quarta-feira, 4 de maio de 2016

Novo golpe de cartão de crédito tem até 'grampo' em vítimas
Danilo Verpa/Folhapress/Cotidiano
Retrato de MARIO MILANELLO que teve seu cartao clonado.
O psicólogo Mário Milanello, 53, foi vítima do golpe e teve prejuízo de R$ 35 mil.
Criminosos ligam para clientes de bancos dizendo que o cartão de crédito deles foi clonado. Munidos de informações verdadeiras da vítima, pedem que ela entregue o dispositivo quebrado ao meio para um motoboy e que digite a senha no telefone.
Além disso, conseguem interceptar a ligação das vítimas para o número da central do banco.
O psicólogo Mário Milanello, 53, estava em casa no final da tarde do dia 14 de abril quando recebeu uma ligação em seu telefone fixo. Do outro lado, a pessoa dizia ser do departamento de segurança dos cartões do banco Itaú.
O atendente perguntou se Milanello havia feito uma compra em uma loja em Mauá (Grande São Paulo), e um saque na função débito. O psicólogo disse que não, e ouviu do atendente que dois cartões seus haviam sido clonados.
Certo de que era alguém do banco -já que possuía suas informações pessoais, além de uma lista de compras que efetivamente havia feito-, o psicólogo deu sequência ao cancelamento. Antes de concluir o procedimento, porém, pediu que a conversa fosse encerrada para que ele próprio ligasse para o banco.
Do mesmo aparelho, ligou para o número da central do banco, que consta no verso do cartão. O atendimento foi idêntico ao que estava acostumado. Em momento algum ele informou as senhas. Um motoboy foi até a casa de Milanello e levou o envelope com os cartões quebrados.
Quatro horas depois, Milanello recebeu nova ligação, agora -de fato- do departamento de segurança dos cartões Itaú. "Aí eu já não acreditava em mais nada", disse. O atendente disse que foram gastos R$ 35 mil em um só dia.
SEM SENHA
A mãe do engenheiro Adolfo Tanaami da Silva, 33, uma senhora de 74 anos, foi vítima desse mesmo golpe em fevereiro. O prejuízo foi de cerca de R$ 15 mil.
"Não houve fornecimento de senha em momento algum. O delegado nos disse que era gente de dentro do banco que passava as informações", afirmou Tanaami.
O engenheiro, que tem conta conjunta com a mãe, disse que a família entrou na Justiça contra o banco, já que a instituição financeira se negou a estornar os gastos dos criminosos.
A advogada C., que prefere não ser identificada, foi vítima desse golpe em abril do ano passado. Cliente do Santander, ela teve um prejuízo de mais de R$ 11 mil.
O advogado Alexandre Berthe, especialista em direito do consumidor, afirma que esse golpe é aplicado, especialmente, em pessoas de faixa de renda alta. Segundo ele, os bancos têm negado o estorno dos valores. A resposta padrão é que a compra foi realizada com uso de senha pessoal, por isso as instituições entendem que não é de sua responsabilidade.
O advogado orienta que, ao descobrir que foi vítima, o cliente deve registrar um boletim de ocorrência. Depois, deve abrir um procedimento no banco para contestar o débito e solicitar informações como horário e local das compras, bem como nome e endereço dos estabelecimentos.
OUTRO LADO
O Itaú Unibanco disse, em nota, que orienta seu clientes a se protegerem contra fraudes, "sempre ressaltando que o envio de motoboys ou ligações solicitando qualquer documento ou dado do cliente não são práticas do banco".
O banco disse ainda que o caso de Mário Milanello está em análise e que responderá diretamente ao cliente.
O Santander afirmou que "utiliza sistemas que identificam comportamentos diferentes dos habituais do cliente, gerando alertas e bloqueios para impedir as fraudes nestas situações". 

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