Militante argentino revela que a história pode fazer de um lobo um cordeiro, mas não muda sua essência
Reinaldo Azevedo - VEJA
Alma
golpista têm os petistas. Não são capazes de respeitar nem a instituição
que lhes garante a legitimidade para falar e atuar, no Parlamento, como
representantes do povo. Os petistas, eles sim, jamais aceitaram o
resultado de eleições. A menos que as urnas se lhes mostrem favoráveis.
Assim é em todas as esferas: municipal, estadual ou federal. Ou estão no
comando ou optam pela sabotagem. E não foi diferente desta vez.
O arquiteto e
escultor argentino Adolfo Pérez Esquivel, que se notabilizou por
defender os direitos dos humanos de esquerda — inclusive o direito que
estes teriam de matar inocentes —, está no Brasil. Veio se encontrar com
Dilma Rousseff e foi convidado pelos petistas a falar no Senado
Federal.
Disparou uma indignidade, que ofende também a Casa que o abrigou e agride a democracia brasileira. Disse:
“Venho aqui ao Brasil trazendo a solidariedade e o apoio de muita gente da América Latina e a minha pessoal [para] que se respeite a continuidade da Constituição e do direito do povo de viver em democracia (…). Creio que, neste momento, há grande dificuldades [advindas] de um possível golpe de estado. E já se utilizou esse mecanismo de funcionamento em outros países do continente, como Honduras e Paraguai”.
“Venho aqui ao Brasil trazendo a solidariedade e o apoio de muita gente da América Latina e a minha pessoal [para] que se respeite a continuidade da Constituição e do direito do povo de viver em democracia (…). Creio que, neste momento, há grande dificuldades [advindas] de um possível golpe de estado. E já se utilizou esse mecanismo de funcionamento em outros países do continente, como Honduras e Paraguai”.
Esquivel está com 85 anos. Isso significa que um homem de 85 anos disse uma asneira consolidada, amadurecida pelo tempo.
Vamos ver como um esquerdista carnívoro entrou para a história como um vegetariano, embora não passe de um herbívoro.
Uma breve
memória: Esquivel ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1980. Sempre foi um
notório militante de esquerda, mas se escondeu sob a proteção vigarista
de “militante da paz”. Aliás, essa costuma ser a pele de cordeiro a que
os lobos recorrem com mais frequência.
O povo
argentino viveu, entre 1976 e 1983, a mais sangrenta ditadura militar de
sua história. Entre mortos nas masmorras e desaparecidos, contam-se 30
mil pessoas. Para se ter uma ideia da violência: os mortos e
desaparecidos do regime militar brasileiro somam 424, embora a população
do país vizinho seja praticamente um quinto da nossa.
Ou por
outra: a brutalidade e a insanidade do regime militar argentino conferiu
a Esquivel uma santidade ideológica que ele nunca teve. Diante daquele
regime gorila, qualquer um que a ele se opusesse poderia reivindicar sua
cota de heroísmo e santidade, tanto mais Esquivel, associado a uma
grande rede de solidariedade de entidades esquerdistas. Já volto ao
dito-cujo.
Ronaldo
Caiado (GO), líder do DEM, reagiu: “Não podemos ser surpreendidos com
essas montagens, não foi por acaso que esse senhor veio aqui fazer esse
pronunciamento. Isso é uma estratégia que esse plenário não admite. Essa
situação é inaceitável. Nunca vi, com 22 anos de Congresso Nacional, as
autoridades que nos visitam, sem ter o consentimento de todos os
líderes, usarem o microfone para fazer pronunciamento”.
Até o
petista Paulo Paim (RS), que presidia a sessão, concordou com a retirada
da palavra “golpe”. “Em nenhum instante, o regimento autoriza que a
sessão do Senado possa ser interrompida para conceder a palavra a um não
senador”, lembrou Cássio Cunha Lima (PB), líder do PSDB.
Em suma,
tratava-se de um golpe no Regimento e na própria instituição: “Entendo
que isso cause urticária naqueles que são oposição”, afirmou cinicamente
Humberto Costa (PE), líder do governo no Senado. Disse, por sua vez, o
tucano Aloysio Nunes Ferreira (PSDB): “Esquivel entrou aqui iludido, não
sabia das regras do regimento interno, expressou sua opinião. E eu
lamento que ele tenha sido levado a isto por colegas nossos: foi uma
esparrela que lhe montaram e submeteram o Pérez Esquivel a esse
constrangimento”.
Será mesmo?
Não acredito na inocência de Esquivel. Este senhor é um defensor ferrenho da ditadura bolivariana da Venezuela. Quando o regime estava matando pessoas nas ruas, preferiu atacar os EUA. Quando Mauricio Macri foi eleito e aventou a hipótese de usar a “cláusula democrática” do Tratado do Mercosul para punir a Venezuela por suas agressões aos direitos humanos, o que fez o falso “bom velhinho”? Escreveu um carta esculhambando Macri e defendendo Nicolás Maduro.
Não acredito na inocência de Esquivel. Este senhor é um defensor ferrenho da ditadura bolivariana da Venezuela. Quando o regime estava matando pessoas nas ruas, preferiu atacar os EUA. Quando Mauricio Macri foi eleito e aventou a hipótese de usar a “cláusula democrática” do Tratado do Mercosul para punir a Venezuela por suas agressões aos direitos humanos, o que fez o falso “bom velhinho”? Escreveu um carta esculhambando Macri e defendendo Nicolás Maduro.
Esquivel tem
se calado sistematicamente sobre as óbvias violências praticadas pelos
regimes bolivarianos da América Latina, mas não se constrangeu em enviar
a Obama uma carta, pouco antes de sua viagem à Argentina, acusando os
EUA de violar sistematicamente os direitos humanos.
Ganhou o
Prêmio Nobel da Paz por defender os direitos humanos. A realidade
demonstra que tal prêmio tem de ser cassado. Esquivel é um defensor dos
direitos que teriam os humanos de esquerda de transgredir as leis,
inclusive as democráticas.
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