Em entrevista a jornaleco de esquerda, a futura impichada identifica os inimigos...
Reinaldo Azevedo - VEJA
Ai,
ai!!! Dilma Rousseff, vivendo a solidão do Palácio da Alvorado, resolveu
dar uma entrevista a um jornaleco de esquerda e conclamou seu partido a
fazer, ora vejam!, uma autocritica. Afirmou:
“Eu acredito que o PT precisa passar por uma grande transformação. Primeiro, uma grande transformação em que se reconheçam todos os erros que cometeu do ponto de vista da questão ética e da condução de todos os processos de uso de verbas públicas”.
“Eu acredito que o PT precisa passar por uma grande transformação. Primeiro, uma grande transformação em que se reconheçam todos os erros que cometeu do ponto de vista da questão ética e da condução de todos os processos de uso de verbas públicas”.
A fala é
vazada naquele dilmês castiço, cuja especialidade é tornar o fácil
difícil. Dalva de Oliveira teria dito isso tudo em duas palavras:
“Errei, sim!”. Mas Dilma é Dilma, e jamais abrirá mão de substituir duas
palavras por duzentas. Afinal, assim ela consegue não dizer porcaria
nenhuma, mas com aparência de profundidade.
Sabe-se
que o partido já desistiu de Dilma e considera o impeachment favas
contadas. Mais do que isso: quer se livrar da sua herança maldita. O PT
não a quer nos palanques na eleição municipal. Pretende ainda mantê-la
longe do horário eleitoral gratuito. Ao afirmar que é a legenda que
precisa passar por uma “transformação”, é claro que Dilma busca se
eximir de todos os erros.
Para a
futura presidente impichada, essa verdadeira máquina de cometer crimes
que é o PT também é inocente. Os erros a que ela se refere teriam sido
cometidos por pessoas. Afirmou:
“Nós vamos ter de resgatar isso [o legado]. Não é possível que se confunda o erro individual de algumas pessoas, que são passíveis de erros, com o erro de uma instituição. A instituição tem de ser preservada”.
“Nós vamos ter de resgatar isso [o legado]. Não é possível que se confunda o erro individual de algumas pessoas, que são passíveis de erros, com o erro de uma instituição. A instituição tem de ser preservada”.
Dizer o
quê? Na entrevista, a petista voltou a se referir ao impeachment como um
golpe e deixou claro quais seriam os seus alvos caso conseguisse
escapar: os partidos que lhe faziam oposição, o PMDB, a “grande mídia” e
o empresariado.
Ah, bom!
Então ficou fácil, né? Se aí estão os que ela considera “golpistas”,
caso se livre da condenação, ela já sabe o que fazer: terá de combater o
empresariado, a imprensa, o PMDB, o PSDB e o DEM, entre outras forças. E
isso seria feito com petistas ajoelhados no milho, dedicados à
autocrítica.
Acho, sim,
espantoso que o Brasil tenha ficado por longos 13 anos sob o domínio de
uma máquina criminosa, dedicada ao assalto sistemático do Estado. Mas
não me causa menos espécie que, nesse tempo, tenha sido essa a qualidade
do pensamento que se conseguiu produzir.
A
entrevista concedida por Dilma explica por que precisamos virar
rapidamente essa página. A indigência a que estamos submetidos não é
apenas moral. É também, e talvez acima de tudo, intelectual.
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