sábado, 30 de abril de 2016
6 ações para um novo estado do Rio de Janeiro
Acompanhamos
na mídia a crise fiscal ao qual passa o estado do Rio de Janeiro, com
atrasos e parcelamento de salários, alto endividamento com entes
privados e com a União, serviços públicos sucateados e greves sindicais
fazendo com que o governo não tenha paz para trabalhar. Propor 6 ações
que possam fazer com que o segundo maior estado do país em arrecadação
reencontre o caminho do crescimento:
A lista não é exaustiva, mas serve como sinal sobre qual caminho o estado do Rio de Janeiro precisa seguir. Os atrasos nos pagamentos, os parcelamento de salários e os serviços públicos sucateados são todos consequências de uma gestão estadual que mimetiza os erros do governo federal. Irresponsabilidade fiscal, aumento de tributação e endividamento são os elementos essenciais para a receita do fracasso. É hora de um pouco de racionalidade econômica para colocar o estado do Rio de Janeiro em um novo caminho de prosperidade.
- Parcerias público-privadas com as universidades estaduais;
- Manutenção das renúncias fiscais e concessão controlada;
- Demissão de funcionários com cargos comissionados;
- Remanejamento de secretarias para prédios já pertencentes ao governo;
- Redução de secretarias estaduais;
- Auditoria das contas do governo
A lista não é exaustiva, mas serve como sinal sobre qual caminho o estado do Rio de Janeiro precisa seguir. Os atrasos nos pagamentos, os parcelamento de salários e os serviços públicos sucateados são todos consequências de uma gestão estadual que mimetiza os erros do governo federal. Irresponsabilidade fiscal, aumento de tributação e endividamento são os elementos essenciais para a receita do fracasso. É hora de um pouco de racionalidade econômica para colocar o estado do Rio de Janeiro em um novo caminho de prosperidade.
Chegou a hora da UNE prestar contas à sociedade
Fernando Fernandes - IL
A União Nacional dos Estudantes (UNE) é figura cativa nas manifestações pró-governo. Tem atitudes condizentes com a cartilha da esquerda. Será que eles realmente representam os interesses dos estudantes universitários do País? Ela sempre foi assim, um mero instrumento do governo?
Fundada em 1938, no II Congresso Nacional dos Estudantes, e já em 1940 se viu engajada em forte trabalho de militância contra o fascismo de Getúlio Vargas, aliado às forças do Eixo – Alemanha, Itália e Japão. A sede histórica da UNE, no Rio de Janeiro, por exemplo, é fruto deste confronto entre o autoritarismo do Estado Novo e o espírito liberal-libertário da juventude. A UNE das décadas de 1940 e 1950 ficou conhecida por uma busca pela realidade democrática baseada na defesa da liberdade e da democracia, o que inexoravelmente culmina no enfrentamento da doutrinação política, do autoritarismo no ambiente universitário e até do comunismo.
Entretanto, atualmente pululam iniciativas no Brasil todo como a intenção de substituir a suposta entidade máxima dos estudantes: a Aliança pela Liberdade, o Movimento Universidade Livre, a Associação Catarinense de Estudantes, dentre outras iniciativas. Por que agora isso mudou?
Não são poucas as denúncias relacionadas com fraudes acerca das eleições e da falta de transparência de um órgão que deveria ser um exemplo em termos de horizontalidade na gestão, prestação de contas, ética e representação estudantil. O descaso da UNE com os problemas reais dos estudantes e sua falta de posicionamento institucional é resultado da inoperância da entidade, que há anos é dirigida pelo mesmo grupo político que apoia, cegamente, o governo federal e que foram comprados através de trocas político-partidárias e pelos patrocínios de empresas públicas como Correios, Caixa Econômica e Petrobrás.
Um artigo publicado pelo Spotniks traz informações recolhidas no portal de transparência da Petrobras, nos patrocínios do BNDES e nos Convênios do Portal da Transparência, mostrando que a UNE já recebeu R$ 55,9 milhões da administração pública, entre doações de estatais, transferências diretas e patrocínios de ministérios.
O Antagonista menciona, também, que a UNE realizará uma obra em sua sede que vai custar R$ 65 milhões, dos quais R$ 44,6 milhões são a título de indenização do governo por danos sofridos nos tempos da ditadura. E, além disto, o blog questiona se a UNE irá indenizar a União pelos R$ 6,7 milhões embolsados em convênios federais cujas prestações de contas foram declaradas irregulares, por ser uma entidade impedida de celebrar convênios, contratos de repasse ou termos de parceria com a administração pública federal. Dinheiro que saiu do seu bolso!
Os últimos anos foram recheados de cortes que impulsionariam a educação no Brasil, financiamentos estudantis recusados, bolsas de iniciação científica cortadas, e milhares de estudantes prejudicados, com cortes que somam mais de R$ 9,4 bilhões (sim, BILHÕES!), realizados pelo governo federal. Mas a entidade criada para defender os interesses dos estudantes renega sua posição histórica de oposição.
Na prática, a UNE dá guarida à defesa dos Crimes de Responsabilidade e “resgata” políticos que são conduzidos coercitivamente pela justiça, servindo em uma posição subalterna aos interesses do governo federal. A maior representação dos estudantes brasileiros, hoje, respalda governos totalitários do eixo bolivariano e os desmandos que tanto prejudicam os universitários, bem como, exibe toda sua valentia em defesa da Petrobras, não como uma posição política, mas como uma contrapartida às vultosas verbas enviadas a título de patrocínio de eventos estudantis.
Se tudo isto não fosse suficiente, a UNE construiu um retrospecto de fraudes tanto no Ministério da Cultura quanto no Ministério dos Esportes, como aponta o Tribunal de Contas da União. A sociedade precisa saber o que se passa numa entidade tão importante e de tantas tradições quanto a UNE.
Sendo assim, foi criada uma petição pública e um site para apoiar a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, a fim de apurar essas irregularidades apontadas pelo TCU liga a União Nacional dos Estudantes. Vimos que a pressão popular tem, sim, efeito sobre o que é feito no Congresso, haja vista as manifestações pró-impeachment e o andamento do processo na Câmara dos Deputados. Vamos, mais uma vez, fazer a nossa parte em buscar de um Brasil livre e melhor.
Fernando Fernandes - IL
A União Nacional dos Estudantes (UNE) é figura cativa nas manifestações pró-governo. Tem atitudes condizentes com a cartilha da esquerda. Será que eles realmente representam os interesses dos estudantes universitários do País? Ela sempre foi assim, um mero instrumento do governo?
Fundada em 1938, no II Congresso Nacional dos Estudantes, e já em 1940 se viu engajada em forte trabalho de militância contra o fascismo de Getúlio Vargas, aliado às forças do Eixo – Alemanha, Itália e Japão. A sede histórica da UNE, no Rio de Janeiro, por exemplo, é fruto deste confronto entre o autoritarismo do Estado Novo e o espírito liberal-libertário da juventude. A UNE das décadas de 1940 e 1950 ficou conhecida por uma busca pela realidade democrática baseada na defesa da liberdade e da democracia, o que inexoravelmente culmina no enfrentamento da doutrinação política, do autoritarismo no ambiente universitário e até do comunismo.
Entretanto, atualmente pululam iniciativas no Brasil todo como a intenção de substituir a suposta entidade máxima dos estudantes: a Aliança pela Liberdade, o Movimento Universidade Livre, a Associação Catarinense de Estudantes, dentre outras iniciativas. Por que agora isso mudou?
Não são poucas as denúncias relacionadas com fraudes acerca das eleições e da falta de transparência de um órgão que deveria ser um exemplo em termos de horizontalidade na gestão, prestação de contas, ética e representação estudantil. O descaso da UNE com os problemas reais dos estudantes e sua falta de posicionamento institucional é resultado da inoperância da entidade, que há anos é dirigida pelo mesmo grupo político que apoia, cegamente, o governo federal e que foram comprados através de trocas político-partidárias e pelos patrocínios de empresas públicas como Correios, Caixa Econômica e Petrobrás.
Um artigo publicado pelo Spotniks traz informações recolhidas no portal de transparência da Petrobras, nos patrocínios do BNDES e nos Convênios do Portal da Transparência, mostrando que a UNE já recebeu R$ 55,9 milhões da administração pública, entre doações de estatais, transferências diretas e patrocínios de ministérios.
O Antagonista menciona, também, que a UNE realizará uma obra em sua sede que vai custar R$ 65 milhões, dos quais R$ 44,6 milhões são a título de indenização do governo por danos sofridos nos tempos da ditadura. E, além disto, o blog questiona se a UNE irá indenizar a União pelos R$ 6,7 milhões embolsados em convênios federais cujas prestações de contas foram declaradas irregulares, por ser uma entidade impedida de celebrar convênios, contratos de repasse ou termos de parceria com a administração pública federal. Dinheiro que saiu do seu bolso!
Os últimos anos foram recheados de cortes que impulsionariam a educação no Brasil, financiamentos estudantis recusados, bolsas de iniciação científica cortadas, e milhares de estudantes prejudicados, com cortes que somam mais de R$ 9,4 bilhões (sim, BILHÕES!), realizados pelo governo federal. Mas a entidade criada para defender os interesses dos estudantes renega sua posição histórica de oposição.
Na prática, a UNE dá guarida à defesa dos Crimes de Responsabilidade e “resgata” políticos que são conduzidos coercitivamente pela justiça, servindo em uma posição subalterna aos interesses do governo federal. A maior representação dos estudantes brasileiros, hoje, respalda governos totalitários do eixo bolivariano e os desmandos que tanto prejudicam os universitários, bem como, exibe toda sua valentia em defesa da Petrobras, não como uma posição política, mas como uma contrapartida às vultosas verbas enviadas a título de patrocínio de eventos estudantis.
Se tudo isto não fosse suficiente, a UNE construiu um retrospecto de fraudes tanto no Ministério da Cultura quanto no Ministério dos Esportes, como aponta o Tribunal de Contas da União. A sociedade precisa saber o que se passa numa entidade tão importante e de tantas tradições quanto a UNE.
Sendo assim, foi criada uma petição pública e um site para apoiar a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, a fim de apurar essas irregularidades apontadas pelo TCU liga a União Nacional dos Estudantes. Vimos que a pressão popular tem, sim, efeito sobre o que é feito no Congresso, haja vista as manifestações pró-impeachment e o andamento do processo na Câmara dos Deputados. Vamos, mais uma vez, fazer a nossa parte em buscar de um Brasil livre e melhor.
Não sabe brincar? Não desce para o play
Alexandre Borges - IL
Quantos
esquerdistas saíram correndo para criticar o ex-BBB e o Nilo do Lixão
por cuspirem nos outros publicamente? Você sabe a resposta.
A esquerda tem a exata noção que está numa guerra e não ganha absolutamente nada ao enxovalhar publicamente um dos seus, mesmo que faça críticas severas quando os adversários não estão olhando. Eles sabem o que estão fazendo.
Quando Luciana Genro deu uma piscadela para o impeachment e foi escorraçada sem dó por seus correligionários, ela foi vista como alguém que “traiu o movimento”, única regra que não pode ser desrespeitada e que será punida exemplarmente. Mesmo que intimamente muitos saibam que este governo acabou e seu cadáver insepulto assombra e empesteia a nação, a queda de Dilma é uma derrota importante e o outro lado não joga para perder.
Muitos neófitos da direita, pelo contrário, são os primeiros a pagar pedágio ideológico para a esquerda quando não concordam com algo que alguém do próprio time fala ou faz. É gente ávida por sair correndo e gritando “esquerdistas do meu coração, aquele ali da direita é um idiota, eu sou diferente, me dá um abraço?” Baixa auto-estima é má conselheira leva a péssimas decisões estratégicas e táticas.
Passou da hora de acabarmos com essa Síndrome de Estocolmo política, de aplaudir quem demoniza ou desmoraliza em público seus pares para arrancar sorrisos sarcásticos do outro lado. Chega de fazer papel de idiota, é preciso entender o que está em jogo e ter noção do trabalho enorme que ainda tem que ser feito para livrar o país do esquerdismo tacanho, botocudo, cleptomaníaco e cafona que amarra o desenvolvimento do país há anos. Chega de querer dormir com o inimigo.
Você não é obrigado a concordar com tudo que alguém da direita fala, é óbvio, mas precisa entender como seu faniquito gera danos em todos nós. Elogiar em público e criticar em privado não é nada difícil, pelo contrário, é uma lição que seus pais deveriam ter te ensinado na infância.
As redes sociais são sensacionais, mas estimulam naturalmente que todos opinem sobre tudo o tempo todo, especialmente no calor dos acontecimentos, quando os fatos ainda estão sendo conhecidos e entendidos. Os palpiteiros de teclado parecem mais interessados em falar primeiro do que pensar antes de falar, com resultados constrangedores e danosos para todos os envolvidos.
Não faz sentido que se espere perfeição de quem luta ao seu lado, basta que ele acerte mais que erre e a causa avance. Na guerra pelo poder, fazer concessões desnecessárias ao adversário só serve para que ele fique mais perto da vitória, algo que todos deveriam saber.
Você ficou constrangido com algo que alguém da direita falou recentemente? Bem vindo ao clube, fico todo dia, mas a crítica é feita ao autor da gafe diretamente, sem intermediários e principalmente sem espetáculos infantilóides e ridículos para tentar buscar elogios dos adversários.
Se existe uma regra nesta batalha é: toda vez que a esquerda te fizer um elogio, pare e reflita sobre o que você fez de errado. É muito provável que você tenha falhado miseravelmente.
A esquerda tem a exata noção que está numa guerra e não ganha absolutamente nada ao enxovalhar publicamente um dos seus, mesmo que faça críticas severas quando os adversários não estão olhando. Eles sabem o que estão fazendo.
Quando Luciana Genro deu uma piscadela para o impeachment e foi escorraçada sem dó por seus correligionários, ela foi vista como alguém que “traiu o movimento”, única regra que não pode ser desrespeitada e que será punida exemplarmente. Mesmo que intimamente muitos saibam que este governo acabou e seu cadáver insepulto assombra e empesteia a nação, a queda de Dilma é uma derrota importante e o outro lado não joga para perder.
Muitos neófitos da direita, pelo contrário, são os primeiros a pagar pedágio ideológico para a esquerda quando não concordam com algo que alguém do próprio time fala ou faz. É gente ávida por sair correndo e gritando “esquerdistas do meu coração, aquele ali da direita é um idiota, eu sou diferente, me dá um abraço?” Baixa auto-estima é má conselheira leva a péssimas decisões estratégicas e táticas.
Passou da hora de acabarmos com essa Síndrome de Estocolmo política, de aplaudir quem demoniza ou desmoraliza em público seus pares para arrancar sorrisos sarcásticos do outro lado. Chega de fazer papel de idiota, é preciso entender o que está em jogo e ter noção do trabalho enorme que ainda tem que ser feito para livrar o país do esquerdismo tacanho, botocudo, cleptomaníaco e cafona que amarra o desenvolvimento do país há anos. Chega de querer dormir com o inimigo.
Você não é obrigado a concordar com tudo que alguém da direita fala, é óbvio, mas precisa entender como seu faniquito gera danos em todos nós. Elogiar em público e criticar em privado não é nada difícil, pelo contrário, é uma lição que seus pais deveriam ter te ensinado na infância.
As redes sociais são sensacionais, mas estimulam naturalmente que todos opinem sobre tudo o tempo todo, especialmente no calor dos acontecimentos, quando os fatos ainda estão sendo conhecidos e entendidos. Os palpiteiros de teclado parecem mais interessados em falar primeiro do que pensar antes de falar, com resultados constrangedores e danosos para todos os envolvidos.
Não faz sentido que se espere perfeição de quem luta ao seu lado, basta que ele acerte mais que erre e a causa avance. Na guerra pelo poder, fazer concessões desnecessárias ao adversário só serve para que ele fique mais perto da vitória, algo que todos deveriam saber.
Você ficou constrangido com algo que alguém da direita falou recentemente? Bem vindo ao clube, fico todo dia, mas a crítica é feita ao autor da gafe diretamente, sem intermediários e principalmente sem espetáculos infantilóides e ridículos para tentar buscar elogios dos adversários.
Se existe uma regra nesta batalha é: toda vez que a esquerda te fizer um elogio, pare e reflita sobre o que você fez de errado. É muito provável que você tenha falhado miseravelmente.
Dilma vai anunciar aumento do Bolsa Família no 1º de maio
Decisão será tomada mesmo com o alerta de que não há espaço no Orçamento
Catarina Alencastro / Cristiane Jungblut - O Globo
BRASÍLIA — A presidente Dilma Rousseff anunciará neste domingo, em evento do Dia do Trabalho em São Paulo, um aumento escalonado nos benefícios do Bolsa Família. Segundo auxiliares da presidente, o reajuste será feito por faixas. O maior percentual será de cerca de 5%. Dilma, que está reunida com o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, no Palácio da Alvorada, estuda ainda correção das faixas do Imposto de Renda. A decisão de aumentar o benefício ocorre após o secretário do Tesouro, Otavio Ladeira, afirmar que não há espaço fiscal no Orçamento para a medida.
Assessores da presidente reconhecem que o “dinheiro é curto”, mas que, apesar das restrições financeiras, Dilma optou por fazer um reajuste “significativo”. Segundo um auxiliar, a presidente tem ordenado aos ministros que reforcem marcas da área social do governo, dando a “sinalização devida de que não pode haver retrocessos”. Fontes do Planalto têm afirmado que Dilma não promoverá, com o aumento, um rombo nas contas públicas. O impacto dessa medida será de no máximo R$ 1 bilhão.
— Não se está promovendo nenhum rombo e sim uma reafirmação de prioridades — diz um auxiliar presidencial.
Ontem, Barbosa foi perguntado sobre o Bolsa Família e disse que estava sendo estudado, mas que não havia decisão sobre o assunto. Com relação à correção das faixas do IR, caso feita, só valerá para as declarações feitas em 2017.
R$ 100 MILHÕES PARA PROPAGANDA
A duas semanas da votação no Senado que poderá afastá-la do cargo, Dilma Rousseff começou a anunciar medidas de última hora. Ontem, ela prorrogou o Programa Mais Médicos, liberou R$ 100 milhões para gastos com publicidade da Presidência e outros R$ 80 milhões para infraestrutura das Olimpíadas no Rio.
Na próxima semana, o governo promete liberar todo o orçamento da Polícia Federal previsto para o restante do ano, o equivalente a R$ 160 milhões. O ministro da Justiça, Eugênio Aragão, deixou claro que a liberação dos recursos da PF vai garantir que a instituição não seja afetada em eventual saída de Dilma. Sem citar nomes, fez alusão a eventuais ingerências do governo do vice na PF e Lava-Jato:
— É muito simples. É possível que nós tenhamos uma presidenta suspensa de suas funções. E nós estamos querendo garantir que durante esse período excepcional de até 180 dias a PF funcione independentemente da crise política.
Decisão será tomada mesmo com o alerta de que não há espaço no Orçamento
Catarina Alencastro / Cristiane Jungblut - O Globo
BRASÍLIA — A presidente Dilma Rousseff anunciará neste domingo, em evento do Dia do Trabalho em São Paulo, um aumento escalonado nos benefícios do Bolsa Família. Segundo auxiliares da presidente, o reajuste será feito por faixas. O maior percentual será de cerca de 5%. Dilma, que está reunida com o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, no Palácio da Alvorada, estuda ainda correção das faixas do Imposto de Renda. A decisão de aumentar o benefício ocorre após o secretário do Tesouro, Otavio Ladeira, afirmar que não há espaço fiscal no Orçamento para a medida.
Assessores da presidente reconhecem que o “dinheiro é curto”, mas que, apesar das restrições financeiras, Dilma optou por fazer um reajuste “significativo”. Segundo um auxiliar, a presidente tem ordenado aos ministros que reforcem marcas da área social do governo, dando a “sinalização devida de que não pode haver retrocessos”. Fontes do Planalto têm afirmado que Dilma não promoverá, com o aumento, um rombo nas contas públicas. O impacto dessa medida será de no máximo R$ 1 bilhão.
— Não se está promovendo nenhum rombo e sim uma reafirmação de prioridades — diz um auxiliar presidencial.
Ontem, Barbosa foi perguntado sobre o Bolsa Família e disse que estava sendo estudado, mas que não havia decisão sobre o assunto. Com relação à correção das faixas do IR, caso feita, só valerá para as declarações feitas em 2017.
R$ 100 MILHÕES PARA PROPAGANDA
A duas semanas da votação no Senado que poderá afastá-la do cargo, Dilma Rousseff começou a anunciar medidas de última hora. Ontem, ela prorrogou o Programa Mais Médicos, liberou R$ 100 milhões para gastos com publicidade da Presidência e outros R$ 80 milhões para infraestrutura das Olimpíadas no Rio.
Na próxima semana, o governo promete liberar todo o orçamento da Polícia Federal previsto para o restante do ano, o equivalente a R$ 160 milhões. O ministro da Justiça, Eugênio Aragão, deixou claro que a liberação dos recursos da PF vai garantir que a instituição não seja afetada em eventual saída de Dilma. Sem citar nomes, fez alusão a eventuais ingerências do governo do vice na PF e Lava-Jato:
— É muito simples. É possível que nós tenhamos uma presidenta suspensa de suas funções. E nós estamos querendo garantir que durante esse período excepcional de até 180 dias a PF funcione independentemente da crise política.
Temer diz a ruralistas que vai revisar desapropriações e demarcações
Frente do Agronegócio chamou a atenção para atos do governo nos últimos 10 dias
Simone Iglesias e Renata Mariz - O Globo
BRASÍLIA — Pressionado por setores do agronegócio, o vice-presidente Michel Temer quer rever todas as recentes medidas do governo ligadas a desapropriação de áreas para a reforma agrária e demarcação de terras indígenas, caso assuma a Presidência. Desde o início do mês, a presidente Dilma Rousseff intensificou a assinatura de atos para garantir o reconhecimento fundiário a indígenas, quilombolas e agricultores.
Somente nos últimos 10 dias, o governo assinou atos reconhecendo pelo menos cinco comunidades quilombolas em diferentes regiões do país, além de aprovar outras etapas importantes do processo de legalização fundiária. O governo também chancelou estudos de delimitação de quatro terras indígenas e homologou uma área no Pará destinada ao povo Arara. No dia 1º de abril, Dilma assinou 21 decretos para desapropriar 56 mil hectares de terras.
Alertado pela Frente Parlamentar do Agronegócio, que esteve em seu gabinete na quarta-feira, Temer demonstrou assombro com a rapidez que o governo imprimiu ao assunto. O vice deixou claro que revisará todas as desapropriações.
Apesar da firmeza nas declarações ouvidas pelos interlocutores, o grupo de Temer está preocupado com a pressão do PT para que o Movimento dos Trabalhadores SemTerra (MST) aumente as invasões país afora. O ministro da Defesa, Aldo Rebelo, foi procurado pelos peemedebistas esta semana e garantiu que tudo está sendo acompanhado por sua área.
Alexandre Conceição, da coordenação do MST, diz que os movimentos populares já se articulam para “paralisar o país”. A agenda de grandes protestos deve começar no dia 10 de maio. Conceição afirma que as entidades sociais não deixarão Temer governar.
Frente do Agronegócio chamou a atenção para atos do governo nos últimos 10 dias
Simone Iglesias e Renata Mariz - O Globo
BRASÍLIA — Pressionado por setores do agronegócio, o vice-presidente Michel Temer quer rever todas as recentes medidas do governo ligadas a desapropriação de áreas para a reforma agrária e demarcação de terras indígenas, caso assuma a Presidência. Desde o início do mês, a presidente Dilma Rousseff intensificou a assinatura de atos para garantir o reconhecimento fundiário a indígenas, quilombolas e agricultores.
Somente nos últimos 10 dias, o governo assinou atos reconhecendo pelo menos cinco comunidades quilombolas em diferentes regiões do país, além de aprovar outras etapas importantes do processo de legalização fundiária. O governo também chancelou estudos de delimitação de quatro terras indígenas e homologou uma área no Pará destinada ao povo Arara. No dia 1º de abril, Dilma assinou 21 decretos para desapropriar 56 mil hectares de terras.
Alertado pela Frente Parlamentar do Agronegócio, que esteve em seu gabinete na quarta-feira, Temer demonstrou assombro com a rapidez que o governo imprimiu ao assunto. O vice deixou claro que revisará todas as desapropriações.
Apesar da firmeza nas declarações ouvidas pelos interlocutores, o grupo de Temer está preocupado com a pressão do PT para que o Movimento dos Trabalhadores SemTerra (MST) aumente as invasões país afora. O ministro da Defesa, Aldo Rebelo, foi procurado pelos peemedebistas esta semana e garantiu que tudo está sendo acompanhado por sua área.
Alexandre Conceição, da coordenação do MST, diz que os movimentos populares já se articulam para “paralisar o país”. A agenda de grandes protestos deve começar no dia 10 de maio. Conceição afirma que as entidades sociais não deixarão Temer governar.
O verdadeiro golpe é o das ‘diretas já’
A manobra, de origem petista, esbarra em obstáculos intransponíveis, como a necessidade de Temer renunciar e sua própria inconstitucionalidade
O Globo
A ideia, sibilina, teria surgido em hostes petistas, quando a aprovação da admissibilidade do pedido de impeachment de Dilma pela Câmara passou a ser inevitável. E toma corpo agora com as previsões do afastamento de fato da presidente pelo Senado.
Marcar para logo eleições de presidente e vice — quem sabe, até gerais — ofuscaria a amarga derrota do partido no impedimento de Dilma, daria chance de uma volta por cima para o PT, caso o próprio Lula se candidatasse — a depender da Lava-Jato e do Supremo —, e ainda arrebanharia o apoio dos muitos que se assustam com Michel Temer e com os que o cercam.
A, na aparência, sedutora bandeira do “nem Dilma nem Temer” logo ganhou o apoio desabrido de Marina Silva, da Rede, não por coincidência quem tem aparecido em boa colocação nas pesquisas eleitorais feitas no turbilhão da crise. Nada contra o senso de oportunidade. É legítimo político almejar o poder e se mobilizar diante de uma possibilidade, pelo menos teórica, de chegar lá.
Dez senadores do PMDB, PSB, Rede, PDT, PSD e, é claro, PT e PCdoB, acabam de encaminhar carta a Dilma pedindo que ela envie proposta de emenda constitucional para convocar eleições presidenciais, fazendo-as coincidir com o pleito municipal de outubro. E renuncie à Presidência, por óbvio.
A manobra se relaciona com o discurso de Dilma de que conta com o respaldo de 54 milhões de votos, maneira de dizer que apenas a eleição direta dá legitimidade. Ora, mas o vice da chapa também foi eleito pelo povo. Um grande complicador da esperta operação é convencer Michel Temer a também renunciar. E mais do que isso: deve-se perguntar se o truque é viável à luz da lei maior, a Constituição.
E não é. A proposta de uma emenda constitucional com este fim é no mínimo cavilosa. Porque para uma PEC ser aprovada exige-se quórum de três quintos de cada Casa, ou 60% (na Câmara, 308 votos), enquanto o impeachment, o afastamento do cargo, requer dois terços de apoio, 66% (342 votos). Como esta PEC objetivaria o mesmo que um processo de impedimento, a inventividade política, no mau sentido, teria construído um atalho para se aprovar impeachments com menos votos que o estabelecido na Lei.
Isso, além do fato de que não é possível o Congresso reduzir mandatos. Assim, o presidente e o vice teriam de renunciar, mas, para este caso, também há regras na Carta: eleição direta até o meio do mandato; indiretas, depois disso.
O ponto central da questão é que o Brasil tem de deixar de buscar fórmulas casuísticas, supostamente milagrosas, para enfrentar crises políticas. Desde o mensalão, e agora com o petrolão, passando pelo impeachment de Collor, o arcabouço jurídico e as instituições brasileiras já se mostraram capazes e fortes o bastante para resgatar o país de turbulências. É preciso parar-se de moldar fórmulas de conveniência.
Em entrevistas, Marina Silva diz que reconhece haver base legal no impeachment de Dilma e na consequente posse do vice — “mas não resolve o problema”. O perigo mora nesta frase. Foi por pensar o mesmo da permanência de Jango no Planalto que o general Olímpio Mourão, em março de 64, desceu com tropas de Juiz de Fora para o Rio, e as trevas se abateram sobre o Brasil durante 21 anos.
A manobra, de origem petista, esbarra em obstáculos intransponíveis, como a necessidade de Temer renunciar e sua própria inconstitucionalidade
O Globo
A ideia, sibilina, teria surgido em hostes petistas, quando a aprovação da admissibilidade do pedido de impeachment de Dilma pela Câmara passou a ser inevitável. E toma corpo agora com as previsões do afastamento de fato da presidente pelo Senado.
Marcar para logo eleições de presidente e vice — quem sabe, até gerais — ofuscaria a amarga derrota do partido no impedimento de Dilma, daria chance de uma volta por cima para o PT, caso o próprio Lula se candidatasse — a depender da Lava-Jato e do Supremo —, e ainda arrebanharia o apoio dos muitos que se assustam com Michel Temer e com os que o cercam.
A, na aparência, sedutora bandeira do “nem Dilma nem Temer” logo ganhou o apoio desabrido de Marina Silva, da Rede, não por coincidência quem tem aparecido em boa colocação nas pesquisas eleitorais feitas no turbilhão da crise. Nada contra o senso de oportunidade. É legítimo político almejar o poder e se mobilizar diante de uma possibilidade, pelo menos teórica, de chegar lá.
Dez senadores do PMDB, PSB, Rede, PDT, PSD e, é claro, PT e PCdoB, acabam de encaminhar carta a Dilma pedindo que ela envie proposta de emenda constitucional para convocar eleições presidenciais, fazendo-as coincidir com o pleito municipal de outubro. E renuncie à Presidência, por óbvio.
A manobra se relaciona com o discurso de Dilma de que conta com o respaldo de 54 milhões de votos, maneira de dizer que apenas a eleição direta dá legitimidade. Ora, mas o vice da chapa também foi eleito pelo povo. Um grande complicador da esperta operação é convencer Michel Temer a também renunciar. E mais do que isso: deve-se perguntar se o truque é viável à luz da lei maior, a Constituição.
E não é. A proposta de uma emenda constitucional com este fim é no mínimo cavilosa. Porque para uma PEC ser aprovada exige-se quórum de três quintos de cada Casa, ou 60% (na Câmara, 308 votos), enquanto o impeachment, o afastamento do cargo, requer dois terços de apoio, 66% (342 votos). Como esta PEC objetivaria o mesmo que um processo de impedimento, a inventividade política, no mau sentido, teria construído um atalho para se aprovar impeachments com menos votos que o estabelecido na Lei.
Isso, além do fato de que não é possível o Congresso reduzir mandatos. Assim, o presidente e o vice teriam de renunciar, mas, para este caso, também há regras na Carta: eleição direta até o meio do mandato; indiretas, depois disso.
O ponto central da questão é que o Brasil tem de deixar de buscar fórmulas casuísticas, supostamente milagrosas, para enfrentar crises políticas. Desde o mensalão, e agora com o petrolão, passando pelo impeachment de Collor, o arcabouço jurídico e as instituições brasileiras já se mostraram capazes e fortes o bastante para resgatar o país de turbulências. É preciso parar-se de moldar fórmulas de conveniência.
Em entrevistas, Marina Silva diz que reconhece haver base legal no impeachment de Dilma e na consequente posse do vice — “mas não resolve o problema”. O perigo mora nesta frase. Foi por pensar o mesmo da permanência de Jango no Planalto que o general Olímpio Mourão, em março de 64, desceu com tropas de Juiz de Fora para o Rio, e as trevas se abateram sobre o Brasil durante 21 anos.
Odebrecht e Leo Pinheiro: quem entregar mais, leva a delação
Vera Magalhães - VEJA
Quem dá mais?
Apesar da negativa protocolar, a força-tarefa já teve seis reuniões
com a defesa de Marcelo Odebrecht para definir o escopo das delações do
grupo.
Procuradores promovem um leilão psicológico entre Odebrecht e Leo
Pinheiro, da OAS: quem entregar mais, leva. Mas, após o susto, a aposta é
que a Lava-Jato não poderá dizer não às revelações da maior empreiteira
do país.
DILMA ENSANDECIDA – A ainda presidente chama denúncia de ridícula, enxovalha instituições brasileiras e exalta ditadura cubana
Enquanto seus ministros tentavam defendê-la no Senado, a antiga militante da VAR-Palmares voltava a dar as caras
Reinaldo Azevedo - VEJA
Enquanto seus ministros tentavam defendê-la no Senado, a antiga militante da VAR-Palmares voltava a dar as caras
Reinaldo Azevedo - VEJA
Dilma
Rousseff está saindo pior do que a encomenda. Vendo-se na iminência de
deixar o poder, passa por um período de recrudescimento ideológico.
Convicções democráticas mal sedimentadas começam a se rarefazer, e o
fundo pantanoso da socialista e da ex-terrorista começam a se vivificar.
Sim, ela sabe que não há mais o que fazer por seu mandato. Então
afronta as instituições e o bom senso. E isso não exclui nem mesmo meter
a mão no caixa. Vamos ver
A presidente voltou a atacar o processo de impeachment nesta sexta. Enquanto Nelson Barbosa (Planejamento), Kátia Abreu (Agricultura) e Eduardo Cardozo (AGU) tentavam defendê-la na Comissão Especial do Impeachment do Senado, ela chamava de “ridícula” — nada menos! — a denúncia elaborada pelos juristas Miguel Reale Junior, Hélio Bicudo e Janaína Paschoal.
A presidente voltou a atacar o processo de impeachment nesta sexta. Enquanto Nelson Barbosa (Planejamento), Kátia Abreu (Agricultura) e Eduardo Cardozo (AGU) tentavam defendê-la na Comissão Especial do Impeachment do Senado, ela chamava de “ridícula” — nada menos! — a denúncia elaborada pelos juristas Miguel Reale Junior, Hélio Bicudo e Janaína Paschoal.
Pela enésima
vez, afirmou que seu eventual impedimento é uma tentativa de chegada ao
poder de um grupo que não teve votos suficientes. E chamou o processo
de “eleição indireta transvestida de impeachment”.
E fez essa
discurseira em que situação? Numa cerimônia de prorrogação do programa
Mais Médicos. Ela assinou nesta sexta-feira uma Medida Provisória
aumentando em três anos o prazo de permanência de médicos estrangeiros
no Brasil, mesmo sem a revalidação do diploma. A decisão garante a
permanência de cerca de sete mil profissionais, que teriam de deixar o
programa neste ano.
Até aí, vá
lá. A cereja do bolo foi outra. Na cerimônia em que demonizava as
instituições democráticas do Brasil, Dilma se mostrou grata à ditadura
cubana por, segundo disse, “ajudar o Brasil”. Como vem se tornando
padrão nos últimos eventos dentro do Palácio do Planalto, a plateia,
formada por participantes do programa, entoou por diversas vezes gritos
contra o impeachment, como “Não vai ter golpe” e “Fora, Cunha”.
No seu
discurso ensandecido, Dilma disse que não cometeu crime nenhum e que
apenas garantiu a continuidade de “programas sociais e de incentivo à
indústria e à agricultura”. Bem, qualquer governante poderia, então,
fazer a mesma coisa, certo?
E ela não
vai parar por aí. Já está decidido que participa do ato de Primeiro da
Maio da CUT, em São Paulo. Se não mudar de ideia, pretende anunciar
reajuste no Bolsa Família e correção na tabela do Imposto de Renda. Isso
tudo sem consultar o Orçamento.
É a militante da VAR-Palmares no comando.
Desqualificação apartidária
Merval Pereira - O Globo
Especialmente aos
interessados em desqualificar a decisão, "escandalizou" o fato de que
houve votos a favor do impeachment evocando a família, a religião, a
cidade onde nasceu, o estado onde se elegeu, e assim por diante.
Mas esses votos paroquiais, ou até mesmo esdrúxulos, antes de serem prerrogativa dos opositores da presidente Dilma, o são de políticos de maneira geral, e há muito tempo. O senador Magno Malta relembrou outro dia na comissão do Senado o voto dado pelo atual ministro petista Jaques Wagner, que se pronunciou a favor do impeachment de Collor se referindo aos filhos e à família, comparando a sessão a um jogo de futebol com a torcida confraternizando nas cores verde e amarela.
Também desta vez houve quem se referisse, na hora de votar “não” ao impeachment, aos quilombolas, ao programa Bolsa Família, a Zumbi dos Palmares, ao grande líder Lula. No contraponto do voto mais polêmico, o do deputado Jair Bolsonaro, que evocou o abjeto torturador Brilhante Ustra, um deputado do PSOL dedicou seu voto contrário ao impeachment a Carlos Marighela, guerrilheiro da Aliança Libertadora Nacional que escreveu um manual de guerrilha em que está dito a certa altura, em defesa da execução sumária de inimigos e traidores: “A execução é uma ação secreta na qual um número pequeno de pessoas da guerrilha se encontram envolvidos. Em muitos casos, a execução pode ser realizada por um franco atirador, paciente, sozinho e desconhecido, e operando absolutamente secreto e a sangue frio”.
O detalhe é que o voto do deputado do PSOL foi dado antes do de Bolsonaro. Portanto, a falta de qualidade de nossos representantes é suprapartidária e, querendo testar uma tese, enviei a um grupo de reconhecidos estudiosos uma sondagem. Acho que já tivemos um grupo de políticos mais relevantes no país em outros tempos, e a representação vem decaindo a cada legislatura.
Como dizia Ulysses Guimarães, a próxima será pior. E por que isso acontece? Tenho a impressão de que, assim como já tivemos escolas públicas de boa qualidade, também a representação política tem a ver com a decadência de nosso ensino.
Por que isso aconteceu? Por que melhoramos na abrangência da matrícula escolar, e não melhoramos a qualidade do ensino? Isso tem mesmo a ver com a nossa representação política deformada e decadente? Até onde o sistema eleitoral, a proliferação dos partidos, as coligações proporcionais têm a ver com essa decadência?
O país avançou em vários aspectos, mas piorou, acho, na representação partidária. O que uma coisa tem a ver com a outra? Apenas o sociólogo Simon Schwartzman, do Instituto de Estudo do Trabalho e Sociedade (IETS), especialista em educação, viu “certo paralelo” entre as quedas do sistema educacional e da representação política. “No passado, tanto o sistema educacional quanto o sistema político eram muito fechados, só acessíveis a uma pequena elite. Não sabemos na realidade se a educação no passado era muito melhor, porque não temos dados para comparar, mas a professorinha de filha de classe média que se formava pelo Instituto de Educaçao no Rio de Janeiro provavelmente sabia mais português, matemática e ciências do que grande parte das professoras e professores que hoje se formam nas faculdades de pedagogia”.
Com a grande expansão do acesso à educação, avalia Schwartzman, o sistema educacional preservou e pode ter até melhorado a qualidade e um número muito pequeno de escolas, sobretudo particulares e cursos universitários muito seletivos, mas a média ficou certamente muito baixa. “Teremos que conviver por muito tempo ainda com muitas pessoas adquirindo educação precária, porque não se melhora um sistema escolar que cresceu de forma muito rápida e atabalhoada em poucos anos”.
Os demais centraram suas análises no sistema partidário, na legislação eleitoral, que debilitam a democracia representativa, como os cientistas políticos Sérgio Abranches e Jairo Nicolau e o sociólogo Francisco Weffort, na ditadura militar, como o historiador José Murilo de Carvalho, na urbanização do país, que levou a que a atividade política seja vista como uma possibilidade de ascensão social por muitos, e no desencanto com a carreira política na juventude, vista como viciada e corrupta, como o sociólogo Bernardo Sorj. Amanhã e na terça-feira me deterei nessas análises.
Merval Pereira - O Globo
Até hoje, passados muitos dias da votação na Câmara
da aceitação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff,
ecoam nos debates parlamentares a maneira como alguns deputados
justificaram seus votos naquele domingo.
Mas esses votos paroquiais, ou até mesmo esdrúxulos, antes de serem prerrogativa dos opositores da presidente Dilma, o são de políticos de maneira geral, e há muito tempo. O senador Magno Malta relembrou outro dia na comissão do Senado o voto dado pelo atual ministro petista Jaques Wagner, que se pronunciou a favor do impeachment de Collor se referindo aos filhos e à família, comparando a sessão a um jogo de futebol com a torcida confraternizando nas cores verde e amarela.
Também desta vez houve quem se referisse, na hora de votar “não” ao impeachment, aos quilombolas, ao programa Bolsa Família, a Zumbi dos Palmares, ao grande líder Lula. No contraponto do voto mais polêmico, o do deputado Jair Bolsonaro, que evocou o abjeto torturador Brilhante Ustra, um deputado do PSOL dedicou seu voto contrário ao impeachment a Carlos Marighela, guerrilheiro da Aliança Libertadora Nacional que escreveu um manual de guerrilha em que está dito a certa altura, em defesa da execução sumária de inimigos e traidores: “A execução é uma ação secreta na qual um número pequeno de pessoas da guerrilha se encontram envolvidos. Em muitos casos, a execução pode ser realizada por um franco atirador, paciente, sozinho e desconhecido, e operando absolutamente secreto e a sangue frio”.
O detalhe é que o voto do deputado do PSOL foi dado antes do de Bolsonaro. Portanto, a falta de qualidade de nossos representantes é suprapartidária e, querendo testar uma tese, enviei a um grupo de reconhecidos estudiosos uma sondagem. Acho que já tivemos um grupo de políticos mais relevantes no país em outros tempos, e a representação vem decaindo a cada legislatura.
Como dizia Ulysses Guimarães, a próxima será pior. E por que isso acontece? Tenho a impressão de que, assim como já tivemos escolas públicas de boa qualidade, também a representação política tem a ver com a decadência de nosso ensino.
Por que isso aconteceu? Por que melhoramos na abrangência da matrícula escolar, e não melhoramos a qualidade do ensino? Isso tem mesmo a ver com a nossa representação política deformada e decadente? Até onde o sistema eleitoral, a proliferação dos partidos, as coligações proporcionais têm a ver com essa decadência?
O país avançou em vários aspectos, mas piorou, acho, na representação partidária. O que uma coisa tem a ver com a outra? Apenas o sociólogo Simon Schwartzman, do Instituto de Estudo do Trabalho e Sociedade (IETS), especialista em educação, viu “certo paralelo” entre as quedas do sistema educacional e da representação política. “No passado, tanto o sistema educacional quanto o sistema político eram muito fechados, só acessíveis a uma pequena elite. Não sabemos na realidade se a educação no passado era muito melhor, porque não temos dados para comparar, mas a professorinha de filha de classe média que se formava pelo Instituto de Educaçao no Rio de Janeiro provavelmente sabia mais português, matemática e ciências do que grande parte das professoras e professores que hoje se formam nas faculdades de pedagogia”.
Com a grande expansão do acesso à educação, avalia Schwartzman, o sistema educacional preservou e pode ter até melhorado a qualidade e um número muito pequeno de escolas, sobretudo particulares e cursos universitários muito seletivos, mas a média ficou certamente muito baixa. “Teremos que conviver por muito tempo ainda com muitas pessoas adquirindo educação precária, porque não se melhora um sistema escolar que cresceu de forma muito rápida e atabalhoada em poucos anos”.
Os demais centraram suas análises no sistema partidário, na legislação eleitoral, que debilitam a democracia representativa, como os cientistas políticos Sérgio Abranches e Jairo Nicolau e o sociólogo Francisco Weffort, na ditadura militar, como o historiador José Murilo de Carvalho, na urbanização do país, que levou a que a atividade política seja vista como uma possibilidade de ascensão social por muitos, e no desencanto com a carreira política na juventude, vista como viciada e corrupta, como o sociólogo Bernardo Sorj. Amanhã e na terça-feira me deterei nessas análises.
Itamaraty se anima com poder de Serra, mas teme absorver comércio
Bruno Poletti - 8;out.2015/Folhapress | ||
O senador José Serra (PSDB-SP), em evento em São Paulo |
PATRÍCIA CAMPOS MELLO - FSP
A perspectiva de ter o senador José Serra (PSDB-SP) como próximo chanceler anima o Itamaraty, segundo apurou a Folha. Ter como ministro um político de estatura em vez de um diplomata de carreira fortaleceria o ministério em um momento de fragilidade. Com Serra, o Itamaraty voltaria a ter o peso que não tinha desde a saída do chanceler Celso Amorim, em 2010, acreditam diplomatas.
A perspectiva de ter o senador José Serra (PSDB-SP) como próximo chanceler anima o Itamaraty, segundo apurou a Folha. Ter como ministro um político de estatura em vez de um diplomata de carreira fortaleceria o ministério em um momento de fragilidade. Com Serra, o Itamaraty voltaria a ter o peso que não tinha desde a saída do chanceler Celso Amorim, em 2010, acreditam diplomatas.
Mas a possibilidade de transferir a área de comércio exterior para o
ministério é alvo de fortes críticas. Um Itamaraty "turbinado" incluiria
toda área de comércio exterior, ou somente a Apex, agência que faz
promoção comercial. O primeiro cenário gera pânico no Ministério do
Desenvolvimento e profundo desagrado no Itamaraty.
"Seria como misturar vinho com azeite", diz uma fonte. São duas carreiras muito diferentes –a política externa segue uma visão de Estado enquanto a política comercial precisa abrir mercados e vender produtos. "É preciso ter um órgão que receba demandas do setor privado, como defesa comercial, e o Itamaraty não pode ser esse órgão, porque vai priorizar as relações diplomáticas com outros países", diz uma fonte do Desenvolvimento. União Europeia, EUA, China e Japão têm ministérios separados para lidar com comércio exterior e diplomacia.
Além disso, a incorporação da área de comércio exterior tomaria muito tempo e talvez nem estivesse pronta até o fim do governo Temer, em 2018.
Pessoas próximas a Temer afirmam que o vice fez a proposta a Serra sem pensar exatamente em como esse Itamaraty "turbinado" sairia do papel, tentando emplacar um "ministério fortalecido" em vez das pastas da Fazenda ou Planejamento, que o tucano preferia.
De qualquer maneira, diplomatas já comemoram a possibilidade de um ministro Serra. "Seria um ministro com acesso ao presidente e ao Ministério do Planejamento, que lidera os cortes de verbas do Itamaraty", diz um diplomata. Entre as mudanças esperadas estariam o fechamento de postos na África, menos ênfase no relacionamento Sul-Sul e uma guinada no Mercosul.
Mas o embaixador Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda que é muito próximo de Serra, com quem conversa regularmente, não acredita em mudanças dramáticas na política para o Mercosul. "Não se sabe se transformar o Mercosul em área de livre comercio traria benefícios e a Argentina agora tem um presidente, Mauricio Macri, que não seria obstáculo a negociações comerciais", diz. Matias Spektor, professor de Relações Internacionais da FGV e colunista da Folha, concorda. "Fazer reformas no Mercosul e no comércio exterior é muito complexo e geraria muitos inimigos", diz.
Em relação à personalidade difícil do senador, um diplomata é pragmático: "Depois de tanto tempo trabalhando com a Dilma, o Serra não seria um problema."
Entre os diplomatas com bom trânsito com o senador tucano estão Sergio Danese, atual secretário-geral do Itamaraty; Santiago Mourão, embaixador em Teerã, Mário Vilalva, embaixador em Lisboa, Marcos Galvão, embaixador junto à OMC, e Roberto Jaguaribe, embaixador em Pequim.
Se o chanceler for mesmo um político, o assessor internacional da presidência, cargo hoje ocupado por Marco Aurelio Garcia, poderia ser um diplomata de carreira, e o nome de Danese surge com força. Segundo um interlocutor de Temer, o vice já teve várias audiências com Danese e a "química foi boa".
"Seria como misturar vinho com azeite", diz uma fonte. São duas carreiras muito diferentes –a política externa segue uma visão de Estado enquanto a política comercial precisa abrir mercados e vender produtos. "É preciso ter um órgão que receba demandas do setor privado, como defesa comercial, e o Itamaraty não pode ser esse órgão, porque vai priorizar as relações diplomáticas com outros países", diz uma fonte do Desenvolvimento. União Europeia, EUA, China e Japão têm ministérios separados para lidar com comércio exterior e diplomacia.
Além disso, a incorporação da área de comércio exterior tomaria muito tempo e talvez nem estivesse pronta até o fim do governo Temer, em 2018.
Pessoas próximas a Temer afirmam que o vice fez a proposta a Serra sem pensar exatamente em como esse Itamaraty "turbinado" sairia do papel, tentando emplacar um "ministério fortalecido" em vez das pastas da Fazenda ou Planejamento, que o tucano preferia.
De qualquer maneira, diplomatas já comemoram a possibilidade de um ministro Serra. "Seria um ministro com acesso ao presidente e ao Ministério do Planejamento, que lidera os cortes de verbas do Itamaraty", diz um diplomata. Entre as mudanças esperadas estariam o fechamento de postos na África, menos ênfase no relacionamento Sul-Sul e uma guinada no Mercosul.
Mas o embaixador Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda que é muito próximo de Serra, com quem conversa regularmente, não acredita em mudanças dramáticas na política para o Mercosul. "Não se sabe se transformar o Mercosul em área de livre comercio traria benefícios e a Argentina agora tem um presidente, Mauricio Macri, que não seria obstáculo a negociações comerciais", diz. Matias Spektor, professor de Relações Internacionais da FGV e colunista da Folha, concorda. "Fazer reformas no Mercosul e no comércio exterior é muito complexo e geraria muitos inimigos", diz.
Em relação à personalidade difícil do senador, um diplomata é pragmático: "Depois de tanto tempo trabalhando com a Dilma, o Serra não seria um problema."
Entre os diplomatas com bom trânsito com o senador tucano estão Sergio Danese, atual secretário-geral do Itamaraty; Santiago Mourão, embaixador em Teerã, Mário Vilalva, embaixador em Lisboa, Marcos Galvão, embaixador junto à OMC, e Roberto Jaguaribe, embaixador em Pequim.
Se o chanceler for mesmo um político, o assessor internacional da presidência, cargo hoje ocupado por Marco Aurelio Garcia, poderia ser um diplomata de carreira, e o nome de Danese surge com força. Segundo um interlocutor de Temer, o vice já teve várias audiências com Danese e a "química foi boa".
Com PMDB na Lava Jato, Temer quer criar ministério do combate à corrupção
Painel - FSP
De beca nova A Controladoria-Geral da União ganhará nova roupagem — ao menos terá uma capa mais lustrosa. Michel Temer quer transformar a pasta em Ministério da Transparência e do Combate à Corrupção. Com tantos quadros do PMDB envolvidos na Lava Jato, o Palácio do Jaburu aposta em gestos simbólicos para tentar reduzir a má fama do partido. Criada por Lula, a Controladoria fiscaliza o próprio governo e toca os acordos de leniência com as empreiteiras acusadas de desvios.
De beca nova A Controladoria-Geral da União ganhará nova roupagem — ao menos terá uma capa mais lustrosa. Michel Temer quer transformar a pasta em Ministério da Transparência e do Combate à Corrupção. Com tantos quadros do PMDB envolvidos na Lava Jato, o Palácio do Jaburu aposta em gestos simbólicos para tentar reduzir a má fama do partido. Criada por Lula, a Controladoria fiscaliza o próprio governo e toca os acordos de leniência com as empreiteiras acusadas de desvios.
Garanta o seu Preocupadas com as mudanças, empresas
que estão em negociação avançada com a CGU tentam fechar seus acordos
antes de o Senado votar o afastamento de Dilma — portanto, já na semana
que vem.
De novo não A avaliação é que a chegada de um novo ministro atrasará mais uma vez a conclusão das negociações. Tem empresa que passará pelo quinto ministro da pasta em apenas um ano e meio.
Jogada segura Embora pensado para Advocacia-Geral da União, Alexandre de Moraes segue como carta na manga para a Justiça.
Por fora O ex-presidente da OAB, Marcus Vinicius Coêlho, foi indicado a Temer como outro bom nome para assumir a AGU. Mas há resistências.
Que fase O caixa está tão vazio que nem o DEM demonstra interesse em ficar com o Ministério da Educação, oferecido à sigla. O objetivo é assumir a pasta das Cidades, disputada pelo PSD e pelo PMDB da Câmara e do Senado.
Mão na massa Augusto Coutinho (SDD-PE) é o nome apresentado por Paulinho da Força para o Ministério do Trabalho de Temer.
Vem comigo O vice-presidente convidou Mozart Vianna, antigo secretário-geral da Câmara e um dos maiores conhecedores do regimento do Congresso, para integrar a nova gestão. Deve ajudar Geddel Vieira Lima na Secretaria de Governo.
Acusa o golpe O Planalto colocou a máquina para trabalhar contra propostas de Temer. O Desenvolvimento Social fez estudo para dizer que 36 milhões de beneficiários do Bolsa Família deixariam de ser prioridade. Outras pastas emitiram notas oficiais para rebater o vice.
Ô dúvida José Serra (PSDB-SP) ainda não decidiu se aceitará o convite para se tornar chanceler de Temer.
Sob medida Um dos principais aliados do vice-presidente indica que a ideia de levar parte do Mdic (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) para a pasta só seria executada se Serra assumir o Itamaraty.
De novo não A avaliação é que a chegada de um novo ministro atrasará mais uma vez a conclusão das negociações. Tem empresa que passará pelo quinto ministro da pasta em apenas um ano e meio.
Jogada segura Embora pensado para Advocacia-Geral da União, Alexandre de Moraes segue como carta na manga para a Justiça.
Por fora O ex-presidente da OAB, Marcus Vinicius Coêlho, foi indicado a Temer como outro bom nome para assumir a AGU. Mas há resistências.
Que fase O caixa está tão vazio que nem o DEM demonstra interesse em ficar com o Ministério da Educação, oferecido à sigla. O objetivo é assumir a pasta das Cidades, disputada pelo PSD e pelo PMDB da Câmara e do Senado.
Mão na massa Augusto Coutinho (SDD-PE) é o nome apresentado por Paulinho da Força para o Ministério do Trabalho de Temer.
Vem comigo O vice-presidente convidou Mozart Vianna, antigo secretário-geral da Câmara e um dos maiores conhecedores do regimento do Congresso, para integrar a nova gestão. Deve ajudar Geddel Vieira Lima na Secretaria de Governo.
Acusa o golpe O Planalto colocou a máquina para trabalhar contra propostas de Temer. O Desenvolvimento Social fez estudo para dizer que 36 milhões de beneficiários do Bolsa Família deixariam de ser prioridade. Outras pastas emitiram notas oficiais para rebater o vice.
Ô dúvida José Serra (PSDB-SP) ainda não decidiu se aceitará o convite para se tornar chanceler de Temer.
Sob medida Um dos principais aliados do vice-presidente indica que a ideia de levar parte do Mdic (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) para a pasta só seria executada se Serra assumir o Itamaraty.
Janot pede ao STF que proíba PF de negociar delações
PGR enviou à corte uma ação direta de inconstitucionalidade contra lei que legitima participação de delegados federais nas tratativas. Associação de delegados afirma que deferimento da ação representaria risco a operações
PGR enviou à corte uma ação direta de inconstitucionalidade contra lei que legitima participação de delegados federais nas tratativas. Associação de delegados afirma que deferimento da ação representaria risco a operações
João Pedroso de Campos - VEJA
O procurador-geral da República (PGR), Rodrigo Janot(Divulgação/Agência Brasil)
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira uma ação direta de inconstitucionalidade argumentando que caibam exclusivamente ao Ministério Público as negociações de acordos de delação premiada. Dirigida ao presidente da corte, ministro Ricardo Lewandowski, a ação pede, na prática, que se proíba a Polícia Federal de pactuar acordos de colaboração sem a participação dos procuradores do MP.
O procurador-geral da República (PGR), Rodrigo Janot(Divulgação/Agência Brasil)
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira uma ação direta de inconstitucionalidade argumentando que caibam exclusivamente ao Ministério Público as negociações de acordos de delação premiada. Dirigida ao presidente da corte, ministro Ricardo Lewandowski, a ação pede, na prática, que se proíba a Polícia Federal de pactuar acordos de colaboração sem a participação dos procuradores do MP.
A ação de Janot mira trechos da lei 12.850 de 2013 que legitimam a
participação de delegados da PF nas tratativas. Segundo o chefe do
Ministério Público Federal, os trechos são inconstitucionais e devem ser
suspensos e anulados por contrariarem "o devido processo legal, o
princípio da moralidade, o princípio acusatório, a titularidade da ação
penal pública conferida ao Ministério Público pela Constituição, a
exclusividade do exercício de funções do Ministério Público por membros
legalmente investidos na carreira e a função constitucional da polícia,
como órgão de segurança pública".
Rodrigo Janot afirma que a investigação policial deve ser feita "em harmonia com as linhas de pensamento, de elucidação e de estratégia firmadas pelo MP". Para o procurador-geral, "motivos corporativos" acabaram por atribuir à Polícia Federal funções além da competência de "subsidiar a atuação do Ministério Público", a quem cabe dirigir a investigação criminal até a denúncia à Justiça ou arquivamento.
A exclusividade do Ministério Público, conforme argumenta Janot, está relacionada, entre outros princípios, à preservação da autoridade do juiz, à ampla defesa e à competência para negociar o perdão judicial e a diminuição de penas a delatores.
Embora busque retirar da PF a prerrogativa de negociar com colaboradores, Janot pede ao STF a "modulação temporal dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade" para preservar o efeito dos acordos de delação já firmados por delegados federais que os tenham considerado em investigações e processos criminais.
Por meio de nota da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), os delegados federais "lamentam" a ação de Janot ao STF, cujo possível deferimento classificam como "extremo retrocesso". Segundo a nota da ADPF, "soa muito estranho que no exato momento em que a Polícia Federal realiza as maiores investigações de combate à corrupção, seja proposta uma Ação para dificultar a atuação da Polícia Federal". Os delegados federais argumentam que a ação representa risco às operações Lava Jato e Acrônimo e ironizam: "As organizações criminosas que afrontam a nação brasileira comemoram a Ação proposta por Rodrigo Janot".
Um dos exemplos recentes de acordo de delação firmado com a Polícia Federal sem a participação inicial do Ministério Público é o de Danielle Fonteles, dona da agência de propaganda Pepper Interativa, ajustado no âmbito da Operação Acrônimo, cujos depoimentos implicaram as contas da campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014 e o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT).
A delação de Danielle à PF baseou o indiciamento de Pimentel. Ao chegar à Procuradoria-Geral da República, a delação de Danielle foi dividida em duas partes. Citações à presidente Dilma Rousseff foram encaminhadas ao STF, e as menções a Pimentel, ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde corre o processo da Acrônimo.
Além de Daniele Fontelles, delatores da Operação Lava Jato, como os lobistas Julio Camargo e Fernando Baiano, também negociaram a colaboração com a PF.
Rodrigo Janot afirma que a investigação policial deve ser feita "em harmonia com as linhas de pensamento, de elucidação e de estratégia firmadas pelo MP". Para o procurador-geral, "motivos corporativos" acabaram por atribuir à Polícia Federal funções além da competência de "subsidiar a atuação do Ministério Público", a quem cabe dirigir a investigação criminal até a denúncia à Justiça ou arquivamento.
A exclusividade do Ministério Público, conforme argumenta Janot, está relacionada, entre outros princípios, à preservação da autoridade do juiz, à ampla defesa e à competência para negociar o perdão judicial e a diminuição de penas a delatores.
Embora busque retirar da PF a prerrogativa de negociar com colaboradores, Janot pede ao STF a "modulação temporal dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade" para preservar o efeito dos acordos de delação já firmados por delegados federais que os tenham considerado em investigações e processos criminais.
Por meio de nota da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), os delegados federais "lamentam" a ação de Janot ao STF, cujo possível deferimento classificam como "extremo retrocesso". Segundo a nota da ADPF, "soa muito estranho que no exato momento em que a Polícia Federal realiza as maiores investigações de combate à corrupção, seja proposta uma Ação para dificultar a atuação da Polícia Federal". Os delegados federais argumentam que a ação representa risco às operações Lava Jato e Acrônimo e ironizam: "As organizações criminosas que afrontam a nação brasileira comemoram a Ação proposta por Rodrigo Janot".
Um dos exemplos recentes de acordo de delação firmado com a Polícia Federal sem a participação inicial do Ministério Público é o de Danielle Fonteles, dona da agência de propaganda Pepper Interativa, ajustado no âmbito da Operação Acrônimo, cujos depoimentos implicaram as contas da campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014 e o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT).
A delação de Danielle à PF baseou o indiciamento de Pimentel. Ao chegar à Procuradoria-Geral da República, a delação de Danielle foi dividida em duas partes. Citações à presidente Dilma Rousseff foram encaminhadas ao STF, e as menções a Pimentel, ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde corre o processo da Acrônimo.
Além de Daniele Fontelles, delatores da Operação Lava Jato, como os lobistas Julio Camargo e Fernando Baiano, também negociaram a colaboração com a PF.
O powerpoint perpétuo
O Antagonista
O powerpoint de Deltan Dallagnol é mais demolidor do que qualquer discurso.
Ontem ele provou que o PT saqueou a Petrobras para se perpetuar no poder. E que a Odebrecht pagou propina ao PT para perpetuar o saque à Petrobras:
“A partir do esquema de corrupção implementado pelo PT e do trabalho de marketing exercido por João Santana e Monica Moura em favor do partido (tanto no período eleitoral quanto fora dele), os dois grupos lucravam ilicitamente, já que a manutenção do Partido dos Trabalhadores no poder permitia que os valores espúrios auferidos com a corrupção continuassem a abastecer os cofres da agremiação partidária e dos publicitários.
Nesse ponto, mais do que o pagamento de meros prestadores de serviços, a destinação de recursos a Monica Moura e João Santana representava uma técnica de manutenção do esquema criminoso, não apenas porque agradava ao Partido dos Trabalhadores, mas também porque fortalecia a estratégia de perpetuação do sistema de corrupção”.
O Antagonista
O powerpoint de Deltan Dallagnol é mais demolidor do que qualquer discurso.
Ontem ele provou que o PT saqueou a Petrobras para se perpetuar no poder. E que a Odebrecht pagou propina ao PT para perpetuar o saque à Petrobras:
“A partir do esquema de corrupção implementado pelo PT e do trabalho de marketing exercido por João Santana e Monica Moura em favor do partido (tanto no período eleitoral quanto fora dele), os dois grupos lucravam ilicitamente, já que a manutenção do Partido dos Trabalhadores no poder permitia que os valores espúrios auferidos com a corrupção continuassem a abastecer os cofres da agremiação partidária e dos publicitários.
Nesse ponto, mais do que o pagamento de meros prestadores de serviços, a destinação de recursos a Monica Moura e João Santana representava uma técnica de manutenção do esquema criminoso, não apenas porque agradava ao Partido dos Trabalhadores, mas também porque fortalecia a estratégia de perpetuação do sistema de corrupção”.
Três caras que só pensam naquilo
Demétrio Magnoli - FSP
"(...) vivem em constante rivalidade, e na situação e atitude dos
gladiadores, com as armas assestadas, cada um de olhos fixos no outro;
isto é, seus fortes, guarnições e canhões guardando as fronteiras de
seus reinos e constantemente com espiões no território de seus vizinhos,
o que constitui uma atitude de guerra." A célebre sentença de Hobbes
refere-se aos Estados, mas serviria para definir os chefes políticos
tucanos. O PSDB renunciou à condição de partido, reduzindo-se a um
teatro de guerra permanente entre três caras que só pensam naquilo. Na
inauguração do governo Temer, o impasse tucano já não deve ser visto
como um problema intestino, mas como aspecto crucial da crise nacional.
A guerra, fria ou declarada, entre Aécio, Serra e Alckmin atravessou a era do lulopetismo, corroendo o tecido do principal partido de oposição. Hoje, quando o reinado lulo-dilmista chega ao fim em meio a incêndios econômicos, políticos e éticos, o conflito trava o PSDB, sabotando uma decisão nítida sobre o engajamento no governo transitório. Sem os tucanos a bordo, a nau de Temer se inclinaria na direção do PMDB de Jucá, Renan, Cunha et caterva, associado a um "centrão" composto por partidos ultrafisiológicos. No lugar de um governo de "união nacional", surgiria um gabinete de salvação das máfias políticas que saltaram de um comboio descarrilhado.
Aécio devastou o capital político acumulado na campanha eleitoral cortejando uma bancada parlamentar irresponsável, que chegou a votar contra o fator previdenciário e estabeleceu um desmoralizante pacto tático com Cunha. Há pouco, declarou-se "desconfortável" com a participação orgânica do PSDB no novo governo. Serra, o incorrigível, preferiu negociar pessoalmente um lugar destacado na Esplanada dos Ministérios. Sonhando delinear um caminho próprio até o Planalto, se preciso pelo atalho do PMDB, ameaça virar as costas a seu partido, entregando-o à confusão. Alckmin, por sua vez, acalenta um projeto presidencial improvável acercando-se do PSB e tricotando com a camarilha político-sindical do Paulinho da Força. Nesse passo, implodiu a campanha tucana à Prefeitura de São Paulo. Hoje, a guerra particular que travam os três gladiadores tem o potencial para complicar a já difícil transição rumo a 2018.
A sorte do governo Temer será jogada no interregno entre a posse provisória e o julgamento final do impeachment no Senado. Uma coleção de notícias econômicas positivas, quase contratadas de antemão, não será suficiente para consolidá-lo. A carência de legitimidade eleitoral precisa ser compensada por iniciativas políticas coladas aos anseios da maioria que repudiou o lulo-dilmismo.
Se fosse um partido, não uma arena de gladiadores, o PSDB trocaria o engajamento integral no governo por um ousado compromisso com a Lava Jato. Exigiria do novo presidente a mobilização imediata da maioria parlamentar para cassar o mandato de Cunha. Conclamaria o governo a encampar o projeto de lei das dez medidas contra a corrupção formulado pelo Ministério Público. Em trilho paralelo, forçaria uma minirreforma política destinada a fechar o rentável negócio da criação de partidos de aluguel. Mas, imerso no seu pântano interno, o PSDB ensaiou fazer o exato oposto disso. No auge de seus exercícios ilusionistas, os tucanos prometeram a Temer um "profundo e corajoso" apoio parlamentar em troca da adesão a uma flácida agenda política. O intercâmbio equivaleria à cessão de um cheque em branco a um governo no qual não se deposita confiança.
Dias atrás, Aécio reuniu-se com Temer e sinalizou uma mudança de rota. "Tínhamos duas opções: lavar as mãos ou ajudar o país a sair da crise", constatou, antes de concluir com um enigmático "vamos dar nossa contribuição". Será, enfim, um indício de que o PSDB avalia a hipótese de fingir que é um partido?
A guerra, fria ou declarada, entre Aécio, Serra e Alckmin atravessou a era do lulopetismo, corroendo o tecido do principal partido de oposição. Hoje, quando o reinado lulo-dilmista chega ao fim em meio a incêndios econômicos, políticos e éticos, o conflito trava o PSDB, sabotando uma decisão nítida sobre o engajamento no governo transitório. Sem os tucanos a bordo, a nau de Temer se inclinaria na direção do PMDB de Jucá, Renan, Cunha et caterva, associado a um "centrão" composto por partidos ultrafisiológicos. No lugar de um governo de "união nacional", surgiria um gabinete de salvação das máfias políticas que saltaram de um comboio descarrilhado.
Aécio devastou o capital político acumulado na campanha eleitoral cortejando uma bancada parlamentar irresponsável, que chegou a votar contra o fator previdenciário e estabeleceu um desmoralizante pacto tático com Cunha. Há pouco, declarou-se "desconfortável" com a participação orgânica do PSDB no novo governo. Serra, o incorrigível, preferiu negociar pessoalmente um lugar destacado na Esplanada dos Ministérios. Sonhando delinear um caminho próprio até o Planalto, se preciso pelo atalho do PMDB, ameaça virar as costas a seu partido, entregando-o à confusão. Alckmin, por sua vez, acalenta um projeto presidencial improvável acercando-se do PSB e tricotando com a camarilha político-sindical do Paulinho da Força. Nesse passo, implodiu a campanha tucana à Prefeitura de São Paulo. Hoje, a guerra particular que travam os três gladiadores tem o potencial para complicar a já difícil transição rumo a 2018.
A sorte do governo Temer será jogada no interregno entre a posse provisória e o julgamento final do impeachment no Senado. Uma coleção de notícias econômicas positivas, quase contratadas de antemão, não será suficiente para consolidá-lo. A carência de legitimidade eleitoral precisa ser compensada por iniciativas políticas coladas aos anseios da maioria que repudiou o lulo-dilmismo.
Se fosse um partido, não uma arena de gladiadores, o PSDB trocaria o engajamento integral no governo por um ousado compromisso com a Lava Jato. Exigiria do novo presidente a mobilização imediata da maioria parlamentar para cassar o mandato de Cunha. Conclamaria o governo a encampar o projeto de lei das dez medidas contra a corrupção formulado pelo Ministério Público. Em trilho paralelo, forçaria uma minirreforma política destinada a fechar o rentável negócio da criação de partidos de aluguel. Mas, imerso no seu pântano interno, o PSDB ensaiou fazer o exato oposto disso. No auge de seus exercícios ilusionistas, os tucanos prometeram a Temer um "profundo e corajoso" apoio parlamentar em troca da adesão a uma flácida agenda política. O intercâmbio equivaleria à cessão de um cheque em branco a um governo no qual não se deposita confiança.
Dias atrás, Aécio reuniu-se com Temer e sinalizou uma mudança de rota. "Tínhamos duas opções: lavar as mãos ou ajudar o país a sair da crise", constatou, antes de concluir com um enigmático "vamos dar nossa contribuição". Será, enfim, um indício de que o PSDB avalia a hipótese de fingir que é um partido?
Lula sempre ganhou mensalinho da OAS, diz empreiteiro
Engenheiro Zuleido Veras, preso em 2007 por pagar propina para ober contratos com o governo, conta que o ex-presidente recebia dinheiro da construtora desde a década de 80 e que cartel de empreiteiras foi montado para eleger Dilma Rousseff
O
engenheiro Zuleido Veras conhece bem o ambiente de promiscuidade que
existe entre o mundo político e as empreiteiras de obras públicas. Em
2007, Veras foi preso em uma operação da Polícia Federal, acusado de
pagar propina em troca de contratos milionários no governo - um roteiro
de corrupção muito similar ao do hoje famoso petrolão. Dono da
construtora Gautama, o empreiteiro ficou doze dias na cadeia, respondeu
ao processo em liberdade e, neste ano, o Supremo Tribunal Federal
considerou nulas as provas contra ele. Na década de 80, antes de abrir o
próprio negócio, Veras ocupou durante dez anos um cargo importante na
OAS, uma das empreiteiras envolvidas no escândalo de pagamentos de
suborno da Petrobras. Trabalhou ao lado de Léo Pinheiro, ex-presidente
da OAS e hoje um dos condenados no esquema de fraudes na estatal. Nesse
período, Veras testemunhou o início de um relacionamento que pode
explicar muito sobre alguns eventos ainda em apuração na Operação
Lava-Jato.
Além dos golpes contra a Petrobras, Léo Pinheiro está sendo investigado por ter pago propina a políticos importantes, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, suspeito de ter recebido de presente da empreiteira um tríplex numa praia do Guarujá e a reforma de um sítio em Atibaia, ambos no Estado de São Paulo. Em entrevista a VEJA, Zuleido Veras conta que as relações financeiras entre Lula e a OAS reveladas pela Lava-Jato não o surpreenderam: elas existiam desde que o ex-presidente ainda era apenas um político promissor. O empresário afirma que Léo Pinheiro sempre deu dinheiro a Lula para "sua sobrevivência", valores que hoje ficariam entre "30.000, 20.000, 10.000 reais", e também ajudava "por fora" nas campanhas políticas do ex-presidente. Em troca, os petistas estendiam a mão aos interesses da OAS. Veras também diz que o petrolão foi criado no governo Lula com a missão de garantir recursos para eleger Dilma.
Engenheiro Zuleido Veras, preso em 2007 por pagar propina para ober contratos com o governo, conta que o ex-presidente recebia dinheiro da construtora desde a década de 80 e que cartel de empreiteiras foi montado para eleger Dilma Rousseff
Hugo Marques - VEJA
Zuleido Veras: o dinheiro era para garantir “a sobrevivência” de Lula. Em troca, o PT ajudava a empresa(Lucio Tavora/Ag. A Tarde/Estadão Conteúdo)
Zuleido Veras: o dinheiro era para garantir “a sobrevivência” de Lula. Em troca, o PT ajudava a empresa(Lucio Tavora/Ag. A Tarde/Estadão Conteúdo)
Além dos golpes contra a Petrobras, Léo Pinheiro está sendo investigado por ter pago propina a políticos importantes, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, suspeito de ter recebido de presente da empreiteira um tríplex numa praia do Guarujá e a reforma de um sítio em Atibaia, ambos no Estado de São Paulo. Em entrevista a VEJA, Zuleido Veras conta que as relações financeiras entre Lula e a OAS reveladas pela Lava-Jato não o surpreenderam: elas existiam desde que o ex-presidente ainda era apenas um político promissor. O empresário afirma que Léo Pinheiro sempre deu dinheiro a Lula para "sua sobrevivência", valores que hoje ficariam entre "30.000, 20.000, 10.000 reais", e também ajudava "por fora" nas campanhas políticas do ex-presidente. Em troca, os petistas estendiam a mão aos interesses da OAS. Veras também diz que o petrolão foi criado no governo Lula com a missão de garantir recursos para eleger Dilma.
Dias surreais
Igor Gielow - FSP
BRASÍLIA - O presidente-em-espera Michel Temer executou um trabalho eficiente e tradicional para selecionar seu ministério: soltou balões para vê-los abatidos ou não.
Igor Gielow - FSP
BRASÍLIA - O presidente-em-espera Michel Temer executou um trabalho eficiente e tradicional para selecionar seu ministério: soltou balões para vê-los abatidos ou não.
Negou o modo petista de arcar com o desgaste após o fato. Para medir
humores, calibrou sondagens com vazamentos visando o trabalho de triagem
que a Casa Civil nunca fez direito para o Planalto sob o PT.
O "mix" econômico representado por Meirelles, o duo Jucá-Moreira e Serra é, no papel, adequado para lidar com a frente central da crise.
Contra o arranjo, há fatos conhecidos. O senador Jucá na mira da Lava Jato é o mais grave, mas não menos obstrutivo do que acomodar as pretensões de Meirelles e de Serra.
A ideia do Itamaraty mercador (não confundir com mascate) não é nova, mas com Serra no timão ganha ares de missão, apesar dos muxoxos da hierarquia que antecipa um FHC-1992, apenas esquentando cadeira.
Já Meirelles terá, se ministro, o que o PT lhe negou: controle sobre Fazenda e BC. Há muita concorrência, a começar pela rechaçada por Temer para agradar ao PSDB, mas qualquer coisa que se assemelhe a um resgate do buraco será ativo incontestável.
Ainda há muito a definir: uma política social sensata e nomes que não explicitem demais o inevitável retalho de carniça. A Saúde não pode ir para um PP, para exemplificar.
Por fim, Temer espreita a política de terra arrasada de uma Dilma em retirada. Não é tanto o terrorismo real e ridículo pregado por sem-teto e sem-terra, que tende a ser asfixiado pela rejeição popular, e sim a ideia de deixar ministérios à míngua para dificultar a vida do PMDB.
Historicamente, dá certo quando os exércitos em fuga têm recursos para a contraofensiva. O PT hoje mal consegue parar em pé e vive uma embaraçosa hora extra (Dilma apoplética, Lula atônito, "não vai ter golpe", Miss Bumbum no Turismo etc.).
Entre um fim e um começo incertos, o Brasil vive dias surreais.
O "mix" econômico representado por Meirelles, o duo Jucá-Moreira e Serra é, no papel, adequado para lidar com a frente central da crise.
Contra o arranjo, há fatos conhecidos. O senador Jucá na mira da Lava Jato é o mais grave, mas não menos obstrutivo do que acomodar as pretensões de Meirelles e de Serra.
A ideia do Itamaraty mercador (não confundir com mascate) não é nova, mas com Serra no timão ganha ares de missão, apesar dos muxoxos da hierarquia que antecipa um FHC-1992, apenas esquentando cadeira.
Já Meirelles terá, se ministro, o que o PT lhe negou: controle sobre Fazenda e BC. Há muita concorrência, a começar pela rechaçada por Temer para agradar ao PSDB, mas qualquer coisa que se assemelhe a um resgate do buraco será ativo incontestável.
Ainda há muito a definir: uma política social sensata e nomes que não explicitem demais o inevitável retalho de carniça. A Saúde não pode ir para um PP, para exemplificar.
Por fim, Temer espreita a política de terra arrasada de uma Dilma em retirada. Não é tanto o terrorismo real e ridículo pregado por sem-teto e sem-terra, que tende a ser asfixiado pela rejeição popular, e sim a ideia de deixar ministérios à míngua para dificultar a vida do PMDB.
Historicamente, dá certo quando os exércitos em fuga têm recursos para a contraofensiva. O PT hoje mal consegue parar em pé e vive uma embaraçosa hora extra (Dilma apoplética, Lula atônito, "não vai ter golpe", Miss Bumbum no Turismo etc.).
Entre um fim e um começo incertos, o Brasil vive dias surreais.
O favor de Dilma
Mario Sabino - O Antagonismo
Uma vez aprovado o impeachment, a oposição teme que Dilma Rousseff acorrente-se à mesa presidencial, para ser retirada à força do Palácio do Planalto.
Se ela vier a dar esse espetáculo, a imagem do Brasil será indelevelmente a de uma república das bananas. É o que somos. Nesse aspecto, Dilma Rousseff nos faria um favor. Fingimos mal ser o que não somos.
O Brasil é bananeiro no gongorismo do Supremo Tribunal Federal. O Brasil é bananeiro na vulgaridade do Congresso Nacional. O Brasil é bananeiro na rapacidade dos seus partidos. O Brasil é bananeiro na poltronice dos seus empresários. O Brasil é bananeiro na caipirice dos seus cidadãos. O Brasil é bananeiro na emotividade despudorada de lulistas e antilulistas. O Brasil é bananeiro na precariedade das suas cidades. O Brasil é bananeiro na mediocridade das suas universidades. O Brasil é bananeiro na indigência da sua cultura.
Os modernistas tentaram transformar os nossos defeitos de república das bananas em qualidades maravilhosas que nos diferenciavam de todos os outros povos, bananeiros ou não. Essa balela extravasou o meio intelectual e passou a ser vendida em todo tipo de propaganda -- da política à de chinelos. Foi assim que esquecemos Machado de Assis e passamos a adorar Oswald de Andrade. Foi assim que fomos de Joaquim Nabuco a Lula.
Dilma acorrentada à mesa presidencial cancelaria de uma vez o nosso auto-engano.
Mario Sabino - O Antagonismo
Uma vez aprovado o impeachment, a oposição teme que Dilma Rousseff acorrente-se à mesa presidencial, para ser retirada à força do Palácio do Planalto.
Se ela vier a dar esse espetáculo, a imagem do Brasil será indelevelmente a de uma república das bananas. É o que somos. Nesse aspecto, Dilma Rousseff nos faria um favor. Fingimos mal ser o que não somos.
O Brasil é bananeiro no gongorismo do Supremo Tribunal Federal. O Brasil é bananeiro na vulgaridade do Congresso Nacional. O Brasil é bananeiro na rapacidade dos seus partidos. O Brasil é bananeiro na poltronice dos seus empresários. O Brasil é bananeiro na caipirice dos seus cidadãos. O Brasil é bananeiro na emotividade despudorada de lulistas e antilulistas. O Brasil é bananeiro na precariedade das suas cidades. O Brasil é bananeiro na mediocridade das suas universidades. O Brasil é bananeiro na indigência da sua cultura.
Os modernistas tentaram transformar os nossos defeitos de república das bananas em qualidades maravilhosas que nos diferenciavam de todos os outros povos, bananeiros ou não. Essa balela extravasou o meio intelectual e passou a ser vendida em todo tipo de propaganda -- da política à de chinelos. Foi assim que esquecemos Machado de Assis e passamos a adorar Oswald de Andrade. Foi assim que fomos de Joaquim Nabuco a Lula.
Dilma acorrentada à mesa presidencial cancelaria de uma vez o nosso auto-engano.
Temer monta seu governo: “Quero entrar para a história”
Às vésperas da votação do impeachment, o vice arregaça as mangas e toma as primeiras decisões: vai demitir todos os ministros de Dilma, caso não peçam demissão, promete reduzir o número de ministérios, monta um pacote de privatizações e escala Meirelles e Serra para atrair o capital externo
Robson Bonin e Daniel Pereira - VEJA
Eram
13 horas da quinta-feira passada quando o vice-presidente da
República, Michel Temer, cortou um pedaço do queijo branco sobre a mesa
de reuniões da antessala de seu gabinete no Anexo II do Palácio do
Planalto. Prestes a se tornar presidente da República, o peemedebista
mal tem tempo para se alimentar e já perdeu 2 quilos e meio. Enfrenta
uma maratona diária de reuniões com políticos, conselheiros, antigos
aliados e candidatos a novos amigos, todos dispostos a ocupar um lugar
de destaque em seu governo. A pauta dessa roda-viva é a montagem do
ministério, uma equação complicada diante da quantidade de partidos a
atender e dos interesses em jogo. Temer não externa angústia nem
entusiasmo ao traçar cenários, ainda tem muitas dúvidas e uma ambição
certeira. Diz o vice: "Eu quero entrar para a história". Ele acha que
conquistará um lugar no panteão da República se encerrar o ciclo de
recessão, viabilizar os investimentos privados e estimular a geração de
empregos. É a sua grande aposta. É a sua grande largada.
Advogado constitucionalista que escreve poemas, Temer admite conhecer pouco de economia. Por isso, a raposa política com décadas de experiência na vida pública delegará o comando dessa área a um nome testado e aprovado pelos meios políticos, financeiros e empresariais: Henrique Meirelles, presidente do Banco Central no governo Lula. Esnobado por Dilma, que se recusou a nomeá-lo para chefiar sua equipe econômica, Meirelles assumirá o Ministério da Fazenda no eventual governo Temer com carta branca para escolher o presidente do Banco Central e ressuscitar o PIB. Na semana passada, o vice fez questão de deixar escapar a preferência por Meirelles para avaliar a receptividade ao nome. Considerou positiva a reação do mercado e deu ao futuro subordinado um dever de casa: analisar um documento entregue por Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a Fiesp. O documento propõe um monumental corte de despesas e a venda de parte das estatais para reforçar o caixa. Temer e Skaf se reuniram no Palácio do Jaburu, no domingo 24. O convidado soou como sinfonia de Bach aos ouvidos do anfitrião.
Skaf disse a Temer que é possível reduzir "a zero" o déficit do governo em 2016, estimado em 96,6 bilhões de reais pelo governo Dilma Rousseff, sem contar os gastos com o pagamento de juros da dívida. Skaf também garantiu a Temer que é possível zerar o déficit mesmo sem ressuscitar a CPMF, o imposto do cheque. O vice encarregou Meirelles de ver quanto pode aproveitar das sugestões da Fiesp. Quer que o futuro ministro feche uma proposta econômica que enterre de vez a CPMF e reduza drasticamente o déficit projetado.
A ideia de Temer é levar a nova meta fiscal ao Congresso no seu primeiro dia como presidente da República. Será seu ato inaugural. Um ato de compromisso com o reequilíbrio das contas públicas e de afago aos contribuintes. "Li o plano e gostei. Zerar o déficit sem recorrer a aumento de impostos me agrada", diz Temer. "Eu preciso mudar a meta fiscal de 2016 até para não começar meu mandato cometendo pedaladas fiscais", acrescenta, referindo-se à acusação que embasou o impeachment contra Dilma.
Às vésperas da votação do impeachment, o vice arregaça as mangas e toma as primeiras decisões: vai demitir todos os ministros de Dilma, caso não peçam demissão, promete reduzir o número de ministérios, monta um pacote de privatizações e escala Meirelles e Serra para atrair o capital externo
Robson Bonin e Daniel Pereira - VEJA
ALIANÇAS: O vice-presidente já escolheu os nomes que comandarão os principais ministérios(Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)
Advogado constitucionalista que escreve poemas, Temer admite conhecer pouco de economia. Por isso, a raposa política com décadas de experiência na vida pública delegará o comando dessa área a um nome testado e aprovado pelos meios políticos, financeiros e empresariais: Henrique Meirelles, presidente do Banco Central no governo Lula. Esnobado por Dilma, que se recusou a nomeá-lo para chefiar sua equipe econômica, Meirelles assumirá o Ministério da Fazenda no eventual governo Temer com carta branca para escolher o presidente do Banco Central e ressuscitar o PIB. Na semana passada, o vice fez questão de deixar escapar a preferência por Meirelles para avaliar a receptividade ao nome. Considerou positiva a reação do mercado e deu ao futuro subordinado um dever de casa: analisar um documento entregue por Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a Fiesp. O documento propõe um monumental corte de despesas e a venda de parte das estatais para reforçar o caixa. Temer e Skaf se reuniram no Palácio do Jaburu, no domingo 24. O convidado soou como sinfonia de Bach aos ouvidos do anfitrião.
Skaf disse a Temer que é possível reduzir "a zero" o déficit do governo em 2016, estimado em 96,6 bilhões de reais pelo governo Dilma Rousseff, sem contar os gastos com o pagamento de juros da dívida. Skaf também garantiu a Temer que é possível zerar o déficit mesmo sem ressuscitar a CPMF, o imposto do cheque. O vice encarregou Meirelles de ver quanto pode aproveitar das sugestões da Fiesp. Quer que o futuro ministro feche uma proposta econômica que enterre de vez a CPMF e reduza drasticamente o déficit projetado.
A ideia de Temer é levar a nova meta fiscal ao Congresso no seu primeiro dia como presidente da República. Será seu ato inaugural. Um ato de compromisso com o reequilíbrio das contas públicas e de afago aos contribuintes. "Li o plano e gostei. Zerar o déficit sem recorrer a aumento de impostos me agrada", diz Temer. "Eu preciso mudar a meta fiscal de 2016 até para não começar meu mandato cometendo pedaladas fiscais", acrescenta, referindo-se à acusação que embasou o impeachment contra Dilma.
sexta-feira, 29 de abril de 2016
Ao comemorar 25 anos, o Mercosul mostra a quem serve
Graça Salgueiro - MSM
Rodolfo Nin Novoa e María Solange
Díaz durante a apresentação do selo comemorativo dos 25 anos do Tratado
de Assunção que criou o MERCOSUL. (Foto: Pablo Vignali)
No
dia 25 de abril, a presidência pro tempore do MERCOSUL, na pessoa do
chanceler uruguaio Rodolfo Nin Novoa, realizou um evento no prédio da
instituição para comemorar os 25 anos do Tratado de Assunção que
estruturaria a criação do bloco inicialmente formado por Argentina,
Brasil, Paraguai e Uruguai. Estiveram presentes os chanceleres e
vice-chanceleres dos países membros, além dos deputados que compõem o
Parlasul - Parlamento do MERCOSUL -, incluindo a Venezuela que foi
adicionada ao bloco ilegalmente, quando da suspensão do Paraguai em
2012.
Por
abrigar a presidência pro tempore e estar comemorando uma data
importante o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, também participou.
Na ocasião foi lançado um selo comemorativo dos 25 anos mas o clima não
foi nada festivo, tendo ocorrido um bate-boca entre os deputados
brasileiros e o presidente do Parlasul, deputado e ex-chanceler
argentino o kirchnerista Jorge Taiana, que publicou no domingo anterior
no site oficial do Parlasul uma nota onde afirma que o Brasil passa por
uma “situação escandalosa”. Disse Taiana: “Isto é um golpe parlamentar, é uma utilização forçada da lei do impeachment”, acrescentando que “setores
conservadores, de direita, do mundo financeiro e da mídia teriam como
objetivo central impedir que o ex-presidente Lula voltasse à Presidência
do Brasil em 2018”.
Quando
os parlamentares brasileiros chegaram ao local do evento, um auditório
com capacidade para 400 pessoas, descobriram que lhes foram reservados
os assentos da última fila, atrás mesmo de pessoas de escalão inferior
aos parlamentares. Então, o deputado Arthur Oliveira Maia do PSDB-BA,
foi até a frente do auditório e sem usar microfone disse que aquilo era
uma retaliação de Taiana, após escrever uma “nota irresponsável” sobre a
situação do Brasil, e todos decidiram se retirar, menos, evidentemente,
Jean Wyllys (PSOL), Benedita da Silva (PT), Ságuas Moraes (PT) e o
ex-deputado pelo PT-PR e atual “alto representante-geral do MERCOSUL”,
Doutor Rosinha.
Ao
ouvir o anúncio, o presidente Tabaré Vázquez que estava sentado na
primeira fila, decidiu apoiá-los e foi sentar-se junto a eles mas de
nada adiantou, pois os parlamentares brasileiros se retiraram assim
mesmo. Depois, pelo Twitter, Jean Wyllys classificou de “arrogante e indecorosa”
a atitude daqueles que se retiraram. Enquanto isso, os deputados
venezuelanos opositores gritavam palavras de ordem e levantavam cartazes
onde se lia “Liberdade para os presos-políticos venezuelanos”, “Na Venezuela não há alimentos nem remédios” e “Não ao fechamento da Assembléia Nacional”.
Não se falou em detalhes da situação política do Brasil mas, de forma generalizada, Nin Novoa disse que “a situação institucional brasileira merece particular e especial atenção” e que “a justiça, a legalidade e a legitimidade devem estar acima de posicionamentos políticos”.
Doutor
Rosinha defendeu com unhas e dentes a aproximação do MERCOSUL com a
Rússia, alegando para tal que o Brasil faz parte do BRICS e que essa
relação é “extremamente importante para construir novas relações
comerciais, para construir outro modelo de economia mundial e para criar
multi-polaridade”.
Mas
a cereja do bolo, entretanto, ficou por conta da Srª Rousseff, quando
declarou desde Nova York que pretendia invocar a Cláusula Democrática do
MERCOSUL, tal e como ela fez no Paraguai em 2012, por causa da
deposição legal e constitucional do ex-presidente Fernando Lugo. Se a
cláusula for aceita, o Brasil ficará suspenso da organização mas será
necessário o aval de todos os países-membros. Até agora, a Venezuela foi
o único país a se mostrar favorável à medida.
Isso
demonstra que dona Rousseff não está, como nunca esteve, preocupada com
seu país, que seria o único prejudicado, mas em punir aqueles que são
favoráveis à sua deposição. Tal como no caso de Lugo, que foi tramado
secretamente por ela com o ex-presidente José Mujica do Uruguai, a
portas fechadas no Palácio do Planalto, o que está em jogo não é a
democracia, o respeito à Constituição ou às leis do Brasil mas salvar o poder
adquirido pelo Foro de São Paulo ao longo desses 26 anos. Aqui como lá,
as instituições democráticas não passam de nomes vazios que são usados para enganar o povo e conseguir votos, pois só têm significado e importância se eles continuarem comandando.
Contratação de jornalista pela EBC gera desconforto entre os funcionários
Os funcionários da área de radiojornalismo
ficaram sabendo de sua contratação apenas pela imprensa. Além disso,
reclamaram por ela ter sido feita em um momento de “contenção de gastos e
recessão”.
Segundo um funcionário da EBC, a comemoração da
nomeação de Rezende com champanhe nas dependências da empresa causou
“indignação”.
A mulher que se achava filha de Getúlio, o pai do Brasil Maravilha e a órfã do golpe que não houve
A doida mansa de Taquaritinga que se dizia herdeira do Banco do Brasil era mais sensata que o fundador de um país inexistente e a alma penada que uiva no Palácio do Planalto
A doida mansa de Taquaritinga que se dizia herdeira do Banco do Brasil era mais sensata que o fundador de um país inexistente e a alma penada que uiva no Palácio do Planalto
Augusto Nunes - VEJA
Já contei aqui a história da doida mansa que, no começo dos anos 60, apareceu no portão da minha casa em Taquaritinga para buscar a chave do Banco do Brasil. Ela quis saber se eu era filho do prefeito. Disse que sim. A mulher negra, franzina e maltrapilha informou que era filha de Getúlio Vargas. Achei que aquilo era coisa a ser tratada por gente grande e fui chamar minha mãe.
Já contei aqui a história da doida mansa que, no começo dos anos 60, apareceu no portão da minha casa em Taquaritinga para buscar a chave do Banco do Brasil. Ela quis saber se eu era filho do prefeito. Disse que sim. A mulher negra, franzina e maltrapilha informou que era filha de Getúlio Vargas. Achei que aquilo era coisa a ser tratada por gente grande e fui chamar minha mãe.
Ela se identificou novamente e revelou a dona Biloca que o pai lhe
deixara como herança o Banco do Brasil. Com o suicídio, tornara-se dona
da grande instituição financeira, incluídos bens imóveis e funcionários.
Como as chaves das centenas de agências espalhadas pelo país ficavam
sob a guarda do prefeito, ela deveria apenas, sempre que quisesse ou
precisasse, solicitá-las ao chefe do Executivo municipal.
Era por isso que estava lá, repetiu ao fim da exposição. Dona Biloca percebeu que aquilo iria longe, decidiu passar a pendência adiante e transferiu a solução para o primogênito ─ que, para sorte de ambas, trabalhava no Banco do Brasil de Taquaritinga. Depois de ensinar-lhe o caminho mais curto, recomendou que fosse até a agência, procurasse um moço chamado Flávio e transmitisse o recado: “Diga que a mãe dele mandou dar um jeito no problema da senhora”.
O jeito que deu confirmou que meu irmão mais velho era mesmo paciente e imaginoso. Ao saber com quem estava falando, dispensou à visitante as deferências devidas a uma filha de presidente da República, ouviu a história com cara de quem está acreditando em tudo e, terminado o relato, pediu licença para falar com o gerente. Foi ao banheiro e voltou com a informação: a chave estava no cofre da agência. Mas só poderia entregá-la se a filha de Getúlio confirmasse a paternidade ilustre.
“A senhora precisa buscar a certidão de nascimento no cartório”, explicou Flávio. Ela ficou feliz. Avisou que em meia hora estaria de volta com o papel. Reapareceu três ou quatro meses mais tarde, mas no portão da minha casa, de novo atrás do prefeito. Mais uma vez foi encaminhada ao moço da agência, que liquidou a questão do mesmo jeito. O ritual foi reprisado quatro vezes em menos de dois anos. Até que um dia ela saiu em direção ao cartório e nunca mais voltou.
Lembrei-me da doida mansa que coloriu minha infância quando o presidente Lula registrou em cartório um Brasil imaginário. Tinha trem-bala, aviões pontuais como a rainha da Inglaterra, rodovias federais de humilhar motorista alemão, luz e moradia para todos, três refeições por dia para a nova classe média, formada pelos pobres de antigamente. Quem quisesse ver mendigo de perto que fosse até Paris e se contentasse com algum chochard.
A transposição das águas do São Francisco havia exterminado a seca e transformado o Nordeste numa formidável constelação de lagos, represas e piscinas. O sertão ficara melhor que o mar. Os morros do Rio viviam em paz, os barracos valiam mais que as coberturas do Leblon. E ainda nem começara a exploração do pré-sal, que promoveria o Brasil em presidente perpétuo da OPEP e faria da potência sul-americana uma Noruega ensolarada.
No país do cartório, o governo não roubava nem deixava roubar, o Mensalão nunca existira, os delinquentes engravatados estavam todos na cadeia, os ministros e os parlamentares serviam à nação em tempo integral e o presidente da República cumpria e mandava cumprir cada um dos Dez Mandamentos. Lula fizera em oito anos o que os demais governantes não haviam sequer esboçado em 500.
Daqui a alguns anos, é possível que um filho do prefeito de São Bernardo do Campo tenha de lidar com um homem gordo, de barba grisalha, voz roufenha e o olhar brilhante dos doidos de pedra, exigindo a devolução da maravilha com firma reconhecida em cartório. A filha de Getúlio tropeçara na falta da certidão de nascimento. O pai do país imaginário estará sobraçando o papel cheio de selos, carimbos, rubricas, garranchos e assinaturas.
Tornei a lembrar-me da herdeira do Banco do Brasil ao ver o que Dilma Rousseff anda fazendo para continuar no emprego que já perdeu. Daqui a poucos anos, poderá aparecer na porta da casa do prefeito de Porto Alegre a mulher de terninho vermelho, calça preta e cara de desquitada de antigamente que, com aquele andar de John Wayne, zanza pelas ruas repetindo o mesmo grito de guerra: “Foi golpe!”
Apesar do juízo avariado, nem ela vai querer de volta o país que destruiu. Só exigirá a chave do Palácio do Planalto. Para livrar-se do problema, os filhos do prefeito devem pedir-lhe que mostre a certidão assinada pelos golpistas. E presenteá-la com um exemplar da Constituição.
Era por isso que estava lá, repetiu ao fim da exposição. Dona Biloca percebeu que aquilo iria longe, decidiu passar a pendência adiante e transferiu a solução para o primogênito ─ que, para sorte de ambas, trabalhava no Banco do Brasil de Taquaritinga. Depois de ensinar-lhe o caminho mais curto, recomendou que fosse até a agência, procurasse um moço chamado Flávio e transmitisse o recado: “Diga que a mãe dele mandou dar um jeito no problema da senhora”.
O jeito que deu confirmou que meu irmão mais velho era mesmo paciente e imaginoso. Ao saber com quem estava falando, dispensou à visitante as deferências devidas a uma filha de presidente da República, ouviu a história com cara de quem está acreditando em tudo e, terminado o relato, pediu licença para falar com o gerente. Foi ao banheiro e voltou com a informação: a chave estava no cofre da agência. Mas só poderia entregá-la se a filha de Getúlio confirmasse a paternidade ilustre.
“A senhora precisa buscar a certidão de nascimento no cartório”, explicou Flávio. Ela ficou feliz. Avisou que em meia hora estaria de volta com o papel. Reapareceu três ou quatro meses mais tarde, mas no portão da minha casa, de novo atrás do prefeito. Mais uma vez foi encaminhada ao moço da agência, que liquidou a questão do mesmo jeito. O ritual foi reprisado quatro vezes em menos de dois anos. Até que um dia ela saiu em direção ao cartório e nunca mais voltou.
Lembrei-me da doida mansa que coloriu minha infância quando o presidente Lula registrou em cartório um Brasil imaginário. Tinha trem-bala, aviões pontuais como a rainha da Inglaterra, rodovias federais de humilhar motorista alemão, luz e moradia para todos, três refeições por dia para a nova classe média, formada pelos pobres de antigamente. Quem quisesse ver mendigo de perto que fosse até Paris e se contentasse com algum chochard.
A transposição das águas do São Francisco havia exterminado a seca e transformado o Nordeste numa formidável constelação de lagos, represas e piscinas. O sertão ficara melhor que o mar. Os morros do Rio viviam em paz, os barracos valiam mais que as coberturas do Leblon. E ainda nem começara a exploração do pré-sal, que promoveria o Brasil em presidente perpétuo da OPEP e faria da potência sul-americana uma Noruega ensolarada.
No país do cartório, o governo não roubava nem deixava roubar, o Mensalão nunca existira, os delinquentes engravatados estavam todos na cadeia, os ministros e os parlamentares serviam à nação em tempo integral e o presidente da República cumpria e mandava cumprir cada um dos Dez Mandamentos. Lula fizera em oito anos o que os demais governantes não haviam sequer esboçado em 500.
Daqui a alguns anos, é possível que um filho do prefeito de São Bernardo do Campo tenha de lidar com um homem gordo, de barba grisalha, voz roufenha e o olhar brilhante dos doidos de pedra, exigindo a devolução da maravilha com firma reconhecida em cartório. A filha de Getúlio tropeçara na falta da certidão de nascimento. O pai do país imaginário estará sobraçando o papel cheio de selos, carimbos, rubricas, garranchos e assinaturas.
Tornei a lembrar-me da herdeira do Banco do Brasil ao ver o que Dilma Rousseff anda fazendo para continuar no emprego que já perdeu. Daqui a poucos anos, poderá aparecer na porta da casa do prefeito de Porto Alegre a mulher de terninho vermelho, calça preta e cara de desquitada de antigamente que, com aquele andar de John Wayne, zanza pelas ruas repetindo o mesmo grito de guerra: “Foi golpe!”
Apesar do juízo avariado, nem ela vai querer de volta o país que destruiu. Só exigirá a chave do Palácio do Planalto. Para livrar-se do problema, os filhos do prefeito devem pedir-lhe que mostre a certidão assinada pelos golpistas. E presenteá-la com um exemplar da Constituição.
Serra deveria aceitar Relações Exteriores
Merval Pereira - O Globo
O senador Jose Serra parece que não quer assumir o Ministério das Relações Exteriores porque quer um cargo que lhê dimensão interna. Relações Externas não é assunto que interesse ao povo brasileiro, de maneira geral. Ele tem condição de fazer um grande trabalho, mas para a carreira política dele não leva a lugar nenhum. Acho que deveria aceitar. Meirelles na economia é o ponto crucial; o projeto social também está interessante, está bem montado. O primeiro momento do governo Temer, que é político, de manter a base no Congresso para aprovar medidas duras mas necessárias e manter as políticas sociais está indo bem.
Merval Pereira - O Globo
O senador Jose Serra parece que não quer assumir o Ministério das Relações Exteriores porque quer um cargo que lhê dimensão interna. Relações Externas não é assunto que interesse ao povo brasileiro, de maneira geral. Ele tem condição de fazer um grande trabalho, mas para a carreira política dele não leva a lugar nenhum. Acho que deveria aceitar. Meirelles na economia é o ponto crucial; o projeto social também está interessante, está bem montado. O primeiro momento do governo Temer, que é político, de manter a base no Congresso para aprovar medidas duras mas necessárias e manter as políticas sociais está indo bem.
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