sábado, 23 de abril de 2016

FINALMENTE TEMOS UMA MULHER-MULHER,FEMININA,BONITA, DELICADA... CHEGA DESSES BOTINÕES!

Marcela, o feminino e as feministas
Marcela não trabalha! Dedica-se à casa, ao marido e ao filho! No pleno exercício de sua liberdade, escolheu essa vida para viver!
Escândalo!
As mulheres são os seres mais admiráveis da criação, um nadinha assim abaixo dos anjos. Por esse motivo, aliás, chamar mulher de anjo talvez seja a mais comum das metáforas. Paradoxalmente, a reconhecida dificuldade de entendê-las ocupa bom lugar no repertório de encantos femininos. Mulheres são mesmo assim, não por que sejam menos racionais, mas porque não é apenas nas obras ficcionais que o mistério atrai. Não sem razão, Oscar Wilde escreveu que as mulheres não devem ser entendidas, mas amadas. Ponto, Oscar. Não precisa dizer mais nada.
Este breve preâmbulo tem a ver com dona Marcela. Para quem ainda não sabe do novo hit das redes sociais, a jovem senhora é a esposa do vice-presidente Michel Temer. "Bela, recatada e do lar", na expressão usada em matéria publicada no site da Veja, Marcela provocou ondas de indignação que se propagaram com aquela velocidade por vezes difícil de explicar, embora se entenda como funciona: o assunto faz a pauta, que faz o assunto e assim sucessivamente até que a energia se dissipa e tudo cai no esquecimento. Nesta semana, porém, Marcela - bela, recatada e do lar - é assunto. Não porque queira, mas porque as pessoas se interessam pela vida dos famosos. Muita gente ganha dinheiro e notoriedade dedicando-se a escrever e a falar sobre eles. O que turbinou o interesse pela mulher do vice-presidente foi se declarar "do lar". Marcela não trabalha! Dedica-se à casa, ao marido e ao filho! No pleno exercício de sua liberdade, escolheu essa vida para viver!
Escândalo! Bastou a informação para que as feministas se ouriçassem e não apenas fizessem cair sobre ela seu desprezo e seus anátemas, mas os propagassem como vírus na internet para que tal repulsa sirva de exemplo e nenhuma outra criatura se atreva a conferir celebridade a semelhante opção de vida.
Se já é difícil entender as mulheres, mais difícil ainda é entender as feministas. Valha-me Deus, no momento em que me ponho perante esse mistério. Pergunto: não é o feminismo uma espécie de libertarianismo do qual não escapa qualquer dimensão do ser mulher? Não é ela, senhora de si mesma? Seu poder e seus direitos não incidem até mesmo sobre a vida do filho em seu ventre? Não deve ela estar liberada de todas as amarras e opressões?
Sob tais conceitos, dos quais em parte divirjo, não consigo entender como milhares de mulheres e alguns homens alinhados com essas ideias possam pretender impor a Marcela - bela, recatada e do lar - o estilo de vida por eles prescrito para o tipo de mulher que idealizam. Como se essa idealização não fosse (e os textos nas redes sociais mostraram que é) uma forma de opressão e tirania. Marcela acaba de se descobrir "politicamente incorreta"...
Saiba, leitor: se você fizer uma enquete entre quantos palpitam sobre a vida da mulher do vice-presidente descobrirá que "todas e todos" acham que impeachment é golpe.

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