sábado, 2 de abril de 2016

Argentina assume protagonismo no continente
Adoção de medidas de integração internacional, após a eleição de Mauricio Macri, restitui confiança de investidores e país se torna exemplo a ser seguido na região
O Globo
A visita do presidente Barack Obama a Cuba foi um fato histórico de tamanha proporção que acabou por ofuscar a importância e o simbolismo de sua passagem pela Argentina, na sequência de sua viagem à América do Sul. Se o encontro de Obama com Raúl Castro representou o início do fim da obsoleta política de embargo econômico contra a ilha, e uma aposta num continente mais integrado economicamente, a presença do presidente americano na Casa Rosada ressaltou a importância da Argentina no atual cenário político, econômico e social da América do Sul.
Após a eleição de Mauricio Macri em dezembro do ano passado, a Argentina deu passos importantes, sobretudo na economia, como a complexa negociação com credores com o propósito de reintegrar o país no sistema financeiro internacional — referendada pelo Congresso —, desfazendo a política de isolamento e calote implementada pelo casal Kirchner.
Também desaparelhou importante instituição de estatísticas econômicas, o Indec, reintegrando as equipes técnicas, o que devolveu legitimidade a informações essenciais para tomada de decisões, como os índices de inflação, emprego e crescimento. Outra medida importante foi a eliminação de quase todas as tarifas e taxas cobradas sobre exportações agrícolas.
Segundo o governo, os primeiros três meses de gestão foram destinados a “arrumar a casa”, e poder restituir a confiança dos agentes econômicos e políticos. Durante a visita de Obama, num almoço na Câmara Americana de Comércio, o ministro de Finanças, Alfonso Prat-Gay, afirmou que o governo pretende no segundo semestre domar a inflação, hoje em torno de 30%, trazendo-a para um patamar entre 20% e 25%, e reduzir o déficit fiscal de mais de 7% do PIB em um ponto percentual. Metas factíveis, diante da retomada da confiança dos investidores e empresários, bem como do próprio consumidor argentino, que vislumbram alguma ordem no horizonte.
Macri agiu rapidamente, logo após assumir a presidência, aproveitando para adotar medidas difíceis enquanto seu capital político estava elevado. Com isso conseguiu avançar na direção do crescimento sustentável, na rota inversa de vizinhos de continente, amarrados na ideologia bolivariana que há mais de uma década domina parte da região.
Não é obra do acaso o fato de estes países encontrarem-se hoje paralisados em crises decorrentes da irresponsabilidade fiscal, no campo econômico, e confrontados pelo fracasso de políticas populistas desenhadas para perpetuá-los no poder.
Enquanto a Argentina reforça a liderança regional, em baixa com os Kirchner, e o mundo se integra em blocos e por meio de acordos comerciais multilaterais, o Brasil precisa deixar de apostar num Mercosul bolivariano, pois ele já não existe.

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