Em 2012, chefão petista estava tão certo da aniquilação da oposição e da neutralização do PMDB que já fazia planos para disputar a classe C com os evangélicos
Reinaldo Azevedo - VEJA
Gilberto Carvalho, braço-direito de Lula e ministro do primeiro governo Dilma, voltou ao Palácio do Planalto nesta quarta para participar de um balanço das ações do Ministério do Desenvolvimento Social. Segundo homem mais poderoso do PT, hoje ele é presidente do Conselho Nacional do Sesi. Também vai perder a boquinha — no caso, bocona.
Como Dilma
não estava presente, ele se encarregou de usar um prédio público que é
sede do Poder Executivo para o proselitismo político contra as
instituições. Essa gente, no devido tempo, terá de ser responsabilizada
por tamanha afronta. Chamou, também ele, o cumprimento da Constituição
de golpe e disse que estará presente, quando Dilma for afastada, para
descer com ela a rampa.
O PT
pretende armar uma pantomima para mobilizar a sua tropa. Talvez não
fosse prudente fazê-lo. Suponho que os adversários saberão transformar o
ato supostamente solene num momento patético. Petistas gostam, no
entanto, de uma patuscada romântica. Que seja!
Carvalho fez
de conta que o partido que vai ser apeado do poder não é aquele que
chamou o então presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de
Azevedo, em 2008, para avisar — isto está em sua delação — que a
empreiteira tinha de pagar 1% de propina sobre todas as obras que tocava
no governo federal desde… 2003.
Descendo a
rampa com Dilma, é muito provável, estará Ricardo Berzoini, secretário
de governo da presidente e, em 2008, presidente do PT. Segundo Marques
de Azevedo, foi quem comandou a tal reunião. Também deve estar com Dilma
Edinho Silva, que apresentou à mesma empreiteira, em 2014, um pleito de
R$ 100 milhões. E deve compor a turma Jaques Wagner, igualmente
incluído no inquérito-mãe da Lava Jato.
Nada disso!
Segundo Carvalho, o que está em curso é um golpe, desfechado por aqueles
que não estão conformados com as conquistas sociais proporcionadas pelo
petismo. Ele não se referiu ao desemprego acima de 10%, claro!
Com a cara
de pau que tão bem o caracteriza, disse: “Todo mundo sabe que nós
estamos saindo por conta da escolha certa que nós fizemos do ponto de
vista da luta de classes”. É verdade. Na luta de classes, os petistas
escolheram os empreiteiros, que, por sua vez, escolheram os petistas.
Carvalho emendou: “Dilma está tendo cassado o seu mandato e não pode ser
acusada por um tostão”. É… Não se trata de tostão. O crime de
responsabilidade remonta a muitos bilhões de reais.
Estou
contando as horas para ver a companheirada descer a rampa com o seu ar
altivo. Ao fazê-lo, além dos milhões de desempregados, deixam como
herança um déficit brutal, a mais longa recessão da história, a
Petrobras quebrada, o maior escândalo de corrupção que o mundo já viu e o
exemplo acabado da privatização do estado a serviço de uma camarilha.
Compreendo a
chateação de Gilberto Carvalho. Esse cara estava tão certo de que já
havia aniquilado a oposição no país e que o PMDB já estava neutralizado
que, no dia 27 de janeiro de 2012, num discurso no
Fórum Social de Porto Alegre, deixou claro que a etapa seguinte do
projeto totalitário petista era medir forças com os evangélicos. Sim,
esse grande pensador queria um partido político disputando o mercado das
ideias religiosas.
E não parou
aí, não. Naquele discurso, ele também defendeu — e era ministro de
estado! — que o governo investisse numa mídia estatal para a classe C.
Era o auge
do delírio. Embora o país já estivesse no rumo do desastre, isso não
aparecia. Mais de 70% consideravam o governo Dilma ótimo ou bom. A
máquina corrupta operava a todo vapor. As porcentagens de propina eram
pagas religiosamente, e não parecia haver força viva capaz de se opor ao
petismo.
Quatro anos depois, Carvalho está planejando como vai descer a rampa com Dilma, com o rabo entre as pernas.
Engula essa, papudo!
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