sexta-feira, 6 de maio de 2016

PGR denuncia governador de Minas por corrupção e lavagem de dinheiro
Além de Fernando Pimentel, presidente da Caoa e empresário foram denunciados
Jailton de Carvalho - O Globo
BRASÍLIA - A Procuradoria-Geral da República denunciou nesta sexta-feira o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), por corrupção e lavagem de dinheiro, e o presidente da Caoa, Carlos Alberto Oliveira de Andrade.Também foram denunciados o empresário Benedito Oliveira, o Bené, amigo do governador, e o presidente da Cemig, Mauro Borges Pelas investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, o presidente da Caoa repassou R$ 2 milhões a Pimentel por intermédio de empresas de Bené.
Os repasses seriam propinas em troca de favores concedidos por Pimentel quando era ministro do Desenvolvimento da Indústria e Comércio. A Caoa é a representante da Huyndai no Brasil. Caberá ao ministro Herman Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), decidir se acolhe a denúncia e transforma o governador e os demais acusados em réus. Benjamin é relator da Operação Acrônimo, base das investigações que deram origem à denúncia. A denúncia e mais quatro inquéritos sobre o assunto tramitam em sigilo.
Pelas investigações, Carlos Alberto repassou R$ 2 milhões para a Bridge e Bro, empresas de Bené. Parte do dinheiro, teria sido destinado à OPR, empresa de Pimentel. Os pagamentos teriam sido feitos a título de consultoria prestada por Bené a Caoa. Mas, para a polícia, as consultorias seriam fajutas. O trabalho de Bené seria abrir as portas do Ministério do Desenvolvimento para a Caoa, no período em que Pimentel era ministro. O empresário teria agilizado a liberação dos pedidos da montadora, embora os benefícios concedidos estivessem dentro das normais legais.
No rastreamento da movimentação financeira, a polícia descobriu que parte do dinheiro serviu para pagar despesas de pelo menos duas viagens de Pimentel e da mulher Carolina de Oliveira. Uma viagem para um resort na Bahia em 2013 e outra para os Estados Unidos, entre 2013 e 2014. Mauro Borges é acusado de manter supostas facilidades para a Caoa depois que Pimentel deixou o ministério para concorrer ao governo de Minas. Borges ocupou a vaga deixada pelo governador. Depois foi chamado para presidir a Cemig.
A Procuradoria-Geral da República rejeitou sugestão da Polícia Federal de enquadrar Pimentel como chefe de organização criminosa. Para o Ministério Público não estão claros, até o momento, os contornos de uma organização, conforme desenho traçado pela polícia. Esta questão deve ser aprofundada em um dos outros inquéritos em andamento. As investigações da Operação Acrônimo começaram logo depois do segundo turno das eleições de 2014, quando Pimentel foi eleito governador.
A partir de um telefonema anônimo, policiais federais em Brasília apreenderam mais de R$ 100 mil em poder de Bené e um grupo de amigos que retornavam da campanha de Pimentel. O grupo não soube explicar a origem do dinheiro. A polícia abriu, então, um inquérito para desvendar o caso. Depois de uma série de buscas, autorizadas pela Justiça, a polícia descobriu indícios de transações financeiras entre Bené e o governador. O empresário atuou na campanha de Pimentel.

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