Partido de extrema-direita alemão aprova manifesto anti-islâmico
Alternativa para a Alemanha defende que o Islã não é compatível com a constituição
O Globo
STUTTGART, Alemanha — Em manifesto divulgado neste domingo, o partido alemão de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão) explicitou sua posição anti-islâmica. Após dois dias de discussões, os cerca de dois mil membros que participaram do congresso anual da legenda realizado em Stuttgart, no sudoeste do país, defenderam que o Islã não é compartível com a constituição e pediram a proibição de símbolos religiosos.
O capítulo do manifesto dedicado aos muçulmanos tem o título “Islã não pertence à Alemanha”, que foi aprovado após formulação moderada que buscava o diálogo com a religião ser descartada. Entre as medidas, o documento pede a proibição da burca — veste usada pelas mulheres que cobre todo o corpo — e a interdição dos minaretes — torres das mesquitas que anunciam as cinco orações diárias.
— O Islã é estrangeiro na Alemanha e, por esse motivo, não podemos invocar o princípio da liberdade religiosa da mesma forma que fazemos com o Cristianismo — disse Hans-Thomas Tillschneider, legislador da Alta Saxônia.
Em discurso, o líder do partido, Jörg Meuthen, definiu o AfD como “conservador moderno, livre e saudavelmente patriota” e defendeu que a cultura alemã deve ser ancorada em valores “cristãos e ocidentais”, não no Islã.
— Nosso programa de partido é o caminho para uma Alemanha diferente — disse Meuthen.
O AfD foi fundado em 2013 e, em poucos anos, conseguiu espaço surpreendente. Apesar de não possuir representantes em nível nacional, possui presença no legislativo em oito dos 16 distritos do país. Ao adotar o discurso anti-islâmico, o partido se opõe à política adotada pela premier, Angela Merkel, de portas abertas aos imigrantes.
De acordo com dados do Escritório Federal de Estatísticas, o país recebeu 1,14 milhão de imigrantes em 2015, 49% a mais que no ano anterior.
O manifesto também defende o reforço na defesa das fronteiras do país, a saída da Alemanha da zona do euro, a reinstalação do serviço militar obrigatório, a rejeição da “ideologia do multiculturalismo” e reafirmação dos valores da família tradicional e da cultura nacional. Outras medidas consideradas mais radicais, como a proibição do aborto e a saída do país da Otan, ficaram fora do documento.
No sábado, manifestantes contrários ao partido tentaram impedir a realização do encontro bloqueando vias próximas ao centro de convenções. Após confronto com a polícia, cerca de 400 pessoas foram detidas.
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