tem forte atuação em negócios da região portuária de Santos, área de influência política de Valdemar, que já foi diretor da Companhia Docas de São Paulo (Codesp). A indicação do vereador pedida ao deputado serviu para que Paulo ingressasse no TCU com uma representação contrária à Receita Federal em questões envolvendo empresas do setor portuário.
Ajuda para reunião com Cesar Borges
No inquérito, a PF mostra ligações telefônicas envolvendo o deputado e seus funcionários com Paulo Vieira e outros investigados na Operação Porto Seguro. Mas o deputado não está sendo investigado oficialmente pela PF, uma vez que goza de foro privilegiado. Se Valdemar fosse um dos investigados, o inquérito teria de ser remetido de São Paulo para a Procuradoria Geral da República, em Brasília.
O inquérito mostra também estreitas ligações de Paulo Vieira com o PR. Há um e-mail em que Paulo pede a ajuda de Rosemary Nóvoa de Noronha, chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, demitida pela presidente Dilma Rousseff, para marcar uma audiência com o ex-senador Cesar Borges (PR-BA), nomeado vice-presidente do Banco do Brasil.
A Polícia Federal chega a suspeitar de uma suposta ligação de Valdemar com a Facic, faculdade atribuída à família de Vieira em Cruzeiro, no interior de São Paulo, mas não confirma as suspeitas. O delegado da PF que conduziu o inquérito diz em seu relatório que pessoas da cidade e vizinhos da faculdade chegam a dizer que a faculdade pertenceria a Valdemar, mas a PF mesmo afirma no relatório que essas suspeitas não prosperaram.
Segundo relatório da procuradora da República Suzana Fairbanks Schnitzlein, as interceptações telefônicas de Paulo Vieira demonstram, “de forma clara e inequívoca, que este permanece em constante movimento, no sentido de intermediar, junto aos representantes da administração pública, o patrocínio de interesses particulares de seus ‘amigos’ e clientes”.
Um dos casos destacados é o da permanência do ex-senador e empresário Gilberto Miranda na Ilha das Cabras, no litoral paulista. Interceptações telefônicas dão conta de que Vieira informava constantemente Miranda sobre os movimentos para aforamento da ilha que, depois de processo administrativo, seguiu para o parecer da Advocacia-Geral da União (AGU), onde Vieira contava com a ação do advogado-geral adjunto, José Weber Holanda Alves, demitido no sábado pela presidente Dilma Rousseff depois da operação Porto Seguro.
Em um dos telefonemas interceptados judicialmente, Paulo fala a Weber: “Falou, então, dr. Weber, cuida de mim aí”. E o segundo homem da AGU responde: “Tá bom. Já tô cuidando; amanhã eu explico procê (sic)”. A PF registra ainda reuniões entre Miranda, Paulo Vieira, Weber e outros integrantes da AGU em Brasília. Para a reunião, Miranda levou Vieira de São Paulo a Brasília em seu jato particular, em 8 de junho passado.
Em um telefonema em outubro de 2010, Gilberto Miranda pede a Paulo Vieira para “encher o saco do Weber”.
O GLOBO não conseguiu localizar Miranda e Valdemar neste domingo.
A Polícia Federal identificou 1.179 ligações telefônicas feitas a partir do restaurante japonês de Paulo Vieira para o deputado Valdemar e integrantes de seu partido, o PR. No mensalão, Valdemar foi condenado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha no processo do mensalão.
Em um dos telefonemas, de 28 de maio deste ano, Paulo Vieira, que era diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) e foi afastado no sábado pela presidente Dilma Rousseff, pede ao deputado a indicação de um vereador de Santos, cidade do litoral paulista, para a assinatura de uma representação junto ao Tribunal de Contas da União (TCU).
Paulo Vieira: negócios em Santos
A PF gravou telefonemas de Flávia, secretária do deputado Valdemar, com Daniele, secretária de Carlos Cesar Floriano, dono da Terminal para Contêineres da Margem Direita S/A (Tecondi), que foi preso na Operação Porto Seguro. O objetivo é a marcação de reunião entre Floriano e o deputado. No mesmo dia 28 de maio, às 18h12m, a PF gravou ligação telefônica de Paulo Vieira com o próprio deputado Valdemar Costa Neto. No dia 4 de junho deste ano, às 16h53m, a PF flagrou nova conversa de Paulo Vieira com o deputado do PR, segundo está informado num relatório de 28 de junho deste ano, assinado pela procuradora da República Suzana Fairbanks Schnitzlein.
O grupo liderado por Paulo Vieira tem forte atuação em negócios da região portuária de Santos, área de influência política de Valdemar, que já foi diretor da Companhia Docas de São Paulo (Codesp). A indicação do vereador pedida ao deputado serviu para que Paulo ingressasse no TCU com uma representação contrária à Receita Federal em questões envolvendo empresas do setor portuário.
Ajuda para reunião com Cesar Borges
No inquérito, a PF mostra ligações telefônicas envolvendo o deputado e seus funcionários com Paulo Vieira e outros investigados na Operação Porto Seguro. Mas o deputado não está sendo investigado oficialmente pela PF, uma vez que goza de foro privilegiado. Se Valdemar fosse um dos investigados, o inquérito teria de ser remetido de São Paulo para a Procuradoria Geral da República, em Brasília.
O inquérito mostra também estreitas ligações de Paulo Vieira com o PR. Há um e-mail em que Paulo pede a ajuda de Rosemary Nóvoa de Noronha, chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, demitida pela presidente Dilma Rousseff, para marcar uma audiência com o ex-senador Cesar Borges (PR-BA), nomeado vice-presidente do Banco do Brasil.
A Polícia Federal chega a suspeitar de uma suposta ligação de Valdemar com a Facic, faculdade atribuída à família de Vieira em Cruzeiro, no interior de São Paulo, mas não confirma as suspeitas. O delegado da PF que conduziu o inquérito diz em seu relatório que pessoas da cidade e vizinhos da faculdade chegam a dizer que a faculdade pertenceria a Valdemar, mas a PF mesmo afirma no relatório que essas suspeitas não prosperaram.
Segundo relatório da procuradora da República Suzana Fairbanks Schnitzlein, as interceptações telefônicas de Paulo Vieira demonstram, “de forma clara e inequívoca, que este permanece em constante movimento, no sentido de intermediar, junto aos representantes da administração pública, o patrocínio de interesses particulares de seus ‘amigos’ e clientes”.
Um dos casos destacados é o da permanência do ex-senador e empresário Gilberto Miranda na Ilha das Cabras, no litoral paulista. Interceptações telefônicas dão conta de que Vieira informava constantemente Miranda sobre os movimentos para aforamento da ilha que, depois de processo administrativo, seguiu para o parecer da Advocacia-Geral da União (AGU), onde Vieira contava com a ação do advogado-geral adjunto, José Weber Holanda Alves, demitido no sábado pela presidente Dilma Rousseff depois da operação Porto Seguro.
Em um dos telefonemas interceptados judicialmente, Paulo fala a Weber: “Falou, então, dr. Weber, cuida de mim aí”. E o segundo homem da AGU responde: “Tá bom. Já tô cuidando; amanhã eu explico procê (sic)”. A PF registra ainda reuniões entre Miranda, Paulo Vieira, Weber e outros integrantes da AGU em Brasília. Para a reunião, Miranda levou Vieira de São Paulo a Brasília em seu jato particular, em 8 de junho passado.
Em um telefonema em outubro de 2010, Gilberto Miranda pede a Paulo Vieira para “encher o saco do Weber”.
O GLOBO não conseguiu localizar Miranda e Valdemar neste domingo.
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