sábado, 6 de agosto de 2016

Sobrinho de Lula não explica como empresa recebeu R$ 1,5 milhão
Em inquérito da Operação Janus, Taiguara Rodrigues dos Santos, que tinha contratos milionários com a Odebrecht em Angola, é apontado como laranja de Lula
O empresário Taiguara Rodrigues dos Santos, sobrinho do ex-presidente Lula, é um fenômeno do mundo dos negócios: de uma hora para  outra, passou de vidraceiro falido em Santos a sócio de uma empresa de engenharia de grandes obras em Angola. O salto ocorreu quando o jovem criou a Exergia Brasil, com patrimônio de 1,5 milhão de reais, e assinou contratos milionários com a construtora Odebrecht. Após VEJA revelar essa façanha em 2015, Taiguara passou a ser investigado. No dia 20 de maio, ele se tornou alvo da Operação Janus — e foi conduzido coercitivamente pela Polícia Federal para esclarecer a origem da sua fortuna suspeita. Quando questionado sobre o capital social de sua empresa, respondeu que era de 2,5 milhões de reais. Não soube explicar como chegou a esse montante, mas garantiu que o aporte não saiu de sua conta bancária. Sugeriu que os policiais ouvissem o contador.
José Emmanuel Camano, o contador da Exergia, deu uma versão diferente. Segundo ele, o capital social da Exergia é de 1,5 milhão de reais, “ tendo a integralização sido feita por João Germano (51%) e Taiguara (49%)”. Ou seja, de acordo com o relato de Camano, o sobrinho de Lula injetou quase metade do 1,5 milhão de reais na Exergia Brasil, mesmo não sabendo explicar direito como ocorreu essa operação financeira, muito menos a origem do dinheiro.  Taiguara e seu contador também derraparam em outros trechos de seus depoimentos.
doc1Em outubro de 2015, durante uma audiência na CPI do BNDES, realizada na Câmara dos deputados em Brasília, o empresário disse que visitou Cuba em março de 2014 na companhia de seu primo, Fábio Luis, o Lulinha. Aos parlamentares, Taiguara afirmou que o seu intuito era prospectar negócios, enquanto o filho do ex-presidente curtia as férias no país. O contador da Exergia Brasil, mais uma vez, apresentou outro lado da história: “Que também viajou com o Taiguara e o Fábio, ‘Lulinha’, para Cuba, ocasião em que buscavam potenciais mercados na área de exportação de alimentos, nada tendo sido concretizado”.
E-mails publicados por VEJA no ano passado revelaram que um representante da Agência Brasil de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) em Cuba chegou a pedir autorização para reservar um espaço numa feira empresarial para que Taiguara e Lulinha se reunissem reservadamente com autoridades do governo local. A direção do órgão, porém, barrou a solicitação. Os investigadores apuram se Taiguara era parceiro de negócios de Lulinha. O site da Exergia Brasil foi criado pela G4, de Fábio Luis. O único cliente conhecido da empresa é a empreiteira Odebrecht.
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal estão apurando todas as estranhezas no súbito enriquecimento de Taiguara – e quais as relações disso com Lula. “Não é difícil enxergar as diversas inconsistências na narrativa apresentada e concluir que toda a inexplicável prosperidade financeira de Taiguara e seus contratos milionários com a Odebrecht constituem, na verdade, favor e meio indireto adotado pela Odebrecht para retribuir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelos serviços prestados”, diz a PF.
doc2O advogado de Taiguara, Fábio Rogério de Souza, nega o envolvimento de seu cliente com irregularidades. “Ele jamais intermediou transações financeiras fraudulentas, nunca emprestou seu nome, documentos ou contas bancárias para ocultar a identidade de qualquer pessoa. Os questionamentos feitos pela CPI e posteriormente no inquérito da Polícia Federal tomam como base reportagens jornalísticas”, complementou.
Taiguara, que costuma dizer que está na pindaíba, declarou à PF ter hoje uma renda mensal de 10 000 reais, coletando sucatas.
Por que vaiaram a Argentina?  Inveja?  É preciso educar melhor os brasileiros. 
Olha, eu era contra a Olimpíada no Brasil.  Tentei mostrar com os posts que somos nós que vamos pagá-la às custas da saúde e da educação. Mas, se ela é uma realidade, JAMAIS vou torcer contra.  Aliás, o redirecionamento (mudou muita coisa) da abertura mostra que o nosso país tem jeito.
Brasileiros de respeito
Na bela festa de abertura, o Brasil saiu muito bem na foto
A primeira prova da Olimpíada do Rio de Janeiro acabou e o pódio encheu a pátria de orgulho. Deu tudo certo na cerimônia de abertura. Mais que certo: ficou par a par com as de Pequim e Londres, páreos duros que a festa brasileira encarou com galhardia. Do Maracanã saiu para o mundo um Brasil moderno, seguro das suas qualidades, colorido e bonito. Enfim, um país bacana.
A suavidade de Paulinho da Viola cantando o hino nacional deu o tom da celebração das coisas brasileiras, uma distância refrescante do ufanismo estridente de praxe. As marcas registradas estiveram lá, no cenário forrado de vídeos: samba, funk, favela, bola, Garota de Ipanema. Só que revestidas de uma atualidade muito bem vinda, sem exageros, na medida certa.
A obrigatória referência ecológica durou um pouco mais do que devia. O segmento dos refugiados desviou-se um pouco do tema. Ficou a impressão de que, mais do que fazer parte do esperto e criativo enredo montado pelos diretores Fernando Meireles, Daniela Thomas e Andrucha Waddington, estes dois momentos tiveram o objetivo de reforçar a atuação social que o Comitê Internacional quer pregar ao universo olímpico.
Na busca incessante da simplicidade refinada, alguns figurinos e cenários ficaram mesmo é sem graça, Faltou humor, que em Londres teve e agradou. Em compensação, se lá James Bond e a rainha desceram de paraquedas, aqui tivemos o simpático voo de Santos Dumont. No balanço final, fica a imagem de um país de respeito. Ouro para a festa.

Buongiorno a tutti voi amici

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Jogos Olímpicos fazem a diferença
Não será a primeira vez que mostramos ao mundo nossa capacidade de organização, recepção e acolhimento seguro e caloroso de visitantes
Michel Temer - O Globo
Depois de anos de preparação, chegamos ao grande dia. A realização no Brasil dos primeiros Jogos Olímpicos e Paralímpicos da América do Sul é demonstração da capacidade do país de superar obstáculos, sejam políticos ou econômicos. Não tenho dúvida, depois de acompanhar atentamente o processo de envolvimento que antecedeu esse momento, de que a realização pelo país de um megaevento esportivo, com imensa visibilidade internacional, fará o povo brasileiro se reencontrar com sua alegria natural.
Nós, brasileiros, podemos dizer, com orgulho, que somos um dos países mais miscigenados do mundo, como lembrou, em várias de suas obras, Darcy Ribeiro. É característica ímpar que nos leva a receber, de braços abertos, povos de todos os continentes para esta celebração esportiva, assim como fizemos em toda a história de formação de nossa nação. O esporte une as nacionalidades, é capaz de trazer a fraternidade e paz aos povos. E é o que vai acontecer no Rio de Janeiro nas próximas semanas.
Durante a realização dos Jogos, seremos mais brasileiros que nunca: um povo com características marcantes de hospitalidade e respeito ao próximo, um povo trabalhador, alegre e dedicado a realizar grandes transformações em harmonia e com pluralidade. Vamos estender o tapete vermelho a todos nossos visitantes, atletas, trabalhadores e turistas.
Tenho chamado a atenção, nestes pouco mais de 80 dias de governo, de que é urgente pacificar a nação e unificar o Brasil. Vamos sediar o evento esportivo mais importante do planeta, inspirado na tradição da paz e da harmonia. A 31ª edição dos Jogos Olímpicos da era moderna mostrará a mais de cinco bilhões de pessoas uma nação de democracia consolidada, instituições sólidas, um país pacífico e uma economia com imenso potencial de desenvolvimento.
O diálogo é o primeiro passo para enfrentarmos os desafios para avançar e garantir a retomada do crescimento. E nada mais propício para que esse cenário se concretize do que promover o diálogo por meio do congraçamento dos atletas e participantes de todo o mundo que estarão em terras brasileiras. Os Jogos representam união, diversidade e inclusão em todos os sentidos, com o belo exemplo do Complexo Esportivo de Deodoro.
Não será a primeira vez que mostramos ao mundo nossa capacidade de organização, recepção e acolhimento seguro e caloroso de visitantes. Já demos mostra destas qualidades em megaeventos de nível mundial: Copa do Mundo, Jogos Pan-Americanos, Jogos Mundiais Militares, Jornada Mundial da Juventude e Copa das Confederações.
Muito além do espetáculo esportivo, no qual estarão competindo milhares de atletas de alto nível dos cinco continentes, a Olimpíada proporcionará outras oportunidades ao nosso país. Investidores, por exemplo, poderão conhecer o potencial econômico e de geração de negócios do Brasil.
A esta altura, e com a certeza de que os Jogos terão o sucesso que todos esperamos, vamos contribuir fortemente para difundir os valores do esporte: cooperação, solidariedade, disciplina e superação. No plano mais concreto, também deixarão como herança aos brasileiros uma rede nacional de treinamento, com excelentes instalações nas cinco regiões do país voltadas tanto à iniciação esportiva como ao alto rendimento.
Já é possível, também, mensurar o imenso legado em infraestrutura urbana feito pelos governos municipal, estadual e federal e que ficarão para a população. São 27 projetos de mobilidade, meio ambiente, renovação urbana, esporte e ciência, que totalizam R$ 24,6 bilhões. Os investimentos em centros esportivos, em programas como o Bolsa Atleta, serão um legado dos Jogos, ao estimular os jovens a lutar por seus objetivos, a viver a alegria da superação, a atuar em equipe e respeitar o adversário.
Estamos promovendo Jogos Olímpicos que deixarão um grande legado aos brasileiros e ao mundo. Faremos a confraternização dos povos em meio aos melhores atletas mundiais e tornaremos este evento inesquecível. Tenham todos uma grande Olimpíada!
Michel Temer é presidente interino da República
PT impichou Dilma antes do Senado. Ou: Personagens de uma decadência sem estilo
Presidente afastada prepara carta em que defende plebiscito, proposta que é recusada até por seu partido
Reinaldo Azevedo - VEJA
O conjunto da obra é tragicômico. Tem seu lado trágico porque personagens que já tiveram certa grandeza — hoje todos heróis de si mesmos — estão sendo severamente punidos pela realidade em razão de seu excesso de ambição. E a situação não deixa de ter a sua graça porque se mostram uns notáveis trapalhões. De certo modo, cada um deles articula a sua própria solidão, simulando um poder que não tem e emprestando à própria atuação a grandiloquência de uma farsa. É triste de ver.
A obra de referência aqui deve ser o magnífico filme “Sunset Boulevard”, dirigido por Billy Wilder, conhecido entre nós como “Crepúsculo dos Deuses”. Os personagens centrais deste drama cômico não viram o tempo passar. Estão todos mortos, mas ainda aspiram a uma grandeza e a um glamour que hoje só existem na memória e na vontade.
Falando a Natuza Nery, na Folha, Dilma, abandonada pelo PT, recebe versões e mais versões de uma carta em que vai anunciar seu apoio a um plebiscito. A população seria consultada sobre a conveniência de novas eleições.
Que importa que a proposta seja, sob qualquer ponto de vista que se queira, inviável? Há muito Dilma rompeu os fios que a ligavam à realidade. Tal uma Norma Desmond, a protagonista de “O Crepúsculo dos Deuses”, magnificamente interpretada por Gloria Swason, ela segue se comportando como estrela, ainda que tudo à sua volta já tenha ruído e só a irrelevância a aguarde, com seus enormes e terríveis tentáculos.
No dia 31 de agosto, mais tardar 1º de setembro, Norma deixará o Palácio da Alvorada e se mudará para lugar nenhum. Ocupará o rodapé da história como a presidente deposta que chamou o cumprimento da Constituição de golpe.
Enquanto ela insistia na tese do plebiscito, Rui Falcão, o presidente do PT, sustentava justamente o contrário. O partido não quer saber dessa história. Para todos os efeitos, continuará a advogar a volta de Dilma. Sabendo que isso não vai acontecer, Falcão já antecipa: a legenda fará uma espécie de memorial exaltando a obra de Lula e dará todo o suporte para o chefão do PT defender o seu legado. Ou por outra: o partido impichou Dilma da sua história antes que o Senado a tenha impichado do governo.
E Lula? Ah, este resolveu lançar candidaturas à Prefeitura em Cubatão e Santos. Mal tocou no nome do Dilma — também ele já se cansou desse assunto. Aquele que se imaginava uma espécie de reencarnação de Buda com Jesus Cristo foi flagrado sugerindo a meia-dúzia de petistas em Cubatão que não votem em senadores que forem favoráveis ao impeachment… Para que isso fizesse ao menos algum sentido teórico, seria preciso que a maioria da população fosse contrária ao impedimento de Dilma. Ocorre que é a favor.
Arre! Essa gente tem de sair logo de cena e nos deixar em paz! Em uma coisa, a turma jamais lembrará “O Crepúsculo dos Deuses”: sua decadência não tem estilo; é de uma assombrosa vulgaridade.
Rio olímpico
FSP
Realiza-se na noite desta sexta-feira (5) a cerimônia de abertura da Olimpíada do Rio, a primeira realizada na América do Sul. Nos 16 dias seguintes, mais de 10 mil atletas de 206 países competirão em 42 modalidades sob os olhares de bilhões de pessoas.
A despeito dos tropeços e atrasos no cronograma, a capital fluminense parece pronta para receber os Jogos e, todos desejam, repetir o sucesso de organização da Copa do Mundo de 2014.
É grande a expectativa, ainda, com o desempenho da delegação brasileira nas provas. A meta do COB (Comitê Olímpico do Brasil) é pôr o país entre os dez primeiros colocados no quadro de medalhas.
Dado o histórico de participações nacionais, trata-se de propósito ambicioso. A melhor colocação até hoje se deu em Atenas-2004, com o 16º lugar; em Londres-2012, o Brasil ficou na 22ª posição.
O objetivo, de todo modo, se afigura factível. O time nacional terá, nesta edição, o maior número de atletas de sua história, 465 esportistas —contra os 259 de 2012, em Londres. É a segunda maior delegação, depois da norte-americana, que conta 555 esportistas.
O grupo, porém, é bem menos experiente que nos últimos Jogos: 67% da equipe fará sua estreia olímpica no Rio de Janeiro. Em 2012, eram 52%.
O maior tamanho da representação é prerrogativa do país-sede, pois este pode inscrever esportistas em quase todas as modalidades sem que seja atingido o desempenho classificatório mínimo.
Nações que recebem os Jogos tradicionalmente melhoram seu desempenho. Nos últimos 60 anos, elas conquistaram, em média, 13 medalhas a mais que na edição anterior. Se seguir essa tendência, o Brasil cumpriria o objetivo de ficar entre os dez primeiros, ao menos no que se refere ao total de pódios.
Além de contar com mais esportistas, o país-sede também costuma investir mais recursos que o usual na preparação de seus atletas. Da construção de centros de treinamento à concessão de bolsas para desportistas, o Ministério do Esporte despendeu R$ 4 bilhões de 2013 a 2016 —ao menos 50% mais que no ciclo olímpico anterior.
A motivação extra dos atletas por disputarem os Jogos em casa e o incentivo da torcida também concorrem para um resultado melhor. Em 2012, por exemplo, o Reino Unido obteve dez ouros adicionais na comparação com 2008.
Um fator circunstancial a favorecer o Brasil decorre da exclusão da Rússia nas competições de atletismo por fraudes no controle de doping. Há destacados desportistas brasileiros nessa modalidade.
O país inteiro torce para que os Jogos Rio-2016 sejam impecáveis, dentro e fora das arenas, e para que a redobrada atenção com o esporte não se atrofie após a festa olímpica, projetando o espectro da crise sobre uma atividade que leva saúde e alegria à população. 

Buongiorno a tutti voi amici

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Harley
imthenic:
“  Harley Quinn #1 by Mikel Janin
”

METALLICA - DISPOSABLE HEROES

nrjizer:
“ Enjoy
”
Joker and Harley - Suicide Squad by jasric

METALLICA - JUMP IN THE FIRE

Cena do filme 'Esquadrão Suicida'
O samba do partido doido
Os historiadores do futuro só poderão concluir que jamais um grupo político tão medíocre, arrogante e pretensioso esteve no poder no Brasil
OESP
Há carradas de razões para que se consume o impeachment da presidente Dilma Rousseff, desde as arroladas no processo ora em curso no Senado até as que fizeram do quase finado governo da petista o mais irresponsável e corrupto da história nacional. Mas o voto em separado elaborado pelo PT para se contrapor, na Comissão Especial do Impeachment no Senado, ao parecer do relator Antonio Anastasia (PSDB-MG) é prova cabal de outro grave delito cometido recorrentemente pelos petistas: o de lesa-inteligência. Em poucas oportunidades, os borra-papéis do partido conseguiram juntar num mesmo texto tão estapafúrdias referências – que vão de Dante Alighieri a Hitler – para reafirmar a tese de que Dilma é vítima de golpe.
Enquanto Anastasia procurou embasar seu parecer em fatos, dizendo que a gestão de Dilma instaurou “um vale-tudo orçamentário e fiscal que trouxe sérias consequências negativas para o País”, os petistas denunciaram que a presidente é vítima de uma conspiração das forças do mal. Para isso, apelaram à mais medíocre literatice, a começar pelo título: Crônica de um golpe anunciado.
Logo nos primeiros parágrafos, denuncia-se que, “na calada da noite, em meio aos odores desagradáveis emanados do fisiologismo político e da hipocrisia moral”, se urdiu, em seguida à reeleição de Dilma, “o golpe que ameaça submergir o Brasil numa longa noite de autoritarismo, conservadorismo, retrocesso social e desconstrução de direitos”.
O texto segue nessa toada embaraçosa, dizendo que, “enquanto os justos dormiam o sono do dever cívico cumprido, os derrotados, com ânimo inconformado e insone, iniciavam sua trama cínica e antidemocrática, apoiados em mentiras, distorções e, sobretudo, num secular desprezo pelo voto popular”. Os “justos”, claro, são Dilma e os petistas – aqueles cuja campanha eleitoral foi irrigada com dinheiro de origem mais do que duvidosa e que mentiram descaradamente nos palanques.
A trama, diz o texto, foi “de tal forma sinistra que poderia ter sido contada por Virgílio a Dante Alighieri e ter como introito a lúgubre frase Deixai toda esperança, vós que entrais! Com efeito, começava ali a nova descida da democracia brasileira aos históricos infernos do golpismo”. Era o caso de mencionar que o oitavo círculo do inferno de Dante é aquele onde os corruptos, hipócritas e falsários são punidos com banho em piche fervente, mas o texto omite essa passagem.
O festival de asneiras prossegue no trecho em que os petistas acusam a oposição de disseminar o ódio contra o partido. Eles não se limitam a citar Mandela: “O ódio é algo que se ensina”. Para a tigrada, a estratégia para incitar a violência contra o PT se assemelha à dos nazistas contra os judeus, “como ensinava Goebbels”. E a luta contra a corrupção é vista como “forma de legitimação de forças ou regimes autoritários”: “Hitler, por exemplo, legitimou em grande parte a sua ascensão no cenário político alemão com o recurso demagogo da ‘limpeza das ruas’ alemãs de judeus, ciganos, comunistas e corruptos”.
Na ladainha, assinada pelos senadores Lindbergh Farias (PT-RJ), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Kátia Abreu (PMDB-TO), não faltaram nem mesmo acusações de que Dilma sofreu o tal “golpe” por ser mulher – e essa alegada misoginia desrespeitou até “o corpo da presidenta do Brasil”. Homessa!
Para coroar, esse verdadeiro samba do partido doido, que faz referências também a Hannah Arendt, Sófocles, Getúlio Vargas e Carlos Lacerda, termina com uma manjada citação de Marx, evocado para dizer que “é a história que se repete, desta vez como farsa”. A turma aposta que “o julgamento definitivo desse hediondo crime de irresponsabilidade caberá, em instância irrecorrível, à História”. Os “historiadores do futuro”, conclui o voto, vão se debruçar sobre esses episódios e concluir que o impeachment, se ocorrer, terá sido um golpe.
Quando se depararem com esse texto exótico, no entanto, os historiadores do futuro só poderão concluir que jamais um grupo político tão medíocre, arrogante e pretensioso esteve no poder no Brasil.
Políticos não agem por convicções
Merval Pereira - O Globo
A atitude da senadora Katia Abreu de abandonar a sua base, o agronegócio, para apoiar o governo Dilma, revela a maneira como nossos políticos agem. A coerência dela é a amizade com a presidente afastada Dilma Rousseff e assim, ela age com incoerência com o público que a elegeu. Nossos políticos não agem por convicções. Por seu apoio ao governo, Katia Abreu perdeu completamente a sua base, a ponto de não poder reagir quando, num evento no Palácio do Planalto, um dos representantes da base social disse propriedade privada não deveria ser respeitada. De alguma maneira, ela estava ali ligada ao grupo que queria invadir propriedade privada.
A lição do Brasil à Venezuela bolivariana reiterou que não há lugar no Mercosul para assassinos da democracia
Ao impedir que Maduro assumisse a presidência do bloco, Serra consumou o sepultamento da política externa da cafajestagem
Augusto Nunes - VEJA
Na sexta-feira passada, Nicolás Maduro anunciou que havia assumido a presidência temporária do Mercosul. Dois dias depois, em carta enviada aos integrantes do bloco, o chanceler José Serra comunicou que o governo brasileiro não aceita a Venezuela bolivariana no comando. A decisão, avalizada pela Argentina e pelo Paraguai, confirma que o Itamaraty redescobriu a altivez perdida há mais de 13 anos. E consuma o sepultamento da política externa da cafajestagem, que entre a chegada de Lula ao Planalto e o afastamento de Dilma Rousseff submeteu o país aos caprichos e vontades do vizinho arrogante.
Com Lula no poder, Chávez rebaixou o Brasil a uma espécie de província bolivariana que miava améns às ordens emanadas de Caracas. Foi assim, por exemplo, quando o Congresso de Honduras ─ amparado na Constituição e com o endosso da Corte Suprema ─ destituiu da presidência da República um comparsa de Chávez chamado Manuel Zelaya. Colérico, o reinventor do socialismo escalou o cúmplice brasileiro para juntar-se à trama que pretendia devolver ao palácio um chapéu sem cabeça. O canastrão hondurenho achou mais sensato refugiar-se na embaixada brasileira em Tegucigalpa e transformá-la na Pensão do Zelaya. Foi-se embora semanas depois sem pagar a conta.
O fiasco internacional animou a dupla a agir em sociedade no ramo do petróleo, e construir em Pernambuco a refinaria Abreu e Lima. Dois anos depois, Chávez desistiu da ideia de jerico e aplicou no parceiro um calote colossal. O que seria uma refinaria virou uma usina de negociatas e propinas devassadas pela Operação Lava Jato. Deveria custar 2,5 bilhões de reais. Já consumiu mais de 20 e não tem prazo para terminar. Nada disso afetou o servilismo do Planalto ao farsante prepotente. Antes de tornar-se um passarinho que aconselha o sucessor, Chávez fez a comadre Dilma unir-se à conspiração que infiltrou a Venezuela no Mercosul.
Já nas primeiras horas do governo Temer, ao intrometer-se em assuntos internos do Brasil, Nicolás Maduro colidiu com a reação de Serra ─ e descobriu que fora revogada a vassalagem vergonhosa imposta por Chávez. Nesta semana, começou a aprender que não há lugar no Mercosul para países chefiados por inimigos da democracia e assassinos da liberdade.
Até o PT descarta a ideia de Dilma de propor novas eleições
Presidente do partido critica proposta que a presidente afastada pretende apresentar em carta a senadores
VEJA
“O PSD não existe formalmente e não pode ser objeto de deliberação”, diz FalcãoRui Falcão, presidente do PT, descarta proposta de Dilma (Alex Silva/Agência Estado/VEJA/VEJA)
Na semana em que a presidente afastada Dilma Rousseff defendeu uma “transformação” do PT em função das denúncias de corrupção reveladas pela Operação Lava Jato e de seu próprio afastamento da Presidência, o presidente nacional do partido, Rui Falcão, afirmou que não vê “nenhuma viabilidade” na proposta de consultar a população para a realização de novas eleições. A ideia vem sendo estudada por Dilma, que estaria preparando uma carta para defendê-la publicamente.
Para Falcão, a proposta é inviável porque, “na melhor das hipóteses”, só seria possível em 2018, ano para qual estão previstas as próximas eleições presidenciais. “Em primeiro lugar, para antecipar a eleição, precisaria saber se se trata de cláusula pétrea ou não, o STF (Supremo Tribunal Federal) teria de se pronunciar. Caso não seja, será preciso uma emenda constitucional, que requer duas votações, na Câmara e no Senado, com dois terços de aprovação. E, em terceiro lugar, caso se aprove a antecipação e haja uma fixação de regras para as eleições, elas só poderiam ser realizadas um ano após a decisão, em razão do princípio de anualidade. Então, na melhor das hipóteses, isso só ocorreria em 2018”, explicou nesta quinta-feira.
A modificação da periodicidade das eleições esbarra em uma cláusula pétrea da Constituição: o inciso dois, parágrafo quarto, do artigo 60 da Carta. “Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I – a forma federativa de Estado; II – o voto direto, secreto, universal e periódico; III – a separação dos Poderes; IV – os direitos e garantias individuais”, diz o texto.
Na avaliação do presidente do PT, se Dilma defender a convocação de um plebiscito para consultar a população sobre novas eleições, ela estará tentando impedir o próprio mandato. “Será um golpe contra ela e contra os 54 milhões de eleitores que votaram nela”, disse. Falcão afirmou ainda que a proposta tem perdido força porque não seria suficiente para convencer senadores a votar contra o impeachment. Em vez disso, Falcão defende um plebiscito para consultar a população sobre medidas para ampliar a governabilidade e realizar reformas políticas eleitorais.
Letícia Sabatella é um dos últimos suspiros da farsa esquerdista destes 13 anos
Atriz agora diz que vai usar bate-boca com manifestantes em favor do impeachment em uma peça de teatro
Reinaldo Azevedo - VEJA
Na sua danada irrelevância política, a atriz e criadora de caso Letícia Sabatella expressa os suspiros finais de uma farsa, que é a do esquerdista vítima das circunstâncias que não são sua escolha; que é a do defensor da justiça social em eterna luta contra os promotores da desigualdade; que é a do militante das flores vencendo o canhão.
Letícia transformou isso tudo numa caricatura quando, no domingo, resolveu se meter numa manifestação anti-Dilma, certa de que seria, como foi, alvo da hostilidade dos que protestavam em favor do impeachment. O vídeo que ela própria tornou público demonstra a sua postura, vamos dizer, passivo-agressiva. Embora buscasse ser a perseguida, é o olhar subjetivo da câmera que avança sobre os presentes, não o contrário.
Agora, leio na Folha uma informação do balacobaco.
Esta senhora diz que vai escrever um texto a respeito, que comporá a abertura da peça “Haiti Somos Nós”, do grupo Os Satyros, ao qual ela pertence. Não sei se esse trabalho conta ou não com o incentivo da Lei Rouanet!
A cada hora fica mais evidente que Letícia estava, vamos dizer, em busca de um “evento”. E aqueles que ela decidiu ter como adversários foram personagens involuntárias da sua pantomima. É um comportamento detestável.
Letícia é uma rematada ignorante política. Nota-se pelo vocabulário ao qual apela para tratar do assunto. Na sua bela cabeça oca, o mundo se divide entre os bons, grupo no qual se encontraria, e os maus; entre os que amam (os de sua turma) e os que odeiam.
Essa ignorância misturada com ira santa tem lá os seus perigos porque não mede consequências. Fica evidente, até por seu próprio testemunho, que a Polícia Militar do Paraná atuou para protegê-la, inclusive de si mesma.
Ainda assim, a gente nota a sua disposição de criticar a PM. Leiam:
“A polícia chegou e me isolou. Mas não pediu para os manifestantes pararem. Tem um momento [do vídeo] em que eu falo: ‘Você precisa acalmá-los, eu não estou fazendo nada’. Eles queriam me colocar num camburão, mas eu falei: ‘Não, eu moro aqui’.”
“Colocar no camburão”, se aconteceu, entenda-se, era uma maneira, reitero, de protegê-la. A forma de dizer isso é outra: “Eles queriam que eu ficasse em segurança dentro do carro, da viatura”.
Chego a ter pena dessa moça! Resolveu ser a mártir oportunista de uma causa em que se juntam ladrões, quadrilheiros, trapaceiros, bandidos e os realmente golpistas…
Diz a atriz, sempre no seu papel: “Eu vou mover uma ação, vai ser preciso, foi muito grave. E o que eu passei é o que muitas pessoas estão passando. É necessário filmar, denunciar e mostrar que tem limite”.
Claro que sim! Os que eventualmente forem transformados em personagens de sua narrativa deturpada também têm o direito de acusá-la, quando menos, de assédio moral.
Não é assim que a música toca na democracia. Democracia cuja existência esta senhora já deixou claro não reconhecer.
Starbucks não coloca mais 'Fora, Temer' nos copos de suas bebidas
Mônica Bergamo - FSP
Reprodução
Copo da rede Starbucks de cliente chamado "Fora Temer"
Funcionários da Starbucks no Rio e em SP têm dito a clientes que não podem mais pedir que eles escrevam "Fora, Temer" nos copos de bebidas. Na cafeteria da marca, os atendentes anotam o nome escolhido pelo comprador nos recipientes de café e chá para facilitar a retirada do produto.
COPO VAZIO
Diversos clientes vinham dizendo a frase no lugar de seus nomes, o que levava os balconistas a gritarem "Fora, Temer" no meio do estabelecimento para chamá-los. Vários depois publicavam fotos dos copos na internet. A Starbucks diz que é uma marca apartidária e que "orienta os colaboradores a manter o mesmo posicionamento". 
Comissão aprova seguimento do impeachment; relatório será votado no Senado
Felipe Amorim - UOL
Por 14 votos a 5, os senadores que integram a comissão do impeachment aprovaram nesta quinta-feira (4) o relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) pela procedência da acusação e o prosseguimento do processo contra a presidente afastada, Dilma Rousseff.
Clique aqui para ver como votaram os senadores que integram a comissão
Agora, as conclusões do parecer também precisam ser confirmadas em votação no plenário do Senado, o que deve acontecer no próximo dia 9, onde é necessário o voto da maioria dos senadores (desde que estejam presentes ao menos 41 dos 81 senadores).
Essa fase do processo é conhecida como "juízo de pronúncia" e equivale ao reconhecimento de que há provas suficientes para autorizar o julgamento da presidente por crime de responsabilidade.
Apenas se o Senado aprovar o parecer da comissão é que o julgamento de fato será realizado, numa próxima etapa, em sessões no plenário com a participação de todos os senadores e comandadas pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski.
A previsão é que essa última fase do processo comece entre os dias 25 e 29 de agosto.
A comissão do impeachment encerrou seus trabalhos nesta quinta-feira, após iniciar em 8 de junho a fase de investigação do processo. Foram 31 reuniões, 262 ofícios e requerimentos, 44 testemunhas ouvidas e 18 recursos decididos pelo presidente do STF.
O relator apontou que a presidente teria cometido "um autêntico atentado à Constituição". Já o advogado de Dilma, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, defendeu que não há provas contra a petista e afirmou que Anastasia guiou seu relatório por "paixão partidária"
Dilma é acusada de ter praticado duas irregularidades na gestão financeira do governo.
A primeira é a edição de decretos que ampliaram a previsão de gastos no Orçamento sem a autorização do Congresso Nacional.
A segunda são as chamadas pedaladas fiscais no Plano Safra, programa de empréstimos a agricultores executado pelo Banco do Brasil.
Felipe Amorim/UOL
A comissão do impeachment aprovou por 14 votos a 5 o relatório de Anastasia
Decretos
O parecer aprovado pela comissão diz que três decretos presidenciais ampliaram a previsão de gastos em R$ 1,75 bilhões, num momento em que o governo tinha dificuldade para cumprir a meta fiscal. Nesse cenário, segundo a acusação, os créditos orçamentários só poderiam ser aprovados por meio de lei pelo Congresso Nacional.
A meta fiscal é a economia nos gastos públicos, prevista em lei, para pagar juros da dívida federal.
A defesa da presidente afirma que o parecer de Anastasia mudou o entendimento predominante na área técnica do governo. Segundo Cardozo, sempre se entendeu que os decretos poderiam ser publicados, pois são, na prática, apenas uma autorização para o gasto com determinado programa de governo e não tornam obrigatório seu pagamento.
O cumprimento da meta fiscal é sempre medido pela comparação entre a receita do governo (como impostos) e os gastos efetivamente realizados.
Mas, para Anastasia, a irregularidade estaria em Dilma não ter pedido o aval do Congresso, a quem cabe definir os limites do Orçamento.
Pedaladas
As pedaladas fiscais são como ficaram conhecidos os atrasos nos repasses a bancos públicos para o pagamento de programas de governo.
Apesar de terem ocorrido principalmente em 2014, e também em bancos como Caixa e BNDES, o impeachment trata apenas das pedaladas ao Plano Safra, programa de financiamento agrícola executado pelo Banco do Brasil. Isso porque a Câmara dos Deputados decidiu que o impeachment só poderia tratar de fatos ocorridos no atual mandato de Dilma, iniciado em 2015.
A comissão do Senado seguiu o entendimento do TCU (Tribunal de Contas da União) de que os atrasos, na prática, são um tipo proibido de empréstimo dos bancos ao governo, pois, ao atrasar os repasses, sobraria dinheiro em caixa para outros projetos.
A defesa contesta essa interpretação e diz que em governos anteriores também ocorreram atrasos, de menor volume, nos repasses e, por isso, a situação deve ser entendida como um simples atraso de pagamento.
Um dos principais argumentos usados por Cardozo na defesa dessa tese é o parecer do MPF (Ministério Público Federal) que pediu o arquivamento de uma investigação sobre as pedaladas nos diversos bancos federais. O procurador do MPF do Distrito Federal Ivan Cláudio Marx afirmou, ao arquivar o caso, que as pedaladas fiscais não configuram crime e, no caso do Plano Safra, não representa um tipo proibido de empréstimo ao governo.
É impressionante que Maluf esteja fora do xilindró!
Três bancos estrangeiros já pagaram o correspondente a R$ 147 milhões em multas por terem ajudado Maluf a lavar dinheiro; e ele continua solto e é deputado!
Reinaldo Azevedo - VEJA
Um evento meio descolado dos graves fatos em curso dá o que pensar, não é? Os bancos Citibank e UBS se comprometeram a pagar, respectivamente, US$ 15 milhões e US$ 10 milhões — 90% do valor será transferido aos cofres municipais — a título de indenização por terem ajudado Paulo Maluf, hoje deputado federal (PP-SP), a lavar dinheiro desviado dos cofres da cidade de São Paulo. O valor corresponde a R$ 81,5 milhões.
No ano passado, foi a vez de o Deutsche Bank fazer o mesmo, aí num montante de US$ 20 milhões. O total já chega a R$ 147 milhões.
Todos vocês sabem que não compactuo com eventuais voluntarismos de juízes e procuradores. Não acredito em saídas fora do Estado de Direito. Mas vamos ser claros?
Se, por um lado, Maluf pode ser considerado um amador e um lobo solitário quando comparado aos profissionais do PT, por outro, não é menos verdade que é caudatário do país da impunidade — quando os tribunais eram usados apenas como palco de chicanas.
Três bancos devolvem aos cofres públicos nada menos de R$ 147 milhões A TITULO DE MULTA por terem ajudado Maluf a lavar dinheiro, mas o doutor, ora vejam, não está no xilindró. Nas eleições municipais de 2012, nós ainda o vimos posando no jardim de sua mansão ao lado do então candidato do PT à Prefeitura (justamente o ente que tinha sido roubado), Fernando Haddad, e de Luiz Inácio Lula da Silva.
Com o dinheiro agora pago por Citibank e UBS, a Prefeitura diz que vai construir 20 creches e comprar o polêmico terreno da rua Augusta para a construção de um parque.
Segundo o Ministério Público, US$ 340 milhões ligados às empresas de Maluf já foram bloqueados. As ações de repatriamento estão em curso.
STF desobriga operadoras de bloquear celulares em presídios
Corte derrubou leis estaduais que obrigavam empresas de telefonia a arcar com os custos do processo
VEJA
A tese defendida pela Associação Nacional das Operadores de Celular (ACEL) foi a de que a regulamentação sobre telecomunicações é uma competência da União e, portanto, não caberia aos Estados decidir sobre bloqueio de aparelhos celulares. Ao todo, foram julgadas cinco Ações Diretas de Inconstitucional movidas pela organização contra a legislação de quatro Estados: Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Bahia.
O placar terminou em 8 a 3. Votaram a favor das empresas de telecomunicação os ministros Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello, Dias Toffoli, Teori Zavascki, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski. Já os ministros Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Rosa Weber foram contra as ações movidas pela associação.
Segundo Gilmar Mendes, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, está atento a essa questão e estuda uma maneira de coibir o uso de celulares nos presídios brasileiros.
Fux, por sua vez, afirmou que o governo federal não pode transferir a sua obrigação para as concessionárias. “Os celulares entram nos presídios por omissão do Estado, e este quer repassar os custos para as empresas?”, questionou.
Os três ministros vencidos defenderam que as legislações estaduais, que determinam a instalação de equipamentos para bloquear sinal de celular, são uma questão de segurança e não invadem competência da União ao regulamentar serviço de telecomunicações.
Apressar impeachment não fere direito de defesa
Há base jurídica para apressar o calendário do julgamento final de Dilma, não bastasse a necessidade de se votarem com urgência as reformas do ajuste fiscal
O Globo
Da aceitação do pedido de impeachment de Dilma, em dezembro do ano passado, pelo ainda presidente da Câmara Eduardo Cunha, até hoje passaram-se oito meses.
Neste meio tempo, já houve duas votações em plenário — uma na Câmara e a outra no Senado —, transcorreram incontáveis debates, foram ouvidas testemunhas de lado a lado, ocorreram demonstrações de boa oratória do advogado da presidente afastada, ex-ministro José Eduardo Cardozo, tudo dentro dos limites legais, com absoluto respeito ao direito de defesa. Apressar o rito final do processo é, portanto, proposta razoável.
Depois de encontro com o presidente interino, Michel Temer, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), teria passado a trabalhar também por uma antecipação deste rito final, do dia 29 para 25 ou 26.
Consta que o presidente do Supremo, ministro Ricardo Lewandowski, a autoridade máxima no julgamento de Dilma pelos senadores, não se oporia a esta mudança.
Não haveria empecilho jurídico pelo lado da garantia dos direitos da defesa. O Supremo, afinal, definiu o rito da tramitação do processo, obedecido até agora pelo Congresso. E todas as dúvidas têm sido levadas à Corte, resolvidas por ela com presteza. Portanto, o que não tem faltado na tramitação deste processo de impeachment é respeito aos direitos legais da presidente afastada.
A Corte barrou tentativa de PT e aliados de sustar e retardar o processo, enquanto, depois da Câmara, o Senado tem feito o mesmo, sempre dentro de leis e regimentos.
O que existe é uma estratégia de PT e aliados, a nova oposição, de, por meio de chicanas parlamentares, tentar alongar ao máximo a tramitação do processo. Por exemplo, com pedidos descabidos para se ouvir testemunhas já citadas na defesa feita na comissão do impeachment por Cardozo.
As manobras, desesperadas, são para ganhar tempo, à espera de algo que prejudique o governo. Como uma citação de Temer em alguma delação na Lava-Jato e/ou uma vingança de Eduardo Cunha, por se sentir talvez abandonado pelo presidente interino, na contagem regressiva para a cassação.
Ora, enquanto isso, o sopro de otimismo com o afastamento de Dilma, expresso em alguns índices econômicos, tende a se esvair, à medida que o governo interino, sem resistir a pressões políticas e de corporações, cede no ajuste fiscal, o que degrada as expectativas e ameaça colocar o país de volta à estaca zero do final da gestão Dilma.
Não importa se virão ou não denúncias que comprometam Temer. Não se pode é barrar o processo de impedimento de Dilma em nome disso. Apressar-se o desfecho do impeachment é o melhor para o país.
Obra da Linha 4 do metrô está sob suspeita
Relatório do TCE aponta superfaturamento e sobrepreços, que podem ter gerado prejuízo de R$ 2,3 bi
Chico Otavio / Gustavo Schmitt - O Globo
RIO - Técnicos do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) apuraram que as obras da Linha 4 do metrô (Ipanema-Barra), inaugurada no sábado, podem ter causado prejuízo aos cofres públicos de R$ 2,3 bilhões. A conclusão consta em relatório de auditoria governamental ordinária, feita entre julho e dezembro do ano passado, que foi encaminhada esta semana para a conselheira do órgão, Marianna Montebello, que será a relatora do processo, sem data ainda para ir a julgamento em plenário. O documento, ao qual O GLOBO teve acesso, aponta “ilegalidades graves” nos gastos.
No relatório, os auditores alertam para a gravidade dos problemas encontrados, como “afronta ao dever de licitar, bem como irregularidades que culminaram em superfaturamento e sobrepreços”. A análise compreende despesas de R$ 8,4 bilhões, contratadas até dezembro de 2015. No entanto, o valor total da Linha 4 — uma das obras mais caras da Olimpíada e que contou com financiamento federal através do BNDES — ficou em R$ 9,7 bilhões.
COTAÇÕES ACIMA DO MERCADO
Os técnicos destacam as irregularidades por tipo de despesa. Do total do prejuízo apurado, a auditoria estimou que R$ 1,193 bilhão foi gasto com itens cotados a preços acima do praticado pelo mercado. Também foi constatado que outros R$ 837,6 milhões se referem a serviços, cujas medições estão, segundo os técnicos do TCE, em desconformidade com o contrato da Linha 4. O relatório também aponta que os responsáveis pelas obras lançavam nas medições quantidades superiores para os trechos que estavam sendo efetivamente executados, onerando os custos em R$ 296,6 milhões. Por fim, há ainda R$ 6,8 milhões de prejuízo relacionado a obras em “quantidade executada superior ao efetivamente necessário". Um dos exemplos de irregularidades citadas nos documentos se refere ao transporte de resíduos para descarte em Senador Camará, na Baixada Fluminense. Os valores lançados nas medições informavam que o transporte era feito num caminhão de caçamba de cinco metros cúbicos. Porém, a auditoria descobriu que as caçambas utilizadas eram de 17 metros cúbicos, o que requereria menos viagens e reduziria os custos com o transporte.
A participação do estado na obra, revelou a auditoria, praticamente dobrou desde que o contrato original foi firmado em 1998. Na época, o governo tinha obrigação de arcar com 45% (R$ 392 milhões) dos gastos, contra 55% da concessionária (R$ 487 milhões). Doze anos depois, o governo passou a responder por 87%, e a iniciativa privada, por apenas 13%. Também foram encontradas irregularidades nos quatro termos aditivos feitos pelo estado, que extrapolaram em 25% o valor do contrato original, o que é vedado pela Lei de Licitações.
O relatório da corte estadual cita o representante legal da concessionária responsável pelas obras, a Rio-Barra, como um dos que deverão dar explicações sobre as despesas. Também determina que sejam notificados o ex-governador Sérgio Cabral Filho e o governador licenciado, Luiz Fernando Pezão. São citados ainda os ex-secretários de Transportes, Julio Lopes, que hoje é deputado federal pelo PP, e o deputado estadual Carlos Osorio, que atualmente disputa a eleição para a prefeitura do Rio pelo PSDB, além de Tatiana Vaz Carius, então diretora presidente da Companhia de Transporte sobre Trilhos do estado (Riotrilhos) e do diretor da empresa, Heitor Lopes de Souza, responsável por atestar as medições das obras.
Após tomar conhecimento da auditoria, o secretário geral de Controle Externo do tribunal, Carlos Roberto de Freitas Leal, pediu o afastamento dos fiscais da obra. Já o presidente do TCE, Jonas Lopes, informou que o tribunal retoma os trabalhos no próximo dia 23 e que a conselheira Marianna Montebello terá 60 dias para apresentar seu voto.
CONCESSIONÁRIA DIZ QUE TCE VALIDOU PREÇOS
Não é a primeira vez que o tribunal encontra irregularidades em obras dos Jogos feitas pelo governo estadual. No início do mês passado, a corte aprovou por unanimidade o bloqueio de R$ 198 milhões das contas do governo em créditos vigentes das construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez, relativos a gastos acima dos previstos para o Maracanã. Tanto a obra do Maracanã quanto a da Linha 4 do metrô estão sob investigação da Operação Lava Jato, do Ministério Público Federal (MPF). A Odebrecht lidera o consórcio Linha 4 Sul (trecho Ipanema-Gávea) e também participa do consórcio Rio Barra, no sentido Barra-Gávea.
Em nota sobre o relatório do TCE, o Ministério Público Especial, que atua junto ao tribunal, disse que a auditoria aponta “irregularidades gravíssimas” que devem ser apuradas com rigor. O Rio Barra esclarece que os preços praticados e a execução da obra foram validados por auditorias, inclusive pelo TCE. A empresa disse que não recebeu ainda o relatório e por isso não iria se manifestar. O estado alegou não ter sido notificado, assim como o governador licenciado Luiz Fernando Pezão. O ex-governador Sérgio Cabral e o deputado Julio Lopes também disseram que ainda não tiveram ciência do relatório. Apenas Osorio não retornou as ligações.
HISTÓRIA DO TRAJETO COMEÇOU NA DÉCADA DE 1990
As obras da Linha 4 do metrô começaram em junho de 2010 e devem custar quase R$ 9,7 bilhões. O valor representa quase o dobro dos R$ 5 bilhões previstos no orçamento inicial.
A concessão da Linha 4 foi feita em 1998, ainda no governo de Marcello Alencar. O projeto do metrô para a Barra só foi levado adiante por causa da Olimpíada. Mesmo assim, com o traçado modificado — em vez de seguir pelo Jardim Botânico até Botafogo, a via tomou o rumo de Ipanema.
O governo, no entanto, utilizou o mesmo contrato sem que fosse feita uma nova licitação, o que é alvo de questionamentos do Ministério Público, que investiga o caso. E a estação Gávea deixou de ser olímpica e ficou para 2018. Porém, ainda há uma incógnita sobre a fonte dos recursos para a conclusão dos trabalhos, já que ainda faltam R$ 500 milhões.
O governo só conseguiu entregar o metrô no último sábado, a tempo da Olimpíada, graças a uma socorro de R$ 2,9 bilhões da União ao Rio, no mês passado. Pelo cronograma dos Jogos, as obras da Linha 4 deveriam ter sido concluídas em dezembro, iniciando-se uma fase de testes, para que a operação comercial fosse deflagrada em 1º de junho. No entanto, atrasos na execução e no repasse de verbas modificaram o cronograma.
Após os Jogos, a via operará para o público, inicialmente, em horário reduzido (das 11h às 15h) e com baldeação para a Linha 1 na Estação General Osório, em Ipanema.
A expectativa da operadora (Metrô Rio) é que, até o fim do ano, a Linha 4 funcione em horário integral, com 15 trens e intervalos de quatro minutos.
Idosos órfãos de filhos vivos são os novos desvalidos do século XXI
Ana Fraiman - Portal Plena
Atenção e carinho estão para a alegria da alma, como o ar que respiramos está para a saúde do corpo. Nestas últimas décadas surgiu uma geração de pais sem filhos presentes, por força de uma cultura de independência e autonomia levada ao extremo, que impacta negativamente no modo de vida de toda a família. Muitos filhos adultos ficam irritados por precisarem acompanhar os pais idosos ao médico, aos laboratórios. Irritam-se pelo seu andar mais lento e suas dificuldades de se organizar no tempo, sua incapacidade crescente de serem ágeis nos gestos e decisões.
A ordem era essa: em busca de melhores oportunidades, vinham para as cidades os filhos mais crescidos e não necessariamente os mais fortes, que logo traziam seus irmãos, que logo traziam seus pais e moravam todos sob um mesmo teto, até que a vida e o trabalho duro e honesto lhes propiciassem melhores condições. Este senhor, com olhos sonhadores, rememorava com saudade os tempos em que cavavam buracos nas terras e ali dormiam, cheios de sonho que lhes fortalecia os músculos cansados. Não importava dormir ao relento. Cediam ao cansaço sob a luz das estrelas e das esperanças.
A evasão dos mais jovens em busca de recursos de sobrevivência e de desenvolvimento, sempre ocorreu. Trabalho, estudos, fugas das guerras e perseguições, a seca e a fome brutal, desde que o mundo é mundo pressionou os jovens a abandonarem o lar paterno. Também os jovens fugiram da violência e brutalidade de seus pais ignorantes e de mau gênio. Nada disso, porém, era vivido como abandono: era rompimento nos casos mais drásticos. Era separação vivida como intervalo, breve ou tornado definitivo, caso a vida não lhes concedesse condição futura de reencontro, de reunião. 
Separação e responsabilidade
Assim como os pais deixavam e, ainda deixam seus filhos em mãos de outros familiares, ao partirem em busca de melhores condições de vida, de trabalho e estudos, houve filhos que se separaram de seus pais. Em geral, porém, isso não é percebido como abandono emocional. Não há descaso nem esquecimento. Os filhos que partem e partiam, também assumiam responsabilidades pesadas de ampará-los e aos irmãos mais jovens. Gratidão e retorno, em forma de cuidados ainda que à distância. Mesmo quando um filho não está presente na vida de seus pais, sua voz ao telefone, agora enviada pelas modernas tecnologias e, com ela as imagens nas telinhas, carrega a melodia do  afeto, da saudade e da genuína preocupação. E os mais velhos nutrem seus corações e curam as feridas de suas almas, por que se sentem amados e podem abençoá-los. Nos tempos de hoje, porém, dentro de um espectro social muito amplo e profundo, os abandonos e as distâncias não ocupam mais do que algumas quadras ou quilômetros que podem ser vencidos em poucas horas. Nasceu uma geração de ‘pais órfãos de filhos’. Pais órfãos que não se negam a prestar ajuda financeira. Pais mais velhos que sustentam os netos nas escolas e pagam viagens de estudo fora do país. Pais que cedem seus créditos consignados para filhos contraírem dívidas em seus honrados nomes, que lhes antecipam herança. Mas que não têm assento à vida familiar dos mais jovens, seus próprios filhos e netos, em razão – talvez, não diretamente de seu desinteresse, nem de sua falta de tempo – mas da crença de que seus pais se bastam. 
Este estilo de vida, nos dias comuns, que não inclui conversa amena e exclui a ‘presença a troco de nada, só para ficar junto’, dificulta ou, mesmo, impede o compartilhar de valores e interesses por parte dos membros de uma família na atualidade, resulta de uma cultura baseada na afirmação das individualidades e na política familiar focada nos mais jovens, nos que tomam decisões ego-centradas e na alta velocidade: tudo muito veloz, tudo fugaz, tudo incerto e instável. Vida líquida, como diz Zygmunt Bauman, sociólogo polonês. Instalou-se e aprofundou-se nos pais, nem tão velhos assim, o sentimento de abandono. E de desespero. O universo de relacionamento nas sociedades líquidas assegura a insegurança permanente e monta uma armadilha em que redes sociais são suficientes para gerar controle e sentimento de pertença. Não passam, porém de ilusões que mascaram as distâncias interpessoais que se acentuam e que esvaziam de afeto, mesmo aquelas que são primordiais: entre pais e filhos e entre irmãos. O desespero calado dos pais desvalidos, órfãos de quem lhes asseguraria conforto emocional e, quiçá material, não faz parte de uma genuína renúncia da parte destes pais, que ‘não querem incomodar ninguém’, uma falsa racionalidade – e é para isso que se prestam as racionalizações – que abala a saúde, a segurança pessoal, o senso de pertença. É do medo de perder o pouco que seus filhos lhes concedem em termos de atenção e presença afetuosa. O primado da ‘falta de tempo’ torna muito difícil viver um dia a dia em que a pessoa está sujeita ao pânico de não ter com quem contar. 
A irritação por precisar mudar alguns hábitos. Muitos filhos adultos ficam irritados por precisarem acompanhar os pais idosos ao médico, aos laboratórios. Irritam-se pelo seu andar mais lento e suas dificuldades de se organizar no tempo, sua incapacidade crescente de serem ágeis nos gestos e decisões. Desde os poucos minutos dos sinais luminosos para se atravessar uma rua, até as grandes filas nos supermercados, a dificuldade de caminhar por calçadas quebradas e a hesitação ao digitar uma senha de computador, qualquer coisa que tire o adulto de seu tempo de trabalho e do seu lazer, ao acompanhar os pais, é causa de irritação. Inclusive por que o próprio lazer, igualmente, é executado com horário marcado e em espaço determinado. Nas salas de espera veem-se os idosos calados e seus filhos entretidos nos seus jornais, revistas, tablets e celulares. Vive-se uma vida velocíssima, em que quase todo o tempo do simples existir deve ser vertido para tempo útil, entendendo-se tempo útil como aquele que também é investido nas redes sociais. Enquanto isso, para os mais velhos o relógio gira mais lento, à medida que percebem, eles próprios, irem passando pelo tempo. O tempo para estar parado, o tempo da fruição está limitado. Os adultos correm para diminuir suas ansiosas marchas em aulas de meditação. Os mais velhos têm tempo sobrante para escutar os outros, ou para lerem seus livros, a Bíblia, tudo aquilo que possa requerer reflexão. Ou somente uma leve distração. Os idosos leem o de que gostam. Adultos devoram artigos, revistas e informações sobre o seu trabalho, em suas hiper especializações. Têm que estar a par de tudo just in time – o que não significa exatamente saber, posto que existe grande diferença entre saber e tomar conhecimento. Já, os mais velhos querem mais é se livrar do excesso de conhecimento e manter suas mentes mais abertas e em repouso. Ou, então, focadas naquilo que realmente lhes faz bem como pessoa. Restam poucos interesses em comum a compartilhar. Idosos precisam de tempo para fazer nada e, simplesmente recordar. Idosos apreciam prosear. Adultos têm necessidade de dizer e de contar. A prosa poética e contemplativa ausentou-se do seu dia a dia. Ela não é útil, não produz resultados palpáveis. 
A dificuldade de reconhecer a falta que o outro faz.
Do prisma dos relacionamentos afetivos e dos compromissos existenciais, todas as gerações têm medo de confessar o quanto o outro faz falta em suas vidas, como se isso fraqueza fosse. Montou-se, coletivamente, uma enorme e terrível armadilha existencial, como se ninguém mais precisasse de ninguém. A família nuclear é muito ameaçadora. para o conforto, segurança e bem-estar: um número grande de filhos não mais é bemvindo, pais longevos não são bem tolerados e tudo isso custa muito caro, financeira, material e psicologicamente falando. Sobrevieram a solidão e o medo permanente que impregnam a cultura utilitarista, que transformou as relações humanas em transações comerciais. As pessoas se enxergam como recursos ou clientes. Pais em desespero tentam comprar o amor dos filhos e temem os ataques e abandono de clientes descontentes. Mas, carinho de filho não se compra, assim como ausência de pai e mãe não se compensa com presentes, dinheiro e silêncio sobre as dores profundas as gerações em conflito se infringem. Por vezes a estratégia de condutas desviantes dão certo, para os adolescentes conseguirem trazer seus pais para mais perto, enquanto os mais idosos caem doentes, necessitando – objetivamente – de cuidados especiais. Tudo isso, porém, tem um altíssimo custo. Diálogo? Só existe o verdadeiro diálogo entre aqueles que não comungam das mesmas crenças e valores, que são efetivamente diferentes. Conversar, trocar ideias não é dialogar. Dialogar é abrir-se para o outro. É experiência delicada e profunda de auto revelação. Dialogar requer tempo, ambiente e clima, para que se realizem escutas autênticas e para que sejam afastadas as mútuas projeções. O que sabem, pais e filhos, sobre as noites insones de uns e de outros? O que conversam eles sobre os receios, inseguranças e solidão? E sobre os novos amores? Cada geração se encerra dentro de si própria e age como se tudo estivesse certo e correto, quando isso não é verdade.
A dificuldade de reconhecer limites característicos do envelhecimento dos pais. Este é o modelo que se pode identificar. Muito mais grave seria não ter modelo. A questão é que as dores são tão mascaradas, profundas e bem alimentadas pelas novas tecnologias, inclusive, que todas as gerações estão envolvidas pelo desejo exacerbado de viver fortes emoções e correr riscos desnecessários, quase que diariamente. Drogas e violência toldam a visão de consequências e sequestram as responsabilidades. Na infância e adolescência os pais devem ser responsáveis pelos seus filhos. Depois, os adultos, cada qual deve ser responsável por si próprio. Mais além, os filhos devem ser responsáveis por seus pais de mais idade. E quando não se é mais nem tão jovem e, ainda não tão idoso que se necessite de cuidados permanentes por parte dos filhos? Temos aí a geração de pais desvalidos: pais órfãos de seus filhos vivos. E estes respondem, de maneira geral, ou com negligência ou, com superproteção. Qualquer das formas caracteriza maus cuidados e violência emocional. 
Na vida dos mais velhos alguns dos limites físicos e mentais vão se instalando e vão mudando com a idade. Dos pais e dos filhos. Desobrigados que foram de serem solidários aos seus pais, os filhos adultos como que se habituaram a não prestarem atenção às necessidades de seus pais, conforme envelhecem. Mantêm expectativas irrealistas e não têm pálida ideia do que é ter lutado toda uma vida para se auto afirmar, para depois passar a viver com dependências relativas e dar de frente com a grande dor da exclusão social. A começar pela perda dos postos de trabalho e, a continuar, pela enxurrada de preconceitos que se abatem sobre os idosos, nas sociedades profundamente preconceituosas e fóbicas em relação à morte e à velhice. Somente que, em vez de se flexibilizarem, uns e outros, os filhos tentam modificar seus pais, ensinando-lhes como envelhecer. Chega a ser patético. Então, eles impõem suas verdades pós-modernas e os idosos fingem acatar seus conselhos, que não foram pedidos e nem lhes cabem de fato.
De onde vem a prepotência de filhos adultos e netos adolescentes que se arrogam saber como seus pais e avós devem ser, fazer, sentir e pensar ao envelhecer? É risível o esforço das gerações mais jovens, querendo educa-los, quando o envelhecimento é uma obra social e, mais, profundamente coletiva, da qual os adultos de hoje - que justa, porém indevidamente - cultivam os valores da juventude permanente e, da velhice não fazem a mais pálida ideia. Além do que, também não têm a menor noção de como haverão eles próprios de envelhecer, uma vez que está em curso uma profunda mudança nas formas, estilos e no tempo de se viver até envelhecer naturalmente e, morrer a Boa Morte. Penso ser uma verdadeira utopia propor, neste momento crítico, mudanças definidas na interação entre pais e filhos e entre irmãos. Mudanças definidas e, de nenhuma forma definitivas, porém, um tanto mais humanas, sensíveis e confortáveis. O compartilhar é imperativo. O dialogar poderá interpor-se entre os conflitos geracionais, quem sabe atenuando-os e reafirmando a necessidade de resgatar a simplicidade dos afetos garantidos e das presenças necessárias para a segurança de todos.
Quando a solidão e o desamparo, o abandono emocional, forem reconhecidos como altamente nocivos, pela experiência e pelas autoridades médicas, em redes públicas de saúde e de comunicação, quem sabe ouviremos mais pessoas que pensam desta mesma forma, porém se auto impuseram a lei do silêncio. Por vergonha de se declararem abandonados justamente por aqueles a quem mais se dedicaram até então. É necessário aprender a enfrentar o que constitui perigo, alto risco para a saúde moral e emocional para cada faixa etária. Temos previsão de que, chegados ao ano de 2.035, no Brasil haverá mais pessoas com 55 anos ou mais de idade, do que crianças de até dez anos, em toda a população. E, com certeza, no seio das famílias. Estudos de grande envergadura em relação ao envelhecimento populacional afirmam que a população de 80 anos e mais é a que vai quadruplicar de hoje até o ano de 2.050. O diálogo, portanto, intra e intergeracional deve ensaiar seus passos desde agora. O aumento expressivo de idosos acima dos 80 anos nas políticas públicas ainda não está, nem de longe, sendo contemplado pelas autoridades competentes. As medidas a serem tomadas serão muito duras. Ninguém de nós vai ficar de fora. Como não deve permanecer fora da discussão sobre o envelhecimento populacional mundial e as estratégias para enfrentá-lo.  
Para ler na integra acesse http://anafraiman.com.br/wp-content/uploads/2016/05/IDOSOS-%C3%B3rf%C3%A3os-de-filhos-vivos-os-novos-desvalidos.pdf
Bandidos capturam turistas que fotografavam favela no Rio
Três suecos chegaram a ser levados por traficantes para dentro do Complexo do Lins. Bope foi tentar resgatar o grupo, que acabou liberado
Enquanto um ônibus com cerca de 40 passageiros foi sequestrado na Ilha do Fundão, três turistas suecos foram capturados por criminosos que controlam as bocas de fumo do Complexo do Lins, uma área que para o governo do Rio de Janeiro é considerada “pacificada” há três anos pela implantação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
O episódio ocorreu no início da noite na Estrada Grajaú-Jacarepaguá, que liga a zona norte à zona oeste, onde está localizado o Parque Olímpico. O caso foi levado para a delegacia do Engenho Novo, mas como os turistas ainda não haviam aparecido, o Batalhão de Operações Especiais (Bope) foi acionado e iniciou uma incursão para tentar resgatar o trio. Os próprios bandidos, no entanto, libertaram o grupo.
De acordo com as primeiras informações obtidas pela Polícia Militar, dois homens e uma mulher – cujo os nomes ainda não foram divulgados – estavam dentro de um carro da Uber quando teriam pedido para fazer fotos do cenário. Neste momento eles foram abordados por traficantes que seriam do Morro da Cachoeira Grande, imaginando terem sido fotografados. O motorista do Uber saiu em busca de ajuda.
O site de VEJA conversou com o motorista do Uber, que estava bastante assustado com o crime. “Busquei eles em Jacarepaguá para levar no centro. Ali eles pediram para fazer foto. Ainda alertei que era perigoso, mas eles insistiram. Um saiu do carro e começou a fazer fotos e filmagem. De repente, um cara veio com a pistola e mandou a gente entrar na favela. Eles foram saindo do carro, eu aproveitei e fugi para buscar ajuda”, contou.
Uma equipe da Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat) e outra da 25ª DP, onde o caso foi registrado, está a caminho do hotel em que os suecos estão hospedados para ouvi-los. Todos passam bem.
Apesar do discurso de pacificação, a UPP já foi expulsa desta região do Complexo do Lins no final do ano passado, como revelou o site de VEJA em janeiro. Por isso, somente o Bope poderia tentar localizar os turistas. A Grajaú-Jacarepaguá chegou a ficar interditada, mas logo em seguida surgiu a notícia de que os turistas haviam sido liberados pelos criminosos.
Ataque com faca deixa um morto e cinco feridos em Londres
Suspeito foi preso no local; polícia diz que 'terrorismo é uma das possibilidades'
VEJA
Ataque aconteceu perto da Russell Square, no centro de LondresAtaque aconteceu perto da Russell Square, no centro de Londres (CNN/Reprodução)
Um ataque com faca deixou uma mulher morta e cinco feridos na noite desta quarta-feira, no centro de Londres. Um homem foi preso no local, após ter sido imobilizado pela polícia com o uso de uma arma de choque. As autoridades afirmaram que “terrorismo é uma das possibilidades investigadas”.
O ataque aconteceu por volta das 22h30 locais (18h30 de Brasília) na região da Russell Square, localizada no centro da cidade e perto do Museu Britânico. A polícia se dirigiu ao local depois de uma denúncia de que um homem com uma faca estava atacando pessoas.
Um comunicado da polícia sobre a ocorrência informa que a vítima chegou a ser atendida pelas equipes de emergência com vida, mas morreu pouco depois. As autoridades ainda não divulgaram o estado de saúde dos feridos.
 
Washington Post’ resume o Brasil em palavras como ‘petralha’ e ‘coxinha’
Daniel Buarque
palaUm estrangeiro anglófono que vem ao Brasil para a Olimpíada precisa saber mais do que “obrigado'' em português para entender o momento atual do Brasil, segundo uma reportagem publicada pelo jornal norte-americano “The Washington Post''.
O jornal listou as seis palavras que resumem a situação do país. “A cultura brasileira é muito mais complicada do que 'saudade''', diz, apresentando um glossário do Brasil de hoje.
A palavra da vez, que abre a lista, é “crise''. “A palavra crise se tornou uma explicação simplificada para explicar tudo o que deu errado ao longo do último ano'', explica.
A publicação diz que estrangeiros também precisam entender a “gourmetização'', “ato de tornar tudo, especialmente comidas, mais sofisticado e, consequentemente, mais caro''.
Dentro da atual polarização política do país, o “Washington Post'' também recomenda saber o que significa “petralha'' e “coxinha''.
“Estereótipos negativos de um petralha incluem um preguiçoso beneficiário de programas do governo, um sindicalista em greve ou um estudante barbado e fumador de maconha em um curso universitário de sociologia'' – “Estereótipos negativos de um coxinha são playboys ricos, vestindo camisa polo com a gola levantada, usando óculos ray-ban comprados em Miami e relógio que ganharam do pai no natal'', diz, irônico.
As últimas palavras da lista são “jeitinho'' e “zoeira''.
O primeiro é definido como “habilidade de se livrar de situações difíceis'', enquanto o segundo é referência a brincadeiras, mesmo quando as coisas vão mal.