quarta-feira, 11 de maio de 2016

Na linha, a presidenta!
Ricardo Noblat - O Globo
"Ô Sílvio, que porra é essa?" - perguntou Dilma, por telefone, ao deputado Sílvio Costa (PT do B-PE), líder do governo na Câmara.
Passava da meia-noite da última segunda-feira. Costa bebia com amigos no restaurante Piantas, em Brasília. Foi quando seu celular tocou e uma voz de mulher disse:
- Aqui é do Alvorada. A presidenta vai falar.
Costa levantou-se, abandonou os amigos e, a certa distância deles, respondeu a Dilma:
- Presidenta, eu não tive culpa. A culpa é do Ciro [Nogueira, senador e presidente do Partido Popular]. Ele deu em cima do Maranhão e disse que ou ele recuava ou perderia o mandato.
Maranhão é Waldir Maranhão, presidente em exercício da Câmara dos Deputados, filiado ao PP de Nogueira, e que na manhã da segunda-feira surpreendera o país com a decisão de anular a aprovação por seus pares do processo de impeachment de Dilma.
Àquela hora, começara a circular a notícia de que Maranhão acabara de assinar um ato revogando sua própria decisão. E o governo, que antes a celebrara, via dissipar-se mais uma chance de atrasar a votação do impeachment no Senado, marcada para hoje.
Costa voltou à companhia dos amigos tão logo a presidente desligou. Acabara de ser vítima de mais um trote aplicado por uma mulher que imita a voz de Dilma à perfeição e que já fez de bobo até ministros de Estado. Aloizio Marcadante, da Educação, foi um deles.
Por que a falsa Dilma ligou para Costa? Porque ele se envolvera diretamente na operação de convencimento de Maranhão para que anulasse a votação do impeachment na Câmara. Costa, melhor do que ninguém, saberia os motivos do recuo de Maranhão.
E por que Costa não estranhou que Dilma lhe telefonasse àquela hora perguntando pelo que acabara de acontecer? Ora, naturalmente porque Dilma deveria estar acompanhando tudo de perto.
Silvio Costa (Foto: Fotos Públicas)Silvio Costa (Foto: Fotos Públicas)

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