sexta-feira, 6 de maio de 2016

Acompanhado apenas de sua mulher, Cunha assistiu à decisão do STF praticamente calado
Painel - FSP
A queda Eduardo Cunha assistiu praticamente calado à decisão do STF de apeá-lo da Câmara. No espaçoso sofá de quatro lugares da residência oficial, estavam só ele e sua mulher, Claudia Cruz, num contraste com o assédio dos últimos tempos. Cunha, um dos mais poderosos líderes da história do Legislativo, perdeu o reinado 18 dias depois de votar o impeachment de Dilma. No Palácio do Jaburu, o sentimento é dúbio: Temer pode ter se livrado de um peso, mas ficou sem sua locomotiva na Câmara.
Fast track Cunha era a garantia de que o vice conseguiria aprovar, a toque de caixa, propostas como a reforma da Previdência. “Ninguém manuseava a máquina de votos como ele. Dificuldades virão”, admite um fiel escudeiro de Temer.
Quem é? Cunha e Waldir Maranhão foram surpreendidos por oficiais de Justiça quase que simultaneamente, por volta das 6h da manhã. O primeiro deu chá de cadeira no emissário de Teori Zavascki enquanto tentava entender o que se passava.
Ponta solta Um recurso de Dilma para anular o impeachment resta pendente. Em petição de 25 de abril, o advogado-geral José Eduardo Cardozo requer que os autos do processo voltem à Câmara e que seja declarada a nulidade da votação.
Surpresa! Caberá agora ao novo presidente da Casa, que votou contra a deposição da petista, avaliar o pedido. “Com uma canetada, Maranhão pode agora levar o impeachment à estaca zero”, diz um aliado de Cunha.
Aponta o dedo O presidente de uma Câmara municipal da Bahia acusa José Carlos Araújo (PR-BA) de comprar votos na eleição de 2014. Ele apresentou uma gravação em que o chefe do Conselho de Ética da Câmara relata uma negociação de votos com um deputado estadual.
Grampeado “O cara tá querendo 100, mas dá pra gente regular. Regulamos, o cara fez por 75, três de 25. Fizemos o negócio e pagou o cara”, diz Araújo na gravação obtida pela coluna.
Defesa O deputado diz se tratar de retaliação do antigo aliado e que estava, na verdade, negociando valores para uma pessoa que faria sua campanha. “Pagamento pelo serviço, não pelos votos”, afirmou. O deputado estadual citado não foi localizado.
Deixa estar O PP refuta, por ora, expulsar Waldir Maranhão por ter votado contra o impeachment, o que forçaria novas eleições na Câmara. O partido não quer ter de tomar a mesma medida em relação a outros deputados.
Facada no peito Mais do que Maranhão ter sentado na cadeira de Eduardo Cunha, o que irritou mesmo aliados do peemedebista foram líderes das bancadas terem feito reunião com o então interino.

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