Rodolfo Nin Novoa e María Solange
Díaz durante a apresentação do selo comemorativo dos 25 anos do Tratado
de Assunção que criou o MERCOSUL. (Foto: Pablo Vignali)
No
dia 25 de abril, a presidência pro tempore do MERCOSUL, na pessoa do
chanceler uruguaio Rodolfo Nin Novoa, realizou um evento no prédio da
instituição para comemorar os 25 anos do Tratado de Assunção que
estruturaria a criação do bloco inicialmente formado por Argentina,
Brasil, Paraguai e Uruguai. Estiveram presentes os chanceleres e
vice-chanceleres dos países membros, além dos deputados que compõem o
Parlasul - Parlamento do MERCOSUL -, incluindo a Venezuela que foi
adicionada ao bloco ilegalmente, quando da suspensão do Paraguai em
2012.
Por
abrigar a presidência pro tempore e estar comemorando uma data
importante o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, também participou.
Na ocasião foi lançado um selo comemorativo dos 25 anos mas o clima não
foi nada festivo, tendo ocorrido um bate-boca entre os deputados
brasileiros e o presidente do Parlasul, deputado e ex-chanceler
argentino o kirchnerista Jorge Taiana, que publicou no domingo anterior
no site oficial do Parlasul uma nota onde afirma que o Brasil passa por
uma “situação escandalosa”. Disse Taiana: “Isto é um golpe parlamentar, é uma utilização forçada da lei do impeachment”, acrescentando que “setores
conservadores, de direita, do mundo financeiro e da mídia teriam como
objetivo central impedir que o ex-presidente Lula voltasse à Presidência
do Brasil em 2018”.
Quando
os parlamentares brasileiros chegaram ao local do evento, um auditório
com capacidade para 400 pessoas, descobriram que lhes foram reservados
os assentos da última fila, atrás mesmo de pessoas de escalão inferior
aos parlamentares. Então, o deputado Arthur Oliveira Maia do PSDB-BA,
foi até a frente do auditório e sem usar microfone disse que aquilo era
uma retaliação de Taiana, após escrever uma “nota irresponsável” sobre a
situação do Brasil, e todos decidiram se retirar, menos, evidentemente,
Jean Wyllys (PSOL), Benedita da Silva (PT), Ságuas Moraes (PT) e o
ex-deputado pelo PT-PR e atual “alto representante-geral do MERCOSUL”,
Doutor Rosinha.
Ao
ouvir o anúncio, o presidente Tabaré Vázquez que estava sentado na
primeira fila, decidiu apoiá-los e foi sentar-se junto a eles mas de
nada adiantou, pois os parlamentares brasileiros se retiraram assim
mesmo. Depois, pelo Twitter, Jean Wyllys classificou de “arrogante e indecorosa”
a atitude daqueles que se retiraram. Enquanto isso, os deputados
venezuelanos opositores gritavam palavras de ordem e levantavam cartazes
onde se lia “Liberdade para os presos-políticos venezuelanos”, “Na Venezuela não há alimentos nem remédios” e “Não ao fechamento da Assembléia Nacional”.
Não se falou em detalhes da situação política do Brasil mas, de forma generalizada, Nin Novoa disse que “a situação institucional brasileira merece particular e especial atenção” e que “a justiça, a legalidade e a legitimidade devem estar acima de posicionamentos políticos”.
Doutor
Rosinha defendeu com unhas e dentes a aproximação do MERCOSUL com a
Rússia, alegando para tal que o Brasil faz parte do BRICS e que essa
relação é “extremamente importante para construir novas relações
comerciais, para construir outro modelo de economia mundial e para criar
multi-polaridade”.
Mas
a cereja do bolo, entretanto, ficou por conta da Srª Rousseff, quando
declarou desde Nova York que pretendia invocar a Cláusula Democrática do
MERCOSUL, tal e como ela fez no Paraguai em 2012, por causa da
deposição legal e constitucional do ex-presidente Fernando Lugo. Se a
cláusula for aceita, o Brasil ficará suspenso da organização mas será
necessário o aval de todos os países-membros. Até agora, a Venezuela foi
o único país a se mostrar favorável à medida.
Isso
demonstra que dona Rousseff não está, como nunca esteve, preocupada com
seu país, que seria o único prejudicado, mas em punir aqueles que são
favoráveis à sua deposição. Tal como no caso de Lugo, que foi tramado
secretamente por ela com o ex-presidente José Mujica do Uruguai, a
portas fechadas no Palácio do Planalto, o que está em jogo não é a
democracia, o respeito à Constituição ou às leis do Brasil mas salvar o poder
adquirido pelo Foro de São Paulo ao longo desses 26 anos. Aqui como lá,
as instituições democráticas não passam de nomes vazios que são usados para enganar o povo e conseguir votos, pois só têm significado e importância se eles continuarem comandando.
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